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Petróleo volta a cair e atinge menor valor desde maio: excesso de oferta, tensões comerciais e trégua no Oriente Médio redefinem cenário global da commodity

Escrito por Rannyson Moura
Publicado em 17/10/2025 às 19:01
Os preços do petróleo recuam ao menor patamar desde maio, pressionados pela oferta elevada, avanços diplomáticos em zonas de conflito e incertezas no comércio entre EUA e China. Entenda o que está por trás da nova queda da commodity. Fonte: IA
Os preços do petróleo recuam ao menor patamar desde maio, pressionados pela oferta elevada, avanços diplomáticos em zonas de conflito e incertezas no comércio entre EUA e China. Entenda o que está por trás da nova queda da commodity. Fonte: IA
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Os preços do petróleo recuam ao menor patamar desde maio, pressionados pela oferta elevada, avanços diplomáticos em zonas de conflito e incertezas no comércio entre EUA e China. Entenda o que está por trás da nova queda da commodity.

O mercado internacional de petróleo atravessa uma nova fase de volatilidade e queda nos preços. Após semanas de desvalorização, o valor do barril chegou ao menor patamar em meses, reacendendo alertas entre investidores e analistas sobre o futuro da commodity.

Nesta sexta-feira (17), o barril de Brent, referência global negociada em Londres, caiu 0,13%, cotado a US$ 60,98 para entrega em dezembro. Já o West Texas Intermediate (WTI), principal referência do mercado americano, recuou 0,19%, atingindo US$ 57,35 por barril, com vencimento em novembro.

Embora o movimento diário tenha sido discreto, a queda acumulada revela um panorama mais preocupante. O Brent não registrava valores tão baixos desde maio deste ano, enquanto o WTI não alcançava essa faixa desde 2021. A perda de valor reflete uma combinação de fatores econômicos e geopolíticos, que vão desde a superoferta até as recentes negociações de paz em regiões produtoras.

Excesso de oferta global impulsiona a desvalorização

Um dos principais motivos para a retração da cotação do petróleo é o desequilíbrio entre oferta e demanda. Quando há mais petróleo disponível no mercado do que compradores dispostos, os preços naturalmente cedem.

O mercado internacional reagiu às projeções da Agência Internacional de Energia (AIE), que indicam um aumento expressivo na produção mundial. A entidade revisou para cima as expectativas de crescimento da oferta, ao mesmo tempo em que reduziu a previsão de aumento da demanda para este ano e para 2025.

De acordo com a AIE, o planeta poderá registrar um acréscimo de 2,2 milhões de barris por dia em 2025, alcançando quase 4 milhões adicionais em 2026. Esse cenário reforça o temor de que o setor enfrente uma superabundância de petróleo, algo que tende a manter os preços sob pressão.

“O mercado adere à hipótese da Agência Internacional de Energia de uma superabundância da oferta”, explicou Phil Flynn, do Price Futures Group, à AFP.
Analistas do DNB também reforçaram essa perspectiva durante a conferência Energy Intelligence, em Londres: “Um excedente de petróleo, esperado há tempos, começa finalmente a surgir e deveria pesar nos preços.”

Trégua em regiões produtoras reduz riscos e derruba preços

Além da questão da oferta, os avanços diplomáticos em zonas de conflito também têm contribuído para a queda do petróleo. Nos últimos meses, as guerras envolvendo Rússia e Ucrânia, além dos confrontos entre Israel e Hamas, vinham sustentando os preços por conta dos riscos de interrupções no abastecimento.

Contudo, com a redução das tensões geopolíticas, esse efeito começou a se dissipar. Recentemente, os sinais de paz ganharam força, especialmente após o anúncio de um encontro entre Donald Trump e Vladimir Putin, previsto para ocorrer na Hungria. O presidente dos Estados Unidos declarou que houve “grandes progressos”, enquanto o Kremlin classificou o diálogo como “extremamente franco e repleto de confiança”.

