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Piscinão de 900 mil m³: Quanto a obra de Jaboticabal pode realmente reduzir enchentes em São Paulo  

Escrito por Roberta Souza
Publicado em 12/09/2025 às 19:55
Chuva; Jaboticabal; Enchente; Obra.
Fonte: Governo do Estado de São Paulo/ Semil.com
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O que está em jogo: 900.000 m³, 49 horas e 6 bombas 

O piscinão Jaboticabal nasce para segurar picos de chuva numa das áreas mais críticas da Grande São Paulo: a confluência do córrego Jaboticabal com os ribeirões dos Meninos e dos Couros, junto à Rodovia Anchieta, entre a capital e São Caetano.

A proposta é objetiva: armazenar 900.000 m³ (o equivalente a 360 piscinas olímpicas) e devolver a água com controle, suavizando as cheias.

O recalque pós-chuva será feito por seis conjuntos motobomba, cada um com 850 L/segundo, somando 5,1 m³/s. Nessa vazão nominal, esvaziar 900.000 m³ levaria 49 horas, cerca de dois dias, respeitando a capacidade do corpo hídrico receptor. 

2) Onde e como: obra aberta, canalização e profundidade 

Não é um túnel oculto. É um reservatório a céu aberto, com profundidade característica de ~13 m, taludes em patamares e dispositivos de entrada/saída com dissipação de energia e retenção de sólidos. O pacote inclui cerca de 700 m de canalização do Jaboticabal para conduzir rapidamente os fluxos até zonas de baixa velocidade, onde sólidos decantam antes de alcançar as bombas. Em paralelo às frentes civis, a obra opera com drenagem de canteiro, manejo de águas de escavação e destinação licenciada de resíduos, pontos decisivos para não trocar enchente por assoreamento. 

Escala no contexto: o volume supera referências da RMSP, como o Pacaembu (75.000 m³) e unidades do Aricanduva. Em São Bernardo, por exemplo, o Paço tem capacidade de 220.000 m³. Em comparação internacional, lembra soluções de grande porte (como o SMART Tunnel de Kuala Lumpur), guardadas as diferenças de função e custo. 

Prazo, custo e governança: quem paga, quando entrega, quem cuida 

O investimento estimado é de R$ 573 milhões (incluindo desapropriações). Os últimos informes de avanço indicaram 75% em junho de 2025, com previsão de conclusão em dezembro de 2025. Esse cronograma importa por um motivo simples: cada estação chuvosa perdida sem o sistema plenamente operando é mais um teste de estresse para bairros historicamente atingidos. 

Governança é o calcanhar de Aquiles: rotinas de limpeza de grades, remoção de lodo, inspeção de revestimentos e telemetria integrada a centros de controle precisam estar contratadas e orçadas. Sem isso, macrodrenagem vira promessa de curto prazo. O projeto atenua picos; não elimina cheias isoladamente. Depende da microdrenagem de cada bairro, da conservação de galerias e do manejo de resíduos sólidos que chegam com a enxurrada. 

Impacto esperado: quem ganha e o que ainda pode falhar 

Segundo estimativas divulgadas, cerca de 100.000 pessoas poderão ser beneficiadas direta ou indiretamente no eixo Sacomã–Heliópolis–Ipiranga–Centro de São Caetano. Ganhos? Menos extravasamentos, melhor fluidez viária em dias de chuva e maior previsibilidade para empresas, ônibus e trabalhadores. Efeito colateral positivo: a obra cria um marco urbano que tende a valorizar o entorno e puxar investimentos complementares (iluminação, vias internas, acessos de manutenção). 

Riscos? Chuva extrema fora do cenário de projeto; descarga mal modulada; manutenção aquém do necessário; e a velha tentação de “concluir e esquecer”. Em outras palavras: o piscinão Jaboticabal compra tempo e tempo precisa ser bem usado pela prefeitura, pelo Estado e pela sociedade. 

O que você precisa guardar 

  • Capacidade: 900.000 m³ (360 piscinas olímpicas). 
  • Bombas: 6 unidades de 850 L/s (total 5,1 m³/s). 
  • Esvaziamento: ~49 horas em vazão nominal. 
  • Custo: R$ 573 milhões. 
  • Prazo: 75% em junho/2025; entrega prevista para dezembro/2025. 
  • Escopo: reservatório a céu aberto, ~13 m de profundidade e ~700 m de canalização. 

É uma infraestrutura necessária, com potencial de reduzir danos recorrentes, se vier acompanhada de manutenção contínua, integração com microdrenagem e operação por telemetria. Sem isso, vira um gigante caro subutilizado. 

E você, acha que a cidade está preparada para manter o sistema no dia a dia ou corremos o risco de ver o piscinão virar mais uma obra que funciona só no papel? 

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Roberta Souza

Autora no portal Click Petróleo e Gás desde 2019, responsável pela publicação de mais de 8.000 matérias que somam milhões de acessos, unindo técnica, clareza e engajamento para informar e conectar leitores. Engenheira de Petróleo e pós-graduada em Comissionamento de Unidades Industriais, também trago experiência prática e vivência no setor do agronegócio, o que amplia minha visão e versatilidade na produção de conteúdo especializado. Desenvolvo pautas, divulgo oportunidades de emprego e crio materiais publicitários direcionados para o público do setor. Para sugestões de pauta, divulgação de vagas ou propostas de publicidade, entre em contato pelo e-mail: santizatagpc@gmail.com. Não recebemos currículos

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