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Petrobras inicia testes na Revap para integrar combustível sustentável à aviação brasileira. A produção de SAF marca um avanço estratégico rumo à inovação energética e à aviação sustentável no país
Nesta quarta-feira (10), o anúncio da Petrobras sobre os testes de produção de SAF (Sustainable Aviation Fuel) com conteúdo renovável na Refinaria Henrique Lage (Revap), localizada em São José dos Campos (SP), representa um avanço estratégico para o setor energético e para a aviação sustentável no Brasil.
A produção de SAF com até 1,2% de conteúdo renovável foi realizada por meio do coprocessamento de óleo vegetal com correntes tradicionais de petróleo, resultando em um combustível sustentável compatível com o querosene de aviação (QAV) utilizado atualmente.
A iniciativa marca o início de uma nova fase na transição energética nacional, com foco na redução das emissões de carbono e no cumprimento das metas ambientais globais.
Produção de SAF na Revap: inovação com infraestrutura existente
A Refinaria Henrique Lage (Revap) foi o centro dos testes realizados pela Petrobras para a produção de SAF com conteúdo renovável. O processo envolveu a mistura de óleo vegetal com fluxos convencionais de petróleo, utilizando a infraestrutura já existente na unidade. O resultado foi um combustível com até 1,2% de teor renovável, capaz de substituir o QAV sem necessidade de adaptações nas aeronaves ou nos sistemas de abastecimento.
Segundo Alexandre Coelho Cavalcanti, gerente geral da Revap, essa estratégia representa uma alternativa de baixo custo para produzir combustíveis com conteúdo renovável, aproveitando a infraestrutura já instalada nas refinarias. Essa estratégia permite à Petrobras acelerar a produção de SAF em escala industrial, reduzindo custos e otimizando recursos.
A escolha da Revap para os testes não foi aleatória. A refinaria possui capacidade técnica e operacional para realizar o coprocessamento com segurança e eficiência, além de estar estrategicamente localizada em uma região com forte demanda por combustível de aviação.
Objetivo da Petrobras: aviação sustentável e metas regulatórias
A produção de SAF pela Petrobras está diretamente alinhada com a Lei do Combustível do Futuro, sancionada em 2024, que estabelece metas obrigatórias para o uso de combustíveis sustentáveis na aviação a partir de 2027. Além disso, o programa CORSIA (Carbon Offsetting and Reduction Scheme for International Aviation), da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), exigirá que companhias aéreas reduzam ou compensem suas emissões de CO₂ em voos internacionais.
Essas regulamentações tornam urgente o desenvolvimento de soluções como o SAF, que podem ser integradas ao sistema atual sem grandes mudanças logísticas. A Petrobras, ao antecipar-se às exigências legais, posiciona-se como protagonista na transição para uma aviação sustentável, oferecendo alternativas viáveis e compatíveis com a infraestrutura existente.
A aviação responde por cerca de 2% das emissões globais de CO₂, segundo dados da OACI. O uso de SAF pode reduzir essas emissões de 55 a 90% ao longo do ciclo de vida do combustível, dependendo da matéria-prima e do processo utilizado.
Combustível sustentável: benefícios ambientais e econômicos
O SAF é considerado um combustível sustentável por sua capacidade de reduzir significativamente as emissões de gases de efeito estufa. No caso da Petrobras, o uso de óleo vegetal como insumo renovável representa uma alternativa de baixo impacto ambiental e alta eficiência energética.
Além dos benefícios ambientais, a produção de SAF contribui para a diversificação da matriz energética brasileira, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis e promovendo a economia circular. A produção nacional fortalece a segurança energética e pode gerar empregos em cadeias produtivas relacionadas ao agronegócio, à indústria de biocombustíveis e à logística.
Com a adoção do SAF o Brasil tem potencial para se destacar internacionalmente na produção do combustível, considerando sua experiência com biocombustíveis.
Expansão da produção de SAF pela Petrobras
A iniciativa da Revap é parte de um plano mais amplo da Petrobras para expandir a produção de SAF em outras unidades. A Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro, também recebeu autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para incorporar até 1,2% de matéria-prima renovável na produção de combustível de aviação.
A expectativa é que a produção comercial de SAF na Reduc comece nos próximos meses, ampliando a oferta nacional e fortalecendo a cadeia de suprimentos. A Petrobras pretende utilizar o coprocessamento como solução de curto prazo, enquanto desenvolve tecnologias mais avançadas para aumentar o teor renovável e a eficiência dos processos.
William França, diretor de Processos Industriais e Produtos da Petrobras, destacou que a ação reforça o comprometimento da Petrobras com práticas inovadoras e sustentáveis, antecipando-se às necessidades futuras da aviação e contribuindo para a evolução de um setor aéreo mais limpo e eficiente.
Brasil como protagonista na aviação sustentável
Com iniciativas como a produção de SAF na Revap, o Brasil se posiciona como um player relevante no mercado global de combustíveis sustentáveis. O país possui vantagens competitivas, como abundância de biomassa, experiência consolidada em biocombustíveis e infraestrutura de refino adaptável.
Segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), a demanda por SAF deve crescer exponencialmente nas próximas décadas, com projeções de que o combustível represente até 65% das necessidades do setor aéreo em 2050. A Petrobras, ao investir em tecnologia e testes, prepara-se para atender essa demanda crescente e contribuir para os compromissos climáticos internacionais.
Além disso, o Brasil pode se beneficiar economicamente da exportação de SAF e da transferência de tecnologia, consolidando sua posição como líder em soluções energéticas sustentáveis.
O papel da Petrobras na transformação energética do setor aéreo
A produção de SAF com conteúdo renovável na Revap representa um marco estratégico para a Petrobras e para o Brasil. A iniciativa atende às exigências legais, contribui para a redução de emissões e fortalece a posição do país no mercado global de combustíveis sustentáveis.
Ao utilizar ativos existentes e investir em tecnologia de coprocessamento, a Petrobras demonstra que é possível avançar na transição energética de forma eficiente e economicamente viável. A aviação sustentável não é mais uma tendência distante, mas uma realidade em construção — e o Brasil está na rota certa para liderar esse movimento.
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