Terceira redução em 36 dias reflete queda do petróleo internacional. Entenda o impacto para o consumidor e a política de preços da Petrobras.
A Petrobras anunciou nova redução no preço do diesel. O corte é de R$ 0,16 por litro (4,66%). A medida vale a partir desta terça-feira, 6 de maio de 2025. É a terceira baixa em pouco mais de um mês. O motivo principal é a queda do petróleo no mercado internacional. Mas o repasse total na bomba não é garantido. Entenda o anúncio da Petrobras.
Terceira redução em 36 dias: A nova dinâmica de preços da Petrobras
Este é o terceiro corte no preço do diesel em apenas 36 dias. Com a redução de R$ 0,16, o preço médio do diesel A (puro) vendido pela Petrobras às distribuidoras passa a ser R$ 3,27 por litro. É importante notar que o diesel vendido na bomba (diesel B) tem 14% de biodiesel.
Por isso, a redução na parcela da Petrobras no preço final do diesel B é um pouco menor: R$ 0,14 por litro. Cortes anteriores ocorreram no fim de março e em 17 de abril. Desde dezembro de 2022, a Petrobras reduziu o preço do diesel em R$ 1,22 por litro (27,2%). O preço da gasolina não foi alterado neste anúncio.
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Cenário internacional: Por que o preço do petróleo está caindo?
A decisão da Petrobras está ligada à forte queda do petróleo no mercado global. As cotações do Brent e WTI caíram para níveis abaixo de US$ 60 por barril recentemente. O Brent desvalorizou 16% em abril de 2025. Diversos fatores contribuem para essa queda. Entre eles estão as perspectivas de desaceleração econômica global. Decisões da OPEP+ de aumentar a produção também pressionaram os preços. Tensões comerciais e cortes de preço pela Arábia Saudita (Saudi Aramco) influenciaram o cenário.
A política de preços da Petrobras: Entre o mercado global e a “tranquilidade brasileira”
Desde maio de 2023, a Petrobras não segue mais estritamente a Paridade de Preço de Importação (PPI). A política atual busca “abrasileirar” os preços. Leva em conta o mercado internacional e o câmbio. Mas também considera custos internos, concorrentes e alternativas de suprimento. O objetivo é oferecer preços acessíveis e evitar volatilidade excessiva.
A política, porém, recebe críticas pela falta de transparência na fórmula de cálculo. Analistas consideram os cortes recentes “conservadores”, sugerindo que a Petrobras poderia repassar uma queda internacional maior. A necessidade de competir com importadores acaba ancorando, indiretamente, os preços da Petrobras aos valores internacionais.
Da refinaria à bomba: Por que o corte não chega integralmente ao consumidor?
A redução na refinaria é diluída até chegar ao posto. Vários fatores influenciam:
- Margens: Distribuidoras e postos revendedores definem suas margens em um mercado livre. O repasse não é automático.
- Biodiesel (B14): O diesel na bomba tem 14% de biodiesel. O preço do biodiesel tem dinâmica própria e pode subir, anulando parte do corte da Petrobras no diesel A.
- Impostos: Tributos federais (PIS/COFINS, CIDE) e estaduais (ICMS) pesam bastante. O ICMS, por exemplo, é um valor fixo de R$ 1,12 por litro desde fevereiro de 2025. Como parte dos impostos é fixa, a redução percentual na bomba é sempre menor que a redução percentual na refinaria. A parcela da Petrobras representa cerca de 45-50% do preço final.
O que esperar nos próximos dias com a decisão da Petrobras?
A redução do diesel pode aliviar a inflação. O IPCA-15 de abril já mostrou pequena queda (-0,64%) no preço do diesel na bomba. Como o diesel afeta o custo de transporte de quase tudo, sua queda ajuda a conter a inflação geral. Porém, o impacto total leva tempo para aparecer nos índices e nos preços finais ao consumidor.
A Abicom estima um alívio de R$ 0,13 por litro na bomba com este corte da Petrobras. O levantamento semanal da ANP mostrará o repasse real nos próximos dias (na última semana de abril, o diesel S10 estava em R$ 6,19/litro). Há expectativa no mercado por um possível corte futuro também na gasolina pela Petrobras, já que seus preços também estariam acima da paridade internacional.