Ibama solicita simulação de emergência da Petrobras para liberar licença ambiental na Foz do Amazonas. Reunião sobre plano acontece em agosto.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) solicitou à Petrobras a entrega do plano de simulação de emergência para um possível vazamento de óleo na região da Foz do Amazonas, localizada no extremo norte do litoral brasileiro. A reunião que irá avaliar a proposta está marcada para o dia 12 de agosto e representa o último passo necessário para que a estatal avance com o pedido de licença para perfuração de poços na bacia.
A exigência do órgão ambiental ocorre em meio à pressa da Petrobras, que tenta antecipar a Avaliação Pré-Operacional (APO) e garantir a execução da simulação ainda em agosto.
O motivo da urgência: o contrato da sonda que será usada na perfuração expira em outubro, o que pode acarretar custos extras caso o cronograma atrase.
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Petrobras pressiona por resposta antecipada do Ibama
Preocupada com os prazos, a Petrobras solicitou formalmente que a reunião sobre a APO seja antecipada para o dia 4 de agosto.
Além disso, pediu que o Ibama autorize a movimentação da sonda NS-42, atualmente posicionada na costa do Pará.
Segundo a empresa, todos os recursos logísticos já estão prontos para a realização da simulação, incluindo helicópteros, embarcações de emergência, centros de atendimento à fauna e uma equipe técnica mobilizada.
A APO serve para testar a capacidade da companhia de reagir a um cenário realista de vazamento de petróleo em alto-mar, além de verificar a aplicação do Plano de Proteção à Fauna, que já foi aprovado pelo Ibama.
Foz do Amazonas é prioridade estratégica para a Petrobras
A bacia da Foz do Amazonas é considerada uma das novas fronteiras energéticas do Brasil. A Petrobras tem planos ambiciosos para explorar pelo menos oito poços na região ao longo da campanha. Cada perfuração pode levar entre quatro e seis meses, o que exige planejamento logístico detalhado.
Durante o último leilão promovido pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), a estatal arrematou, em consórcio com a ExxonMobil, dez blocos exploratórios na região.
O consórcio Chevron/CNPC também levou outros nove blocos. Ao todo, os investimentos na Foz somaram R$ 845 milhões em bônus de assinatura, o que mostra o potencial de exploração da área.
Licença depende da simulação e de nova análise ambiental
Apesar do avanço técnico e do investimento bilionário, a operação ainda depende da liberação ambiental final. O Ibama reforça que, antes de autorizar a perfuração, é necessário validar a simulação e garantir que a Petrobras está preparada para lidar com eventuais emergências ecológicas.
Por se tratar de uma área sensível, rica em biodiversidade marinha e com presença de comunidades costeiras, a perfuração offshore na Foz do Amazonas demanda um nível elevado de controle e monitoramento ambiental. O impasse entre a pressa da Petrobras e os critérios rígidos do Ibama ainda mantém a licença em análise.
Enquanto a Petrobras busca acelerar o processo, o Ibama mantém o cronograma dentro dos prazos legais e aguarda a apresentação formal dos planos para a APO.
O desfecho da questão definirá o futuro da exploração na Foz do Amazonas, que pode se tornar um dos maiores polos de produção energética do país — desde que conciliada com a preservação ambiental.