A Petrobras fortalece o setor naval com novos contratos do Projeto Refino Boaventura e construção de embarcações de apoio, ampliando a cadeia logística e impulsionando empregos no Brasil
Segundo divulgação da Agência Petrobras nesta segunda-feira (6), a estatal oficializou a assinatura de contratos estratégicos que somam R$ 19,8 bilhões na última sexta-feira (3), marcando um novo capítulo na modernização do parque de refino e na expansão da logística offshore.
O anúncio contempla o Projeto Refino Boaventura e o afretamento de embarcações de apoio para operações submarinas, com impactos significativos na indústria naval, geração de empregos e desenvolvimento regional.
Projeto Refino Boaventura: modernização e eficiência energética
A Petrobras assinou cinco contratos de serviços no valor de R$ 9,6 bilhões para a construção de unidades que compõem o Projeto Refino Boaventura, localizado no Complexo de Energias Boaventura, em Itaboraí (RJ). O projeto prevê a integração com a Refinaria Duque de Caxias (Reduc), ampliando a produção de derivados de maior valor agregado e baixo teor de enxofre.
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Entre os principais produtos estão:
- 76 mil barris/dia de diesel S-10
- 20 mil barris/dia de querosene de aviação (QAV)
- 12 mil barris/dia de lubrificantes Grupo II
Esses derivados são essenciais para a transição energética, oferecendo maior desempenho e menor impacto ambiental. A construção incluirá duas unidades inéditas: uma de Desparafinação por Isomerização por Hidrogênio (HIDW) e outra de Hidrocraqueamento Catalítico (HCC), ambas com tecnologia de ponta.
A iniciativa reforça o compromisso da Petrobras com a produção sustentável e eficiente.
Embarcações de apoio: inovação e sustentabilidade no mar
Além do investimento em refino, a Petrobras formalizou contratos de afretamento de quatro embarcações de apoio do tipo RSV (ROV Support Vessel), destinadas à inspeção, manutenção e instalação de sistemas submarinos. O valor total dos contratos é de R$ 10,2 bilhões.
As embarcações serão construídas no estaleiro Navship, em Navegantes (SC), com entrega prevista entre 2029 e 2030. O projeto exige no mínimo 40% de conteúdo local na construção e 60% na operação. No entanto, a empresa contratada, BRAM Offshore, planeja atingir até 80% de nacionalização na construção e até 90% na operação.
Essas embarcações terão tecnologia híbrida e poderão operar com etanol, reduzindo em até 30% as emissões de poluentes e o consumo de combustível. Essa inovação reforça o compromisso da Petrobras com a sustentabilidade e a eficiência operacional.
Indústria naval ganha novo fôlego com iniciativa da Petrobras
A construção das embarcações representa um impulso direto à indústria naval nacional. O estaleiro Navship será responsável pela execução dos projetos, envolvendo fornecedores locais e estimulando a cadeia produtiva.
A retomada de encomendas para embarcações complexas fortalece a engenharia naval brasileira, que vinha enfrentando desafios desde a desaceleração de investimentos no setor.
Com isso, o Brasil pode voltar a figurar como protagonista na construção de embarcações de alta tecnologia voltadas para operações offshore. Além disso, o projeto contribui para a capacitação técnica de profissionais e para o desenvolvimento de novas soluções em engenharia marítima.
Contrato da Petrobras: geração de empregos e impacto socioeconômico
O impacto social dos contratos é expressivo. O Projeto Refino Boaventura deverá gerar cerca de 15 mil empregos diretos no pico das obras. Já a construção e operação das embarcações de apoio devem criar 1.500 empregos diretos e 5.400 indiretos, fortalecendo a cadeia produtiva nacional.
Esses números representam uma oportunidade concreta de desenvolvimento econômico para o estado do Rio de Janeiro e para Santa Catarina, onde está localizado o estaleiro responsável pelas embarcações.
A geração de empregos qualificados é um dos pilares da estratégia da Petrobras para fomentar o crescimento regional.
Sustentabilidade e transição energética como prioridade
A Petrobras tem adotado uma estratégia clara de transição energética, alinhando seus investimentos à produção de combustíveis mais limpos e à modernização de sua infraestrutura. O Projeto Refino Boaventura é um exemplo dessa abordagem, ao priorizar derivados com baixo teor de enxofre e maior eficiência.
As embarcações de apoio também refletem essa visão, ao incorporar tecnologias sustentáveis e ampliar a capacidade de operação segura em águas profundas. A adoção de sistemas híbridos e o uso de etanol como combustível são avanços que posicionam a Petrobras como referência em inovação no setor de óleo e gás.
A sustentabilidade deixou de ser uma tendência e passou a ser uma exigência estratégica.
Histórico do Complexo Boaventura e retomada dos investimentos
O Complexo de Energias Boaventura, anteriormente conhecido como Comperj, teve suas obras paralisadas em 2015. A retomada dos investimentos foi aprovada pela diretoria da Petrobras em 2023, com estimativa de R$ 13 bilhões para conclusão das obras.
A reativação do projeto representa não apenas um avanço técnico, mas também um resgate da confiança na capacidade de execução da estatal. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou, em evento anterior, a importância de concluir o empreendimento e os prejuízos causados pela paralisação.
A nova fase do complexo inclui integração com a Reduc, aproveitamento de infraestrutura existente e foco em eficiência energética.
Logística offshore e segurança operacional reforçadas
Com as novas embarcações, a Petrobras reforça sua atuação em operações submarinas, essenciais para a exploração do pré-sal. Os RSVs serão equipados com veículos operados remotamente (ROVs), aumentando a segurança e a eficiência nas atividades de inspeção e manutenção.
Esse investimento fortalece a infraestrutura logística da companhia, permitindo maior autonomia e confiabilidade nas operações em alto-mar. Além disso, amplia a participação da indústria naval brasileira, com destaque para o estaleiro Navship e seus fornecedores locais.
Petrobras e o futuro da energia nacional
A assinatura dos contratos pela Petrobras em outubro de 2025 marca um momento decisivo para o setor de energia, logística e indústria naval no Brasil. Com investimentos robustos e foco em sustentabilidade, a estatal reafirma seu papel estratégico no desenvolvimento nacional.
O Projeto Refino Boaventura e as embarcações de apoio representam inovação, geração de empregos e fortalecimento da cadeia produtiva brasileira. Ao integrar tecnologia, eficiência e responsabilidade ambiental, a Petrobras dá um passo firme rumo ao futuro da energia.