Gasolina, diesel e etanol ficam mais baratos nos postos de combustível com a nova política de preços da Petrobras
Você já deve ter percebido que os preços dos combustíveis estão mais baixos nos últimos dias. Isso se deve a uma decisão da Petrobras de mudar a forma como calcula o valor da gasolina, do etanol e do diesel. Mas o que isso significa para você, consumidor? E para a economia do país? Continue lendo e entenda sobre essa mudança e como ela pode impactar a sua vida.
Até pouco tempo atrás, a Petrobras seguia um modelo chamado de paridade de preços internacionais (PPI). Isso significa que ela ajustava os preços dos combustíveis no Brasil de acordo com as variações do dólar e do mercado internacional de petróleo. Assim, se o dólar subisse ou se o petróleo ficasse mais caro lá fora, os preços aqui também aumentavam. E vice-versa.
Esse modelo foi adotado em 2016, durante o governo de Michel Temer, com o objetivo de recuperar as finanças da Petrobras, que estava endividada e envolvida em escândalos de corrupção. A ideia era tornar a empresa mais competitiva e atrair investidores privados.
Petrobras era acusada de praticar preços abusivos e prejudicar os caminhoneiros e os consumidores em geral
No dia 19 de maio de 2023, a Petrobras anunciou que iria abandonar o modelo de PPI e adotar uma nova política de preços, baseada nos custos de produção e na demanda do mercado interno. A empresa disse que essa mudança visa “garantir maior estabilidade aos preços” e “evitar repasses desnecessários ao consumidor”.
A decisão foi tomada após uma série de críticas e pressões do governo federal, que acusava a Petrobras de praticar preços abusivos e prejudicar os caminhoneiros e os consumidores em geral. O presidente Jair Bolsonaro chegou a demitir o ex-presidente da empresa, Roberto Castello Branco, em fevereiro deste ano, e nomeou o general Joaquim Silva e Luna para o cargo.
Reajuste no preço da gasolina e diesel não dependem mais das oscilações do dólar e do petróleo no exterior
A principal vantagem da mudança é que os preços dos combustíveis tendem a ficar mais baixos e estáveis no curto prazo, já que não vão depender das oscilações do dólar e do petróleo no exterior. Isso pode beneficiar os consumidores, que vão gastar menos para abastecer seus veículos, e os setores que dependem do transporte rodoviário, como o agronegócio e o comércio.
Além disso, a mudança pode reduzir a inflação, que é a alta generalizada dos preços na economia. Os combustíveis têm um peso importante no cálculo da inflação, pois influenciam os custos de produção e distribuição de vários produtos e serviços. Com os preços mais baixos e controlados, a inflação tende a diminuir.
Nova politica pode afetar os investimentos da empresa na exploração e na produção de petróleo e gás, comprometendo sua sustentabilidade financeira
Por outro lado, a mudança também tem desvantagens e riscos. Uma delas é que a Petrobras pode perder rentabilidade e competitividade no longo prazo, já que vai deixar de acompanhar os preços internacionais e vai depender mais das condições do mercado interno. Isso pode afetar os investimentos da empresa na exploração e na produção de petróleo e gás, comprometendo sua sustentabilidade financeira.
Outra desvantagem é que a mudança pode gerar uma percepção negativa dos investidores estrangeiros sobre a Petrobras e sobre o Brasil. Eles podem entender que a empresa está sofrendo interferência política do governo e que não tem autonomia para definir seus preços. Isso pode afastar os investidores e reduzir o valor das ações da empresa na bolsa de valores.
Mudança alivia o bolso do consumidor e pode ter um impacto positivo na distribuição de renda no país
Para entender melhor as implicações da mudança na política de preços da Petrobras, conversamos com Marcos José Valle, professor no curso de Bacharelado em Ciências Econômicas na Escola Superior de Gestão, Comunicação e Negócios da Uninter. Ele nos explicou os prós e contras dessa decisão e como ela pode afetar a economia nacional.
Segundo ele, a mudança traz benefícios para a economia nacional no curto prazo, mas também traz incertezas para o futuro. “A Petrobras ainda vai continuar tendo uma ótima rentabilidade, mas vai trabalhar com lucro real e não mais um lucro extraordinário”, disse.
Ele também destacou que a mudança pode ter um impacto positivo na distribuição de renda no país. “Com os preços mais baixos dos combustíveis, há uma redução do custo de vida das pessoas mais pobres, que gastam proporcionalmente mais com transporte. Isso pode aumentar o poder de compra dessas pessoas e estimular o consumo”, afirmou.
Por fim, ele ressaltou que a mudança não significa que os preços dos combustíveis vão ficar congelados ou imunes às variações do mercado. “A Petrobras ainda vai fazer reajustes periódicos dos preços, mas com uma frequência menor e com base em critérios mais transparentes. O consumidor ainda vai sentir as mudanças nos preços, mas de forma mais suave”, concluiu.
