Tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos à carne bovina do Brasil dispara valores nos açougues americanos e afeta cadeia global de exportações do setor
O preço da carne bovina atingiu a máxima histórica nos Estados Unidos em julho, impulsionado pelas tarifas de 50% impostas pelo presidente Donald Trump sobre produtos brasileiros. A medida afetou diretamente as importações de picanha, elevando o valor do corte para até US$ 11,88 por libra, o equivalente a R$ 143 por quilo.
Segundo dados do Departamento de Estatísticas de Trabalho dos EUA, o índice de carne bovina e vitela subiu 2,5% em julho, acumulando uma alta de 11,3% nos últimos 12 meses. O Brasil, que responde por 27% das importações totais de carne bovina dos Estados Unidos, teve seu produto impactado diretamente pela taxação, que não incluiu exceções para a proteína bovina.
O aumento de preços já é sentido por consumidores norte-americanos e por brasileiros que vivem no país, que relataram valores recordes em supermercados e açougues. A elevação se deve, principalmente, à dependência do mercado americano de cortes brasileiros utilizados na produção de hambúrgueres e carnes nobres, como a picanha.
-
Cidade no Paraná vai receber R$ 546,4 milhões em fábrica de motores e uma linha inédita de fundição que pode mudar o jogo até 2028
-
Entrave deixa mais de 1,5 mil contêineres de café encalhados em portos e tiram R$ 1,084 bilhão do Brasil em julho
-
Herança em 2025: filhos, netos e cônjuges precisam declarar imóveis acima de R$ 200 mil no Imposto de Renda ou correm risco de multa pesada
-
Aposentadoria especial do INSS 2025: descubra quais profissões garantem benefício integral aos 25 anos de contribuição e como pedir revisão sem advogado
Mudança na rota de exportação e impacto regional
Conforme divulgado recentemente aqui no portal CPG, a decisão dos EUA já está reorganizando as rotas de exportação da carne brasileira. Parte dos embarques que perderam o mercado norte-americano passou a ser redirecionada para Uruguai e Argentina, o que evita o excesso de oferta interna e sustenta os preços pagos ao produtor no Brasil.
Segundo o professor Júlio Barcellos, da UFRGS, a tendência é que cortes mais econômicos produzidos no Centro-Oeste brasileiro encontrem novo destino nos países vizinhos. Essa mudança favorece a manutenção dos fluxos de exportação e reduz o risco de saturação no mercado interno.
Ao mesmo tempo, a Argentina amplia seus embarques para os Estados Unidos, ocupando o espaço deixado pelo Brasil. O país retirou barreiras que limitavam suas exportações e agora se beneficia dos altos preços praticados no mercado internacional, mesmo importando carne mais barata do Brasil para atender à demanda interna.
Consequências para o mercado brasileiro e sul-americano
Especialistas avaliam que essa reconfiguração pode consolidar, ao menos no curto prazo, um novo desenho comercial para a carne bovina na América do Sul. O Brasil tende a reforçar seu papel como fornecedor para mercados regionais, enquanto os frigoríficos argentinos se voltam ao mercado premium dos EUA.
No caso do Rio Grande do Sul, os efeitos do tarifaço são indiretos, já que o estado não tem os Estados Unidos como principal destino de sua carne. No entanto, o fluxo de carne entre estados é constante, e as mudanças nos volumes nacionais afetam toda a cadeia produtiva.
A informação foi divulgada originalmente pela Veja, com base em dados oficiais do governo americano. Já as análises sobre o redirecionamento da carne brasileira foram publicadas pelo Correio do Povo, com destaque para as projeções de impacto regional.