O tarifaço imposto pelos Estados Unidos provocou forte retração nas exportações da piscicultura no Brasil, agravada pela entrada de filés de tilápia vietnamitas com preços abaixo do mercado nacional
A piscicultura no Brasil atravessa um dos períodos mais desafiadores da última década, segundo uma matéria publicada.
No terceiro trimestre de 2025, o setor sofreu uma expressiva queda de 28% na receita de exportações, reflexo direto do tarifaço imposto pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros.
Além disso, a entrada de filé de tilápia importado do Vietnã a preços muito inferiores ao nacional acendeu um alerta para toda a cadeia produtiva.
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Os dados foram divulgados no mais recente Informativo de Comércio Exterior da Piscicultura, elaborado pela Embrapa Pesca e Aquicultura, em parceria com a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR).
Entre julho e setembro, o país exportou cerca de 3.000 toneladas de produtos aquícolas, somando US$ 13,3 milhões em receita.
O desempenho mensal mostra a gravidade do cenário: 1.390 toneladas em julho, pouco mais de 800 em agosto e menos de 780 em setembro, com receitas de US$ 5,7 milhões, US$ 3,9 milhões e US$ 3,7 milhões, respectivamente.
Esses números revelam o impacto direto das novas tarifas, que passaram de 10% para 50%, tornando o produto brasileiro menos competitivo no mercado norte-americano.
Tarifaço dos EUA e impacto nas exportações da tilápia brasileira
O principal destino da piscicultura no Brasil, os Estados Unidos, registrou retração ainda mais intensa.
As vendas de tilápia, que representam 99% das exportações brasileiras de pescado ao país, caíram 32% no terceiro trimestre de 2025 em comparação com o mesmo período de 2024.
A receita despencou de US$ 16,2 milhões no primeiro trimestre para US$ 15,5 milhões no segundo e US$ 11,5 milhões no terceiro.
De acordo com o pesquisador Manoel Pedroza, da Embrapa, algumas empresas conseguiram manter parte das vendas por meio de negociações específicas com importadores norte-americanos.
No entanto, essas soluções são temporárias e dificilmente se sustentam no longo prazo. Caso as tarifas sejam mantidas, especialistas do setor alertam para a possibilidade de novas reduções nas exportações no último trimestre do ano.
Esse cenário coloca em xeque a capacidade de reação da indústria brasileira, que vinha em trajetória de expansão até meados de 2024.
O tarifaço de Donald Trump, ao elevar a alíquota para 50%, praticamente dobrou o custo de entrada do produto brasileiro no mercado dos EUA, comprometendo a rentabilidade das operações.
Importação de filé de tilápia do Vietnã preocupa produtores brasileiros
Outro ponto de atenção para a piscicultura no Brasil é a entrada crescente de filé de tilápia vietnamita, que começa a ocupar espaço no mercado interno.
Entre julho e setembro, o Brasil importou 48 toneladas do produto, movimentando US$ 195 mil.
O preço FOB de parte dessas importações foi de R$ 16,70 por quilo, praticamente metade do valor praticado pelo filé brasileiro, que gira em torno de R$ 31,00 no atacado.
Segundo Pedroza, essa diferença representa um risco real para a sustentabilidade da cadeia nacional da tilápia.
O produto estrangeiro, mais barato, pode deslocar a produção interna e pressionar os preços pagos aos produtores brasileiros.
Embora o volume importado ainda seja pequeno, a tendência preocupa associações do setor, especialmente diante da retração nas exportações.
A situação exige vigilância e ações coordenadas entre governo e entidades representativas, para evitar que o avanço das importações cause desequilíbrios permanentes no mercado interno, já fragilizado pelo cenário externo adverso.
Perspectivas e busca por novos mercados para a piscicultura no Brasil
Em meio ao cenário de queda nas exportações, empresas e entidades ligadas à piscicultura no Brasil buscam alternativas para mitigar os efeitos do tarifaço.
Uma das estratégias é a abertura de novos mercados internacionais, embora essa tarefa demande tempo e negociações diplomáticas complexas.
A Europa, por exemplo, permanece com barreiras sanitárias que restringem a entrada de pescado brasileiro.
Assim, mercados emergentes na Ásia e na América Latina aparecem como possibilidades, mas com limitações quanto ao volume absorvido.
Enquanto isso, o setor se mobiliza internamente para fortalecer a competitividade, reduzir custos e investir em tecnologia de cultivo e processamento.
Mesmo com os desafios, há um consenso entre especialistas de que o potencial da piscicultura no Brasil permanece elevado.
O Brasil possui recursos hídricos abundantes e tecnologia de ponta, mas precisa superar entraves tarifários e comerciais para retomar o crescimento sustentável das exportações.

 
                         
                        
                                                     
                         
                         
                         
                        

 
                     
         
         
         
         
         
         
         
         
         
        
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