Embora ainda não haja data confirmada, o simples anúncio da reunião foi suficiente para influenciar o mercado. Trump tem pressionado aliados a interromper a compra de petróleo russo, o que, paradoxalmente, pode abrir espaço para uma retomada gradual da produção russa — algo que tende a ampliar a oferta e derrubar os preços.

No Oriente Médio, a assinatura de um cessar-fogo entre Israel e Hamas, no último dia 9 de outubro, também teve impacto direto nas cotações. Sob pressão dos Estados Unidos, o acordo incluiu a libertação de reféns e abriu caminho para a redução das hostilidades.

Segundo o economista Claudio Galimberti, da Rystad Energy, “se a paz for estável e confiável, seu impacto (na redução) dos preços será mais estrutural e profundo”.

Ainda que Israel não seja um grande produtor de petróleo, a região desempenha papel estratégico nas rotas de transporte da commodity. Qualquer instabilidade poderia comprometer o fluxo pelo Mar Vermelho e pelo Canal de Suez, corredores fundamentais para o escoamento de barris rumo à Europa e à Ásia.

Com o cessar-fogo, a expectativa agora é de que grupos rebeldes no Iêmen — como os huthis — suspendam ataques a navios ocidentais, permitindo a normalização do tráfego marítimo. Isso reduziria riscos logísticos e contribuiria ainda mais para a descompressão dos preços internacionais do petróleo.

Conflito comercial entre EUA e China aumenta a incerteza

Além da oferta elevada e da redução dos riscos geopolíticos, a tensão comercial entre Estados Unidos e China também tem pesado sobre o desempenho do petróleo nos mercados futuros.

O presidente americano Donald Trump afirmou recentemente que a tarifa de 100% sobre produtos chineses é insustentável a longo prazo, mas justificou a medida como resposta à postura de Pequim. Segundo ele, é necessária uma renegociação “justa” para restabelecer o equilíbrio no comércio internacional.

A China respondeu com restrições à exportação de elementos de terras raras, considerados estratégicos para a indústria tecnológica. A medida foi classificada por Trump como “surpreendente” e “muito hostil”.

De acordo com John Evans, da PVM, “qualquer redução do comércio internacional só pode ser desfavorável ao petróleo”. Isso porque o crescimento do comércio global está diretamente ligado à demanda por combustíveis e energia.

Mark Waggoner, analista da Excel Futures, acrescenta que o retorno da incerteza entre as duas potências tende a pressionar os preços nas próximas semanas. Segundo ele, o aumento pontual em algumas sessões recentes se deveu apenas a uma “recuperação técnica após dias muito ruins”.

Perspectivas para o mercado e impacto na produção americana

Se o barril do WTI continuar cotado abaixo dos US$ 60, especialistas preveem desaceleração da produção americana, principalmente no setor de petróleo de xisto. Nessa faixa de preço, muitas companhias perdem a rentabilidade necessária para manter a perfuração de novos poços.

Esse fator pode provocar ajustes no médio prazo, mas, por enquanto, o excesso de oferta global e as incertezas econômicas seguem como forças dominantes no mercado.

Com previsões divergentes e um cenário ainda instável, o preço do petróleo permanece como um dos indicadores mais sensíveis do panorama econômico mundial — refletindo, ao mesmo tempo, a dinâmica da produção, a geopolítica e as disputas comerciais que moldam o século XXI.

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Rannyson Moura

Graduado em Publicidade e Propaganda pela UERN; mestre em Comunicação Social pela UFMG e doutorando em Estudos de Linguagens pelo CEFET-MG. Atua como redator freelancer desde 2019, com textos publicados em sites como Baixaki, MinhaSérie e Letras.mus.br. Academicamente, tem trabalhos publicados em livros e apresentados em eventos da área. Entre os temas de pesquisa, destaca-se o interesse pelo mercado editorial a partir de um olhar que considera diferentes marcadores sociais.

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