Pesquisadores mostram que a rotação da Terra está em desaceleração e que, em um futuro distante, o planeta pode ter dias de 25 horas devido a fatores internos e à interação gravitacional com a Lua.
Pesquisadores confirmam que a rotação da Terra está desacelerando de forma gradual, em um processo lento que, mantido por milhões de anos, pode levar o planeta a ter dias com 25 horas em vez das atuais 24. A constatação vem de medições de alta precisão feitas por cientistas da Universidade Técnica de Munique (TUM), na Alemanha, que acompanharam pequenas variações na velocidade de giro do planeta ao longo de semanas.
Embora as mudanças na rotação da Terra sejam hoje imperceptíveis no cotidiano, o fenômeno tem importância científica direta para a compreensão da dinâmica interna do planeta e de sua interação com a Lua. A desaceleração milimétrica do giro terrestre ajuda a explicar ajustes necessários em escalas de tempo oficiais, além de antecipar possíveis impactos sobre marés, ciclos biológicos e padrões climáticos em horizontes extremamente longos, muito além de qualquer geração viva atualmente.
Como os cientistas medem a rotação da Terra com precisão de milissegundos
O estudo da TUM se baseou em medições feitas no Observatório de Wettzell, onde um sistema a laser acompanha continuamente a rotação da Terra.
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Esse tipo de equipamento é capaz de detectar alterações minúsculas no tempo necessário para o planeta completar uma volta completa em torno do próprio eixo, com variações medidas na casa de milissegundos.
Ao longo de duas semanas de monitoramento, os pesquisadores registraram uma soma de cerca de seis milissegundos de variação no período de rotação.
Em termos práticos, isso significa que o planeta está girando ligeiramente mais devagar do que em medições anteriores.
Apesar de parecer um desvio irrisório, esse tipo de dado é essencial para detectar tendências de longo prazo na rotação da Terra, permitindo projetar cenários em que a duração do dia se estende gradualmente ao longo de milhões de anos.
Por que a rotação da Terra está diminuindo
A diminuição da rotação da Terra é resultado da combinação de vários processos físicos que atuam em escalas geológicas.
Um dos fatores apontados pelos cientistas é a movimentação do núcleo líquido, que altera a distribuição de massa no interior do planeta e, consequentemente, influencia a forma como ele gira.
Mudanças nas placas tectônicas e na redistribuição de massas na superfície também contribuem para pequenas variações na velocidade de rotação.
Além dos processos internos, a interação gravitacional com a Lua exerce papel decisivo.
Ao gerar marés nos oceanos, a Lua retira lentamente energia de rotação do planeta, um efeito conhecido como atrito de maré.
Esse “freio” gravitacional faz com que a rotação da Terra perca velocidade de forma quase imperceptível, mas contínua, levando a uma redução gradual do número de rotações ao longo de grandes intervalos de tempo.
O papel da Lua na estabilidade da rotação da Terra
Observatórios e agências espaciais apontam que o efeito gravitacional da Lua é determinante para a estabilidade da rotação da Terra.
Ao mesmo tempo em que desacelera o giro do planeta, a interação Terra–Lua contribui para manter o eixo de rotação relativamente estável, condição fundamental para a existência de estações do ano previsíveis e de um clima medianamente regular ao longo de eras geológicas.
Essa troca de energia faz com que a Lua se afaste lentamente da Terra, enquanto o planeta ajusta sua rotação.
O resultado é uma espécie de equilíbrio dinâmico, em que a Terra gira cada vez mais devagar e a Lua se distancia milímetro a milímetro, mantendo um sistema orbital estável em escalas de milhões de anos.
Esse processo, somado a outros fatores internos, alimenta as projeções que apontam para dias de 25 horas em um futuro extremamente distante.
De 24 para 25 horas: a escala de tempo desse processo
A confirmação de que a rotação da Terra está diminuindo não significa que o relógio humano vá precisar ser reajustado de um dia para o outro.
Hoje, o aumento no tempo de rotação é tão pequeno que só pode ser detectado por instrumentos de altíssima precisão e por séries históricas de observação.
Na prática, a duração do dia continua sendo de 24 horas para qualquer observador comum.
Os próprios pesquisadores ressaltam que a transição para um dia de 25 horas exige um horizonte de muitos milênios.
