Estatal estuda alternativa técnica e financeira para retomar a produção em campos maduros com menor custo e impacto ambiental
Diante dos desafios de otimização orçamentária em 2024, a Petrobras passou a considerar, como alternativa, o reaproveitamento de plataformas desativadas, como a P-35 e a P-37. Com isso, o objetivo é viabilizar a retomada da produção de petróleo nos campos de Barracuda e Caratinga, situados na Bacia de Campos, no litoral fluminense. A medida ganhou força sobretudo após o cancelamento da licitação de uma nova FPSO, divulgado em janeiro de 2024, uma vez que os custos da única proposta válida ultrapassaram o valor estimado. Ainda conforme informações do jornal Valor Econômico, a empresa indiana Shapoorji Pallonji Energy apresentou valores que, embora tecnicamente viáveis, foram considerados economicamente inviáveis pela Petrobras.
Alternativa técnica surgiu após revisão de estratégia em abril de 2024
Com a interrupção do processo licitatório, a companhia então passou a reavaliar internamente alternativas que, além de viáveis, permitissem reduzir os investimentos, mas sem comprometer a continuidade operacional. Por isso, a possibilidade de adaptar unidades já pertencentes à estatal foi considerada ainda em abril de 2024, conforme revelou o jornal O Globo. Ao mesmo tempo, estudos técnicos indicaram que o processo de modernização levaria aproximadamente seis meses. Posteriormente, essa estimativa foi confirmada pela área de engenharia da Petrobras em maio do mesmo ano. Embora modelos de contratação do tipo BOT (Build, Operate and Transfer) tenham sido avaliados, eles foram descartados, sobretudo porque envolviam maior complexidade contratual e, além disso, gerariam custos adicionais.
A proposta está em consonância com o plano de descomissionamento da estatal
A Petrobras segue implementando seu Plano Estratégico 2024–2028, apresentado publicamente em dezembro de 2023, que inclui a desativação planejada de unidades offshore. Dentro dessa agenda, a estatal prevê investir US$ 9,9 bilhões até 2028, contemplando o descomissionamento de dez plataformas. Em complemento, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) aprovou, em fevereiro de 2024, garantias financeiras da ordem de R$ 72 bilhões para atender obrigações legais em 127 campos. A reutilização de estruturas próprias visa, assim, contribuir para o equilíbrio entre produção contínua e responsabilidade ambiental.
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Critérios técnicos e financeiros motivaram o cancelamento da licitação
A licitação, iniciada em outubro de 2023, tinha como objetivo o afretamento de uma nova FPSO para os campos em questão. Contudo, a empresa considerou incompatível com seu orçamento a única oferta recebida da Shapoorji Pallonji, conforme confirmou em janeiro de 2024. Após tentativas de negociação, a estatal anunciou o encerramento definitivo do processo em fevereiro de 2024, priorizando soluções próprias e mais econômicas. A equipe comunicou oficialmente a decisão à imprensa em março de 2024, com base em critérios de viabilidade técnica e custo.
Vantagens operacionais da reutilização estão em avaliação técnica
De acordo com nota técnica interna da Petrobras apresentada em abril de 2024, a adaptação das plataformas P-35 e P-37 pode trazer benefícios operacionais diretos. Entre os principais pontos avaliados estão a possibilidade de aproveitar estruturas já descomissionadas, reduzir custos de construção ou afretamento, diminuir o tempo necessário para a retomada da operação e atenuar o impacto ambiental. A Agência EPBR informou que consultorias técnicas acompanham o processo e avaliam a viabilidade do plano como parte da revitalização da Bacia de Campos.
Contexto da produção em Barracuda e Caratinga
Os campos de Barracuda e Caratinga, em operação desde 2004, estão entre os mais maduros da Bacia de Campos. Segundo dados da ANP, esses campos começaram a registrar declínio de produção em 2020, agravado pela defasagem tecnológica das plataformas. Com a retomada das operações prevista para 2026, a Petrobras espera ampliar a longevidade produtiva dos campos, reforçar a produção nacional de petróleo leve e garantir estabilidade energética no Sudeste. Essa ação está diretamente relacionada ao plano de revitalização da Bacia de Campos, lançado em 2022.
Sustentabilidade está integrada à abordagem operacional
Conforme descrito no Relatório de Sustentabilidade 2023, publicado em julho do mesmo ano, a Petrobras tem priorizado o uso responsável de recursos. A reutilização de plataformas contribui para a redução de impactos ambientais associados à construção naval e ao descarte de equipamentos. Medidas como essa representam avanços no compromisso ambiental da indústria offshore brasileira.
Mercado interpreta medida como cautelosa e estratégica
Análises divulgadas por XP Investimentos e BTG Pactual em abril de 2024 apontam que a Petrobras age com responsabilidade orçamentária ao evitar contratos com valores fora de mercado. Relatórios da Wood Mackenzie acrescentam que o reaproveitamento de plataformas é uma prática cada vez mais comum em campos maduros. Segundo as consultorias, a decisão reforça a reputação da estatal como operadora com foco em eficiência técnica e sustentabilidade financeira.
A equipe definirá o cronograma após concluir os estudos de viabilidade
A Petrobras informou que concluirá os estudos técnicos e econômicos até setembro de 2025. Caso aprove a obra de adaptação, iniciará os trabalhos ainda no mesmo ano, com previsão de operação para 2026, segundo nota da Agência Brasil. A estatal destaca que qualquer avanço dependerá de análises de viabilidade, conformidade regulatória e licenciamento ambiental.