Petrobras antecipa a interligação de três poços à plataforma P-58 em Jubarte, no Espírito Santo, mirando ampliar a produção de petróleo e gás natural em até 60 mil barris por dia, movimentando a indústria capixaba.
A Petrobras obteve, nos últimos dias, todas as licenças necessárias para interligar três novos poços ao navio-plataforma P-58, que opera no campo de Jubarte, ao sul do litoral do Espírito Santo.
A estatal estima que, em conjunto, esses poços possam acrescentar até 60 mil barris de óleo equivalente por dia à produção local, volume que, se confirmado, tende a elevar de forma significativa a oferta capixaba.
O cronograma foi antecipado em relação ao plano original — que previa a conexão apenas entre 2026 e 2027 —, e a expectativa interna é concluir a etapa em cerca de seis meses.
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Interligação antecipada em Jubarte
A decisão de acelerar o projeto decorre de uma estratégia de reaproveitamento de ativos e de recuperação de áreas maduras em Jubarte.
Com as licenças liberadas, a companhia inicia a preparação para as amarrações e testes, fase que antecede a entrada efetiva dos poços em produção.
A prioridade é aproveitar a infraestrutura já instalada no campo, reduzindo prazos de implantação e custos de escoamento.
No plano técnico, a conexão à P-58 permite distribuir a nova produção por uma unidade com robustez suficiente para absorver o incremento previsto.
A empresa, no entanto, mantém a sinalização de que o volume adicional projetado considera óleo e gás natural convertidos em óleo equivalente, métrica usada para padronizar a comparação entre diferentes correntes de hidrocarbonetos.
Capacidade ociosa e papel da P-58
A P-58 está em operação desde março de 2014.
Classificada entre as maiores plataformas do país, tem capacidade instalada de 180 mil barris de óleo por dia.
Apesar do porte, a unidade opera abaixo de metade desse teto, o que abriu espaço para um ciclo de revitalização de campos maduros no entorno.
Essa janela operacional, somada ao ganho de eficiência em projetos brownfield, sustenta a opção da companhia por acelerar a interligação dos novos poços.
Ainda que a petrolífera não detalhe, por ora, como se dará a curva de produção poço a poço, a escolha por usar a P-58 como “hub” reforça a importância de Jubarte na estratégia de curto prazo.
A infraestrutura de processamento, compressão e reinjeção a bordo favorece ramp-ups mais rápidos quando comparados à instalação de novas unidades.
Produção do Espírito Santo em perspectiva
O Espírito Santo fechou o ano passado com 154,9 mil barris por dia de produção média, segundo o Anuário da Indústria do Petróleo e do Gás da Findes de 2025.
Em um estado cuja indústria de óleo e gás responde por parcela relevante do PIB, ganhos incrementais na casa de dezenas de milhares de barris por dia tendem a repercutir na arrecadação e na atividade de fornecedores.
Por cautela metodológica, a comparação direta deve considerar que o acréscimo anunciado está expresso em óleo equivalente, enquanto a estatística do Anuário apresenta barris de petróleo.
A leitura setorial segue a mesma linha.
Em declarações anteriores, lideranças do segmento destacaram a continuidade das oportunidades locais.
Nas palavras de um ex-presidente da Petrobras, “Ainda vejo um grande potencial para petróleo no ES”, reforçando a percepção de que projetos de otimização e revitalização permanecem centrais para o estado.
Outras frentes: Maria Quitéria reforça a malha
Além do adiantamento em Jubarte, o parque de produção capixaba ganhou um reforço no fim de 2024, com a entrada em operação do navio-plataforma Maria Quitéria, também da Petrobras, no próprio campo de Jubarte.
A unidade foi projetada para processar até 100 mil barris por dia, ampliando a capacidade de escoamento e tratamento de óleo e gás na região.
Esse acréscimo de infraestrutura complementa a estratégia de elevar a utilização das plataformas já instaladas.
Enquanto a P-58 absorve novos poços interligados à malha existente, a Maria Quitéria abre caminho para escalonar a produção sem gargalos de processamento, conforme as frentes de desenvolvimento avancem.
Wahoo no radar: entrada prevista pela iniciativa privada
Em paralelo aos projetos da Petrobras, a petroleira Prio programa a colocação em operação do campo de Wahoo — localizado no extremo sul da costa capixaba — nos próximos meses.
A meta anunciada é adicionar cerca de 40 mil barris de óleo por dia, o que tende a diversificar as fontes de produção do estado e a diluir riscos operacionais ao distribuir volumes por diferentes ativos.
A coexistência de projetos de operadoras distintas no litoral capixaba cria um ambiente de maior densidade industrial.
Essa combinação costuma beneficiar cadeias de suprimentos, logística e serviços de manutenção, além de favorecer a absorção de mão de obra especializada.
O que esperar dos próximos meses
Com os licenciamentos concluídos e a P-58 preparada para receber novos volumes, o foco recai sobre a execução offshore e os marcos operacionais até a efetiva contribuição dos poços.
A Petrobras projeta finalizar a interligação em seis meses, prazo que inclui a conclusão de linhas, testes de integridade e a estabilização do escoamento para a unidade.
Enquanto isso, a evolução do projeto Wahoo e a maturação da Maria Quitéria formam um pano de fundo favorável à expansão da produção capixaba.
Se as entregas se confirmarem conforme anunciado, o Espírito Santo tende a consolidar, no curto prazo, uma posição ainda mais relevante no mapa do petróleo brasileiro.
Na prática, a velocidade de ramp-up, a performance dos reservatórios e a disponibilidade das unidades flutuantes serão os vetores a observar.
Por fim, as próximas divulgações operacionais indicarão a trajetória real dos novos volumes e o grau de utilização das plataformas instaladas.
Segundo especialistas, a antecipação de prazos sinaliza confiança na engenharia e na logística do projeto, mas a confirmação virá com os boletins de produção e a entrada efetiva dos poços.