Petrobras enfrenta um dilema: enquanto descobre jazida de petróleo comparável ao pré-sal, a falta de licenças ambientais pode forçar o Brasil a voltar a importar petróleo.
Já é de conhecimento de muitos que a Petrobras, gigante estatal, descobriu uma jazida de petróleo na margem equatorial, uma área que promete ser tão rica quanto o famoso pré-sal.
Contudo, essa descoberta ainda não pode ser usufruída pela estatal, já que a falta de autorização para a exploração leva a um futuro incerto: a possibilidade de voltar a importar petróleo nos próximos anos.
A afirmação alarmante veio de Sylvia Anjos, diretora de Exploração e Produção (E&P) da Petrobras, durante uma aula aberta no Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
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A realidade do pré-sal
Em sua declaração, Sylvia enfatizou que, se não forem feitas novas descobertas, o Brasil poderá voltar a ser importador de petróleo em 2034 ou 2035, devido à previsão de queda na produção do pré-sal.
Desde 2006, o Brasil é autossuficiente em petróleo, e atualmente, 81% da produção nacional provém do pré-sal.
A margem equatorial, que se estende da costa do Rio Grande do Norte até o Amapá, é comparada ao pré-sal pela sua alta probabilidade de conter reservas significativas.
Contudo, ambientalistas criticam a exploração devido ao potencial de danos ambientais.
Atualmente, a Petrobras possui 16 poços na nova fronteira exploratória, mas obteve autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para perfurar apenas dois na costa do Rio Grande do Norte.
A licença para explorar outras áreas, como a Bacia da Foz do Amazonas, foi negada, levando a Petrobras a solicitar uma reconsideração ao órgão, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).
O Ibama ainda não informou quando tomará uma decisão sobre esse pedido.
Desafios ambientais e a resposta da Petrobras
Sylvia explicou que a Petrobras atendeu às exigências do Ibama para obter a licença de exploração, que incluem a criação de centros de acolhimento para animais em caso de derramamento de óleo, garantias de que não haverá sobrecarga no Aeroporto de Oiapoque, no Amapá, e simulações de emergências ambientais.
Ela criticou também o que chamou de “fake news científica”, referindo-se à ideia de que existem corais na foz do rio Amazonas.
“Não existe coral na foz do Amazonas, isso não é verdade. Existem rochas semelhantes a corais”, afirmou, ressaltando que os poços estão localizados a 540 quilômetros da foz do rio, longe de áreas que poderiam ser consideradas como santuários marinhos.
Impactos financeiros e operacionais
Sylvia expressou frustração com a situação atual, afirmando que a falta de licença para a perfuração representa um “prejuízo operacional” para a Petrobras.
A empresa gastou, por exemplo, mais de US$ 600 mil por dia para alugar sondas de perfuração, que ficaram paradas devido à ausência de autorização.
Embora a expectativa de que a licença seja concedida ainda este ano seja baixa, a diretora mantém otimismo, afirmando que a Petrobras está fazendo tudo o que é necessário para garantir a licença.
Ela também mencionou que a perfuração, mesmo se a autorização for concedida imediatamente, não deve começar antes de 2025, devido ao tempo necessário para preparar a sonda.
O futuro do petróleo e as novas tecnologias
O tempo entre a descoberta de um reservatório e a produção de petróleo pode levar de seis a sete anos, e a Petrobras está buscando fornecedores que possam oferecer plataformas a um custo mais acessível.
Os custos atuais de US$ 4 bilhões para um FPSO (navio-plataforma) são considerados inviáveis para garantir a rentabilidade da produção.
Sylvia revelou que várias grandes petroleiras estão interessadas em parcerias com a Petrobras, mas a falta de licenças tem afastado esse interesse.
“Todas as empresas estão de olho no Brasil, porém, elas perderam a esperança com a questão da licença”, disse.
A relação com a transição energética
A diretora acredita que não há contradição entre a política ambiental do Brasil e a busca pela exploração de petróleo.
Segundo ela, a Petrobras está investindo em tecnologias que permitem a produção com menos emissões de dióxido de carbono (CO₂).
“A emissão do pré-sal chega a ser de sete a nove quilos de CO₂ por barril”, afirma, comparando com a média mundial, que gira em torno de 17 kg.
A produção da Petrobras deve atingir o chamado net zero (saldo negativo de emissão de carbono) antes de 2050.
As incertezas sobre a exploração na margem equatorial permanecem, mas a esperança de uma nova era para a indústria do petróleo no Brasil está viva.
O que você acha? O Brasil está preparado para enfrentar os desafios ambientais e garantir sua autossuficiência em petróleo?