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O pesadelo de Trump: BRICS se expande com 43,6% do petróleo global e pode receber até aliados históricos dos EUA, como a Nova Zelândia

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 12/09/2025 às 19:27
BRICS avança sobre o poder dos EUA: bloco domina 43,6% do petróleo e pode atrair até países aliados de longa data dos americanos.
BRICS avança sobre o poder dos EUA: bloco domina 43,6% do petróleo e pode atrair até países aliados de longa data dos americanos.
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Donald Trump tenta conter a expansão do BRICS, mas o bloco avança sobre setores estratégicos da economia global. Com novos membros e recursos energéticos e minerais decisivos, o grupo atrai o interesse até de países tradicionalmente alinhados aos Estados Unidos, ameaçando a hegemonia construída por Washington ao longo do século XX.

A ascensão do grupo BRICS tem sido interpretada por Donald Trump como uma ameaça direta à liderança global dos Estados Unidos.

O bloco, formado inicialmente por Brasil, Rússia, Índia e China em 2006 e ampliado com a entrada da África do Sul em 2010, busca reduzir a dependência do dólar e criar mecanismos financeiros alternativos, como o uso de moedas locais e o desenvolvimento de um banco próprio para financiar projetos.

Para Trump, esse movimento representa um risco concreto à hegemonia econômica norte-americana.

O impacto da política “America First” sobre o sistema global

A visão de Trump está alinhada à sua política externa de “America First”, que rejeita estruturas multilaterais e favorece ações unilaterais para defender os interesses dos EUA.

Nessa lógica, qualquer tentativa de aumentar o poder de barganha de rivais estratégicos deve ser contida. China e Rússia, ambos membros do BRICS, figuram entre os principais adversários citados por Trump em seus discursos.

O fortalecimento do bloco poderia, em sua avaliação, reduzir a influência dos EUA sobre políticas monetárias e comerciais em várias regiões do mundo.

O discurso de Trump tem se traduzido em ações práticas, como pressões comerciais e ameaças de sanções. Ele chegou a mencionar a possibilidade de impor uma tarifa adicional de 10% a países que se aproximem do BRICS, embora essa medida ainda não tenha sido implementada.

A estratégia busca minar a coesão interna do grupo e impedir que ele consolide uma ordem multipolar que substitua a estrutura global liderada por Washington.

A evolução e o fortalecimento do BRICS no cenário internacional

O BRICS foi criado com o objetivo de construir uma ordem global baseada em consenso, solidariedade e benefícios mútuos.

Segundo o então primeiro-ministro indiano Manmohan Singh, em 2009, o grupo compartilhava a visão de crescimento inclusivo e prosperidade mundial, defendendo uma ordem estável e previsível baseada em regras.

A força do BRICS decorre não apenas de seu peso econômico, mas também da extensão territorial e populacional de seus membros.

Em 2012, os países assinaram a Declaração de Delhi, que expressava preocupações comuns com segurança alimentar e energética, terrorismo e mudanças climáticas.

No ano seguinte, criaram o Novo Banco de Desenvolvimento, concebido para reformar a arquitetura financeira internacional após a crise de 2008 e financiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável em países emergentes.

Essa instituição passou a rivalizar com organismos ocidentais tradicionais, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Expansão recente e novos patamares de influência

A relevância do BRICS aumentou significativamente com sua recente expansão. Em 2024, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos foram incorporados ao grupo, enquanto a Indonésia deverá aderir em 2025.

A Argentina também havia concordado em ingressar em 2024, mas desistiu após a eleição do presidente Javier Milei, alinhado aos EUA.

Com essa ampliação, a participação do BRICS no Produto Interno Bruto global subiu para 39% em 2023.

Os membros agora representam 48,5% da população mundial e ocupam 36% do território total do planeta. Além disso, respondem por 72% das reservas de minerais de terras raras, 43,6% da produção global de petróleo, 36% da produção de gás natural e 78,2% da produção de carvão.

Esses números evidenciam a posição do grupo como uma potência econômica e diplomática que, desde 2019, vem superando o desempenho agregado dos países do G7.

BRICS como alternativa estratégica para novos membros

Para apoiadores do bloco, a adesão ao BRICS oferece aos países uma oportunidade de ampliar sua capacidade comercial e diplomática, bem como de se proteger contra eventuais instabilidades provocadas por políticas externas norte-americanas.

