Redução reflete queda internacional do petróleo e pressões de mercado; preço do combustível nas bombas ainda depende de outros fatores.
A Petrobras anunciou nesta quinta-feira (17) uma nova redução no preço do diesel vendido às refinarias. A partir de sexta-feira (18), o litro do combustível passará a custar, em média, R$ 3,43 para as distribuidoras. O corte representa uma redução de R$ 0,12 por litro, o equivalente a 3,38%.
Essa é a segunda queda promovida pela Petrobras em menos de 20 dias e ocorre em meio à recente desvalorização do barril de petróleo no mercado internacional. A medida, no entanto, afeta apenas o valor repassado pela estatal às distribuidoras. O preço do combustível ao consumidor final ainda dependerá de outros fatores, como impostos, margens de lucro e o percentual de mistura de biodiesel.
Redução acumulada desde 2022 já ultrapassa R$ 1 por litro
Desde o fim de 2022, a Petrobras acumula uma redução de R$ 1,06 por litro no preço do diesel para as distribuidoras. Considerando a inflação no período, a queda real no valor chega a R$ 1,59 por litro, o que representa um corte de 31,7%.
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De acordo com a composição do diesel vendido nos postos, que atualmente é formado por 86% de diesel A e 14% de biodiesel, a parcela da Petrobras no preço final ao consumidor será de aproximadamente R$ 2,95 por litro. Isso significa uma queda de R$ 0,10 por litro no valor do diesel B, como é conhecido o produto final distribuído nas bombas.
Corte conservador diante de cenário internacional incerto
Em entrevista à agência Reuters, Eduardo Oliveira de Melo, sócio-diretor da Raion Consultoria, afirmou que o corte anunciado pela Petrobras foi um movimento conservador, considerando a instabilidade atual do mercado global de energia.
“Nos nossos cálculos, víamos um potencial mensurado de até 30 centavos (de corte), então ela fez o movimento de 12 centavos, vai praticamente ali no meio do caminho”, disse Melo.
Ele acrescentou que o preço do petróleo Brent já começa a apresentar sinais de recuperação, o que pode ter influenciado a decisão da estatal em não promover uma redução mais agressiva no preço do combustível.
Petrobras monitora mercado e participa de decisões com foco social
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, declarou recentemente que a empresa observa constantemente as condições do mercado, incluindo o comportamento do barril Brent e o câmbio, ao tomar decisões sobre os preços dos combustíveis. Ela destacou que a estatal também considera a participação de mercado e os impactos para a sociedade brasileira.
Essa nova redução segue a linha do corte anterior, feito em 31 de março, quando o preço do diesel foi reduzido em R$ 0,17 por litro (ou 4,6%). Na ocasião, foi o primeiro corte desde dezembro de 2023. Antes disso, em fevereiro, a Petrobras havia elevado o valor do combustível fóssil em 6%.
Queda no petróleo está ligada a tensões comerciais internacionais
A recente baixa no preço do petróleo está ligada a movimentos do mercado financeiro em resposta a políticas comerciais dos Estados Unidos. A cotação do barril Brent caiu de US$ 75 para cerca de US$ 65, após medidas tomadas pelo ex-presidente Donald Trump no início de abril, incluindo a imposição de tarifas e restrições comerciais a parceiros como México e Canadá.
Segundo analistas, o temor de uma recessão econômica global — gerada por essa nova política — pressionou o valor do petróleo para baixo. A possível retração da demanda global por combustíveis acabou influenciando diretamente as decisões da Petrobras em relação ao preço do diesel.
Repasse aos postos não é imediato
Apesar da queda anunciada pela Petrobras, o consumidor pode não perceber a redução de imediato no preço do combustível nas bombas. Isso ocorre porque o valor final depende de variáveis como tributos estaduais e federais, custo do biodiesel, margens de distribuição e revenda, além de estoque de combustíveis já comprados anteriormente a preços maiores.
O tempo para o repasse ao consumidor pode variar de acordo com a localização, dinâmica do mercado regional e políticas adotadas pelos postos de combustíveis.
Fonte: ISTOÉ e Agência Brasil