Pesquisadores da Austrália criam tijolos feitos com borra de café que reduzem em até 80% o consumo de energia e dobram a resistência mínima exigida.
Um novo tipo de tijolo promete transformar o setor da construção civil. Feito a partir de borra de café usada, ele pode reduzir em até 80% o consumo de energia no processo de fabricação.
A inovação foi desenvolvida por pesquisadores australianos da Universidade de Tecnologia de Swinburne.
O anúncio do acordo de licenciamento entre a universidade e a empresa Green Brick foi feito em 27 de junho. A iniciativa marca um passo importante na busca por materiais mais sustentáveis e de baixa emissão de carbono.
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Desperdício que vira matéria-prima
Estima-se que, a cada ano, o mundo consome nove milhões de toneladas de café moído. Esse volume resulta em cerca de 18 milhões de toneladas de borra de café úmida descartada.
Na Austrália, mais de 1,3 milhão de xícaras são vendidas por dia, gerando 10 mil toneladas de resíduos por ano.
A maior parte dessa borra é jogada em aterros, onde se decompõe liberando metano, um dos gases de efeito estufa mais potentes. O descarte incorreto agrava o problema ambiental e aumenta a pegada de carbono.
Diante disso, uma equipe liderada pelo Dr. Yat Wong decidiu agir. O objetivo era reaproveitar esse resíduo em larga escala e dar a ele uma função útil e eficiente.
Como o tijolo é feito
Os pesquisadores coletaram borra de café descartada por cafeterias e restaurantes. Essa borra foi misturada com argila e um ativador alcalino. A combinação resultou em tijolos de baixa emissão.
O grande diferencial está na temperatura de queima.
Os tijolos precisam ser cozidos a apenas 200 °C — uma redução de 80% em relação ao processo convencional, que exige temperaturas muito mais altas e, consequentemente, mais energia.
“É mais leve em termos de energia, mais rápido de produzir e projetado para reduzir as emissões de CO₂ relacionadas à eletricidade em até 80% por unidade”, explicou o Dr. Wong.
Mais forte que o tijolo comum
A produção de tijolos tradicionais costuma depender da queima de carvão ou gás natural. Um quilo de tijolo fabricado com carvão pode emitir até 64,26 gramas de CO₂. O novo modelo reduz drasticamente esse impacto.
Além disso, os testes mostraram que os tijolos de café superam os padrões mínimos exigidos na Austrália. A resistência é duas vezes maior do que o mínimo estipulado por norma técnica local.
Segundo a equipe responsável, o produto une dois benefícios principais: evita o envio de toneladas de resíduos para os aterros e oferece uma opção de construção mais limpa e eficiente.
Outros caminhos sustentáveis
O café não é o único resíduo reaproveitado para criar soluções ecológicas. Em 2024, o estúdio de arquitetura Grimshaw e a University of East London apresentaram o “Sugarcrete”, um tijolo feito de bagaço de cana-de-açúcar.
Esse material também tem impacto reduzido. Os tijolos de bagaço produzem apenas 15% a 20% das emissões de carbono dos tijolos tradicionais. Além disso, são até cinco vezes mais leves do que o concreto.
A criação dos tijolos de café representa mais do que uma solução técnica. Mostra como a ciência pode transformar um resíduo comum em uma alternativa concreta para enfrentar desafios ambientais.
Com menos emissão, mais resistência e aproveitamento de resíduos, esse modelo pode marcar uma nova era para a construção civil.