Os membros do bloco têm buscado coordenar políticas nacionais e alinhar posições em fóruns internacionais, reunindo-se paralelamente às cúpulas da Assembleia Geral da ONU, do FMI, do Banco Mundial e do G20.

No entanto, há riscos associados a essa escolha. Uma percepção de ruptura com os sistemas tradicionais de alianças ocidentais pode acarretar redução de investimentos e de ajuda internacional.

Apesar disso, a maioria dos parceiros do BRICS, com exceção de Rússia e Irã, mantém relações amistosas ou neutras com países ocidentais.

É improvável que esses Estados apoiem medidas abertamente hostis aos interesses do Ocidente, o que atenua parte das preocupações.

A posição da Nova Zelândia diante da nova ordem internacional

As mudanças na ordem global, aceleradas pelas políticas isolacionistas de Donald Trump, forçam países de menor porte a reconsiderarem suas estratégias externas.

A Nova Zelândia, por exemplo, tem buscado proteger seus interesses diante da redistribuição de poder econômico e diplomático em direção à Ásia e ao Indo-Pacífico, regiões que já configuram o maior polo econômico e militar do planeta.

Ainda não está definido se a Nova Zelândia pretende se candidatar a uma vaga no BRICS, mas o tema tem ganhado relevância. Informação divulgada pelo The Conversation.

O país já participa do Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura, idealizado pela China, e assinou um acordo de livre-comércio com Pequim em 2008, sem sofrer consequências negativas.

Isso demonstra que parcerias com potências emergentes não implicam necessariamente afastamento de alianças tradicionais.

Procedimentos e implicações de uma eventual adesão

Novos membros podem ser convidados ou apresentar uma solicitação formal para adesão, a ser avaliada na cúpula anual do BRICS.

Também existe a possibilidade de tornar-se país parceiro, equivalente ao status de observador, que permite participar de cúpulas especiais e reuniões ministeriais, além de contribuir com documentos e declarações políticas.

Contudo, parceiros não podem sediar encontros nem selecionar novos membros.

Caso optasse por ingressar, a Nova Zelândia não precisaria deixar outras organizações multilaterais.

A participação no BRICS funcionaria como complemento, ampliando sua rede de alianças e aumentando sua margem de atuação diplomática em um contexto de crescente peso da Ásia e do Indo-Pacífico.

Essa flexibilidade torna o bloco atraente para países que buscam diversificar relações sem romper com estruturas existentes.

A tentativa de Trump de conter o avanço do BRICS

As iniciativas de Donald Trump para frear o avanço do BRICS ilustram a preocupação dos EUA com a emergência de polos alternativos de poder.

Ao atacar o livre comércio, organizações internacionais e tratados multilaterais, Trump contribuiu para acelerar a busca de alternativas por parte de economias emergentes.

A retórica de confrontação e a ameaça de tarifas adicionais reforçam essa percepção de risco, mesmo sem implementação concreta até o momento.

A estratégia de Trump reflete o temor de que a ascensão do BRICS possa diminuir a centralidade do dólar no sistema financeiro global e enfraquecer a capacidade dos EUA de impor sanções, controlar fluxos comerciais e influenciar políticas econômicas de outros países.

O fortalecimento do bloco, por sua vez, evidencia que a ordem internacional está passando por uma redistribuição de poder que desafia a supremacia norte-americana construída ao longo do século XX.

Um cenário de reconfiguração do poder mundial

A atual configuração geopolítica mostra que o BRICS se tornou um ator de peso, com recursos naturais estratégicos, capacidade industrial e crescente influência diplomática.

A tentativa de Donald Trump de desarticular o bloco revela a preocupação com a erosão da hegemonia dos EUA e com a emergência de uma ordem multipolar.

Nesse contexto, países como a Nova Zelândia avaliam com cautela as opções disponíveis, buscando proteger seus interesses e ampliar suas oportunidades comerciais e diplomáticas.

A trajetória do BRICS e a postura de Trump indicam que a disputa por influência global tende a se intensificar nos próximos anos, redefinindo alianças e redesenhando os centros de poder internacionais.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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