Petroleiros realizam protesto na Replan e unidades da PBio, cobrando da Petrobras o fim da terceirização e reforçando a mobilização nacional em defesa de direitos trabalhistas
Em uma mobilização nacional por direitos, manutenção do controle estatal e defesa da Petrobras, petroleiros realizaram um protesto marcante na Refinaria de Paulínia (Replan) e em unidades da Petrobras Biocombustível (PBio) nesta quinta-feira (2), segundo publicado pela Sindipetro.
Organizado pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) e pelo Sindipetro Unificado, o ato integra uma série de manifestações que celebram os 72 anos da estatal e denunciam os riscos da terceirização total nas subsidiárias.
Protesto na Replan marca resistência contra privatização da Pbio
A manifestação na Replan, maior refinaria da Petrobras, ocorreu na manhã de quinta-feira (2), reunindo dezenas de trabalhadores em um ato simbólico e estratégico. O local foi escolhido por sua relevância operacional e histórica, sendo um dos principais polos de refino do país.
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O protesto faz parte de uma agenda que começou no dia 30 de setembro, em São Caetano do Sul, e percorreu unidades em Capuava, Barueri, Montes Claros (MG), Candeias (BA), São José dos Campos (SP), Araucária (PR) e Canoas (RS). A mobilização tem como objetivo denunciar o avanço da terceirização e defender o papel estratégico da Petrobras e da PBio na matriz energética nacional.
“Mobilizar vale a pena!”, declarou Pedro Augusto, diretor do Sindipetro, ao destacar conquistas recentes como a isenção do Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil e a taxação dos super-ricos.
PBio e Petrobras: subsidiária estratégica ameaçada pela terceirização
Durante o protesto, o futuro da PBio foi um dos temas centrais. Uiran Kopcak, responsável pela área de Responsabilidade Social da Replan, ressaltou que a PBio desempenha um papel estratégico essencial para a empresa, tanto no presente quanto para os desafios futuros.
Ele destacou o papel da subsidiária na produção de combustíveis renováveis, como biodiesel e querosene a partir do álcool, essenciais para a transição energética brasileira.
Segundo Kopcak, o Brasil possui um diferencial competitivo em relação à Europa, onde a eletrificação ainda depende de fontes fósseis. O uso de etanol e biocombustíveis representa uma alternativa ambientalmente mais sustentável e estratégica para o país.
A PBio, criada em 2008, é responsável por fomentar o mercado de biocombustíveis e ampliar a atuação da Petrobras em fontes renováveis. No entanto, a proposta de terceirização total ameaça sua estrutura e compromete sua missão.
Terceirização na PBio: modelo de negócio gera insegurança
Juliano Deptula, diretor do Sindipetro Unificado, alertou para os perigos do modelo de negócio apresentado por um diretor da PBio em transmissão ao vivo. A proposta prevê “cessão de mão de obra e terceirização total, inclusive da atividade-fim”, o que remete ao caso da ANSA, subsidiária da Petrobras que resultou em demissões em massa em 2020.
Maju Wegher, trabalhadora da TBG e diretora do Sindipetro, ressalta que a cada troca de governo, é enfrentada a incerteza sobre a continuidade dos nossos empregos. A instabilidade nas subsidiárias reforça a necessidade de controle estatal e valorização dos trabalhadores próprios.
Segundo os protestantes, a terceirização irrestrita compromete a qualidade dos serviços, precariza as relações de trabalho e enfraquece a soberania energética nacional. Os petroleiros defendem que a PBio seja fortalecida como braço renovável da Petrobras, com investimentos públicos e gestão direta.
Acordo Coletivo de Trabalho: petroleiros exigem respeito aos direitos
Além da pauta da PBio, o protesto abordou a negociação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT). Rodrigo Araújo criticou a política de austeridade da atual gestão, afirmando que a mesma se recusa a investir nos trabalhadores próprios, enquanto sustenta contratos com terceirizadas que atrasam pagamentos e reduzem benefícios.
A aposentada Eliane Frozel, com 36 anos de Petrobras, pediu solidariedade da categoria ativa, lembrando que desde 2019 os aposentados perderam cerca de 45% da renda devido aos equacionamentos da Petros.
Deptula também mencionou os desgastes nas negociações de PLR e ACT, acusando a empresa de enganar a categoria na mesa de negociação. Os petroleiros exigem valorização, respeito aos direitos conquistados e transparência nas negociações.
Petrobras e PBio: patrimônio nacional em risco
A defesa da Petrobras e da PBio vai além das reivindicações trabalhistas. Trata-se de preservar empresas estratégicas para o desenvolvimento nacional, a segurança energética e a transição para fontes renováveis.
A Petrobras, fundada em 1953, é responsável por grande parte da produção de petróleo no Brasil e possui um papel central na economia. Já a PBio representa o futuro da matriz energética, com foco em sustentabilidade e inovação.
Celebração dos 72 anos da Petrobras com mobilização
Ao final do ato na Replan, os trabalhadores cantaram parabéns à Petrobras, que completou 72 anos em 3 de outubro. Em clima de celebração e resistência, foi servido um bolo para marcar a data.
Eliane Frozel, reforçou que a Petrobras reconhece quando os trabalhadores estão unidos e mobilizados, destacando o orgulho pela história da empresa e a disposição de defendê-la contra privatizações e retrocessos.
A mobilização também incluiu atividades voltadas à saúde e segurança, como o debate na Fundacentro em São Paulo, a visita do Padre Júlio Lancellotti ao Sindipetro Unificado no dia 17 de outubro e o seminário sobre benzeno em Campinas, no dia 28.
Mobilização dos petroleiros fortalece luta por soberania e direitos
O protesto dos petroleiros na Replan e nas unidades da PBio representa um movimento estratégico em defesa da Petrobras, contra a terceirização e pela valorização dos trabalhadores. A série de manifestações reforça a importância da estatal na soberania energética nacional e na transição para fontes renováveis.
Defender a Petrobras é defender o Brasil soberano. A mobilização mostra que a categoria está disposta a resistir contra qualquer tentativa de desmonte, reafirmando o papel da estatal como patrimônio do povo brasileiro.
A luta dos petroleiros é também uma luta por justiça social, por empregos dignos e por um modelo energético sustentável. A PBio, como subsidiária da Petrobras, deve ser fortalecida e não desmontada. O controle estatal é essencial para garantir que os interesses da população estejam acima dos interesses do mercado.