Maior usina de hidrogênio verde do mundo está sendo construída no Piauí, tornando o estado referência em energia limpa.
O estado do Piauí deu início à construção da maior usina de hidrogênio verde do planeta, um marco que coloca o Brasil no centro da revolução das energias renováveis.
Com investimento inicial estimado em R$ 27 bilhões, o projeto da multinacional espanhola Solatio Energia Livre será instalado na Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Parnaíba, no litoral piauiense, e promete transformar a economia regional ao gerar mais de 2 mil empregos diretos já na primeira fase.
A expectativa é que a usina produza anualmente 400 mil toneladas de hidrogênio verde e 2,2 milhões de toneladas de amônia verde, suprindo a demanda crescente de mercados internacionais, especialmente da Europa.
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Um investimento histórico para o Piauí e o Brasil
A construção da maior usina de hidrogênio verde do mundo no Piauí representa um investimento equivalente a cerca de um terço do Produto Interno Bruto (PIB) do estado, que gira em torno de R$ 72,8 bilhões.
A obra iniciada com a supressão vegetal e limpeza de 154 hectares na ZPE Parnaíba é o primeiro passo para a criação de uma infraestrutura energética inédita em escala industrial, uma vez que, atualmente, outras unidades de produção de hidrogênio verde operam apenas em pequena escala.
A expectativa é que o complexo comece a funcionar em meados de 2029, atingindo capacidade plena apenas em 2031.
Potencial natural e estratégico para a produção do hidrogênio verde
A escolha do Piauí para sediar essa usina não foi aleatória. O estado possui dois recursos essenciais para a produção de hidrogênio verde: água abundante no subsolo e energia renovável limpa produzida localmente, principalmente por fontes eólica e solar.
Além disso, a região conta com infraestrutura portuária estratégica para exportação, o que facilita o escoamento do combustível limpo para os mercados consumidores internacionais.
O governador Rafael Fonteles destaca o compromisso do governo estadual com a transição energética, colocando o tema como prioridade para fomentar desenvolvimento sustentável e geração de empregos.
Geração de empregos e impacto econômico local
O impacto econômico da construção e operação da maior usina de hidrogênio verde do mundo será sentido imediatamente na região.
A primeira etapa da obra prevê a criação de 2,3 mil empregos diretos até 2031, incluindo vagas para engenheiros, técnicos e especialistas, o que impulsionará o mercado de trabalho em Parnaíba e cidades vizinhas.
Além da geração de empregos, a produção em larga escala deve atrair indústrias associadas, como fábricas de fertilizantes, siderurgia verde e manutenção de equipamentos industriais.
A revolução do hidrogênio verde na indústria de fertilizantes e siderurgia
Segundo Ricardo Castelo, vice-presidente da Agência de Atração de Investimentos Estratégicos do Piauí (Investe Piauí), o hidrogênio verde produzido na usina da Solatio será um divisor de águas para a indústria de fertilizantes no Brasil, que atualmente importa 95% dos seus insumos.
A amônia verde produzida no Piauí deverá abastecer esse setor estratégico, promovendo uma cadeia produtiva nacional e sustentável.
Além disso, o hidrogênio verde poderá ser usado na fabricação do aço verde, um produto altamente valorizado no mercado europeu, aproveitando a produção local de minério de ferro na região de Piripiri.
Para produzir hidrogênio verde em escala industrial, a usina consumirá cerca de 3 gigawatts (GW) de energia, um valor três vezes superior ao consumo total atual do Piauí, que é de aproximadamente 1 GW.
Isso significa que o projeto não só utilizará a energia limpa gerada no estado, mas também contribuirá para aumentar a arrecadação tributária local, já que os impostos relacionados ao consumo de energia ficarão no território piauiense.
Atualmente, o Piauí é um grande exportador de energia renovável para o sistema nacional, porém a maior parte dos impostos sobre energia acaba sendo recolhida em estados consumidores.
Compromisso ambiental e sustentabilidade
A Solatio Energia Livre segue um rigoroso protocolo ambiental durante todas as fases da construção. A supressão vegetal é acompanhada por uma equipe multidisciplinar de engenheiros, biólogos, agrônomos e veterinários, que monitoram e protegem a fauna e flora locais.
Entre as medidas adotadas estão o uso de sons para afastar animais, interrupção das obras em caso de ninhos ativos e o resgate de espécies ameaçadas, como aroeira e amburana.
A empresa também promove a recomposição da vegetação por meio da criação de viveiros para remanejamento adequado das mudas, garantindo a preservação ambiental em toda a área.
Hidrogênio verde: tecnologia e futuro da energia limpa
O hidrogênio verde é produzido pela eletrólise da água, um processo que utiliza energia elétrica proveniente de fontes renováveis para separar a molécula de água em hidrogênio e oxigênio, sem emitir gases de efeito estufa.
Apesar de seu alto custo e desafios de infraestrutura, o hidrogênio verde desponta como uma das principais alternativas aos combustíveis fósseis, sobretudo para países que buscam reduzir a emissão de carbono em seus setores industriais e de transporte.
A importância do Piauí no cenário nacional e internacional da energia limpa foi reforçada recentemente pela realização da Brazil Energy Conference 2025, sediada em Teresina.
O evento reuniu especialistas, autoridades e empresários para discutir o futuro da transição energética no Brasil e culminou com a assinatura da carta Brazil Energy, documento que será apresentado na COP30, compromisso que reforça a posição do estado como protagonista da economia verde.