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Pesquisadores criam plástico que se cura sozinho e suporta calor extremo — leve e mais forte que o aço promete reciclagem infinita

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 12/08/2025 às 08:37
Tecnologia cria plástico ultradurável que resiste, recicla e se recupera de danos
Tecnologia cria plástico ultradurável que resiste, recicla e se recupera de danos
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Pesquisadores avançam no desenvolvimento de materiais capazes de unir leveza, alta resistência e reaproveitamento total. Uma nova tecnologia plástica pode mudar padrões industriais e ambientais.

A engenharia moderna exige materiais que façam mais do que manter sua forma. Eles precisam ser leves, mais resistentes que o aço e suportar calor extremo.

Além disso, devem se recuperar de danos sem perder desempenho. Em setores como aeroespacial, defesa e automotivo, essas características significam veículos mais seguros, vida útil maior e menos desperdício ambiental.

Pesquisadores da Universidade Texas A&M avançaram nesse objetivo.

Eles descobriram novas capacidades no Copolímero Termofixo Aromático (ATSP), um plástico ultradurável e reciclável que pode se auto-regenerar, recuperar sua forma e manter a resistência após uso repetido.

Essa descoberta pode definir novos padrões de confiabilidade e sustentabilidade na fabricação de alto desempenho.

O projeto contou com apoio do Departamento de Defesa dos EUA e reuniu especialistas em engenharia aeroespacial e ciência de materiais da Texas A&M e da Universidade de Tulsa.

Construído para condições extremas

O professor de engenharia aeroespacial Dr. Mohammad Naraghi liderou o trabalho, junto com o Dr. Andreas Polycarpou da Universidade de Tulsa. A equipe estudou o desempenho do ATSP sob estresse, calor e danos repetitivos.

Naraghi destacou que materiais aeroespaciais precisam suportar altas temperaturas e impactos sem comprometer a segurança. No caso do ATSP, trocas de ligações permitem que ele “execute autocura sob demanda” quando danificado.

O material também pode beneficiar a indústria automotiva. Sua capacidade de recuperar a forma após colisões pode melhorar a segurança dos passageiros e reduzir a substituição de peças. Ao contrário dos plásticos tradicionais, o ATSP pode ser reciclado repetidamente, sem perda de química ou durabilidade.

Reforçado, o ATSP pode ser triturado, remodelado e reutilizado em vários ciclos.

Quando combinado com fibras de carbono, torna-se várias vezes mais forte que o aço e mais leve que o alumínio. Essa combinação é ideal para aplicações de alto desempenho, onde cada quilo importa.

Testes de durabilidade e recuperação

Para avaliar o material, a equipe usou testes de fluência cíclica. O objetivo era entender como o ATSP armazena e libera energia de deformação durante alongamentos repetidos.

Foram identificados dois pontos-chave de temperatura: a de transição vítrea, quando as cadeias de polímero se movem mais livremente, e a de vitrificação, quando as ligações são ativadas para permitir remodelação e cura.

Nos testes de fadiga por flexão em ciclo profundo, as amostras foram aquecidas a 160 °C para iniciar os reparos.

O ATSP suportou centenas de ciclos de aquecimento sob tensão e chegou a melhorar sua durabilidade após a cura. Naraghi comparou o processo à pele humana, capaz de esticar, cicatrizar e voltar ao formato original.

Em um teste mais rigoroso, o material passou por cinco ciclos severos de aquecimento a 280 °C, que causaram danos.

Após dois ciclos, recuperou quase toda a resistência. No quinto, a eficiência caiu para cerca de 80% devido à fadiga mecânica, mas a estabilidade química permaneceu intacta.

As imagens obtidas mostraram que o compósito cicatrizado manteve a estrutura original, com apenas pequeno desgaste causado por defeitos de fabricação.

Avanço com potencial industrial

A pesquisa recebeu financiamento do Escritório de Pesquisa Científica da Força Aérea (AFOSR) e contou com parceria da ATSP Innovations.

Para Naraghi, essas colaborações foram essenciais para orientar o projeto e transformar a curiosidade científica em aplicações práticas.

O mais importante é que as descobertas apontam para um futuro em que plásticos de alto desempenho não apenas resistem a condições adversas, mas também se adaptam e se recuperam de danos.

Isso pode remodelar expectativas sobre resistência, segurança e sustentabilidade em setores críticos.

O estudo foi publicado na Macromolecules e no Journal of Composite Materials .

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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