Trata-se de um fenômeno relevante do ponto de vista geofísico e astronômico, mas irrelevante para a dinâmica do tempo civil nas próximas gerações, que seguirá sendo corrigida pontualmente com ajustes como os segundos intercalares, quando necessário, para alinhar relógios atômicos à rotação real do planeta.
Efeitos potenciais sobre ciclos biológicos e marés
Caso a rotação da Terra realmente caminhe, em escala geológica, para dias de 25 horas, uma das áreas mais afetadas seria a dos ciclos biológicos.
O ritmo circadiano humano, hoje ajustado a um dia de aproximadamente 24 horas, poderia sofrer alterações graduais, com impactos em padrões de sono, alimentação e desempenho cognitivo.
O organismo humano é altamente sensível à duração do ciclo luz–escuridão, e mudanças nesse ciclo exigiriam processos de adaptação ao longo de muitas gerações.
As marés também seriam impactadas, uma vez que dependem diretamente da interação entre a rotação da Terra e a gravidade da Lua.
Um giro mais lento poderia modificar a intensidade e o timing das marés em diferentes regiões costeiras, alterando ecossistemas marinhos sensíveis a variações de nível da água.
Em conjunto, essas mudanças alterariam o equilíbrio de ambientes costeiros, influenciando desde habitats de espécies marinhas até práticas humanas ligadas à pesca e à ocupação do litoral.
Possíveis reflexos em clima e dinâmica atmosférica
A rotação da Terra influencia diretamente o comportamento da atmosfera, incluindo padrões de ventos, correntes em altitude e distribuição de massas de ar.
Em teoria, um dia mais longo teria impacto nos ciclos de aquecimento e resfriamento diários da superfície, o que poderia levar a ajustes na circulação atmosférica.
Alterações na velocidade de rotação tendem a repercutir em escalas sutis, mas potencialmente relevantes, na forma como massas de ar se movem e se organizam ao redor do planeta.
Essas mudanças podem se manifestar em redistribuições de zonas de alta e baixa pressão, pequenas variações em regimes de chuva e eventuais ajustes em padrões de tempestades ao longo de períodos muito extensos.
Importante destacar que, nas escalas atuais de observação, esses efeitos permanecem teóricos e são tratados com cautela pelos pesquisadores, que enfatizam a necessidade de séries de dados ainda mais longas para separar tendências de longo prazo de flutuações naturais de curto prazo.
O que o núcleo interno revela sobre a rotação da Terra
Pesquisas recentes sugerem que o núcleo interno da Terra, composto majoritariamente por ferro e níquel em estado sólido, também passa por mudanças em sua dinâmica de rotação.
Estudos apontam que esse núcleo pode estar girando em velocidade ligeiramente diferente daquela da crosta e do manto, o que afeta a distribuição de momentos de inércia no interior do planeta.
Embora essas alterações sejam sutis, elas ajudam a explicar variações milimétricas na rotação da Terra.
A interação entre o núcleo interno, o manto e o campo magnético gera um sistema complexo, em que pequenas mudanças internas podem se refletir em ajustes muito delicados no tempo de rotação, reforçando a necessidade de monitoramento constante com instrumentos de alta precisão e modelos geofísicos cada vez mais refinados.
O que significa viver em um planeta com rotação em desaceleração
A confirmação de que a rotação da Terra está diminuindo e que, em um futuro remoto, o planeta poderá ter dias de 25 horas reforça a ideia de que vivemos em um sistema dinâmico, em constante transformação, ainda que essas mudanças sejam imperceptíveis em uma única vida humana.
O estudo mostra que processos internos, interação com a Lua e fenômenos geofísicos de longo prazo estão continuamente moldando a forma como o planeta gira, com consequências graduais para tempo, marés, clima e ciclos biológicos.
Para a ciência, acompanhar essa desaceleração é essencial para aperfeiçoar medições de tempo, modelos climáticos e a compreensão da estrutura interna da Terra.
Para o cidadão comum, trata-se de um lembrete de que a noção de “dia de 24 horas” é uma convenção adaptada a um planeta em constante ajuste.
Diante desse cenário, fica a pergunta: se a rotação da Terra realmente nos levar a dias de 25 horas em um futuro distante, você imagina que a humanidade se adaptaria ampliando trabalho, descanso ou lazer nesse novo padrão de tempo?


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