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Pequeno país APROVA CONSTRUÇÃO faraônica de US$ 67 bilhões e 1.541 km — China e Japão disputam a liderança do projeto HISTÓRICO

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 02/12/2024 às 21:05
CONSTRUÇÃO, obra
Foto: Reprodução

Um dos projetos mais caros já aprovados promete mudar o transporte internacional, enquanto as duas maiores economias asiáticas brigam pelo direito de liderar a construção.

A Assembleia Nacional do Vietnã aprovou, no dia 30 de novembro, um projeto de infraestrutura ambicioso: a construção de uma ferrovia de alta velocidade conectando Hanói, no norte, à Cidade de Ho Chi Minh, no sul.

Com um custo estimado em US$ 67 bilhões, o projeto promete transformar viagens, comércio e transporte no país ao longo de 1.541 quilômetros de rota.

A nova ferrovia será equipada para trens que alcançarão velocidades de até 350 km/h. Esse avanço reduzirá drasticamente o tempo de viagem entre as duas maiores cidades vietnamitas, de 30 horas para apenas cinco horas.

Além de oferecer um serviço eficiente para passageiros, o sistema também será projetado para transporte de cargas, com impacto direto no comércio e na logística nacional.

A construção está programada para começar em 2027, e as operações devem ser iniciadas em 2035. Durante esse período, o projeto atravessará 20 províncias e cidades, abrigando 23 estações de passageiros e cinco estações de carga.

Além disso, o vice-ministro dos Transportes, Nguyen Danh Huy, destacou a importância do empreendimento para atender às crescentes demandas de transporte no corredor norte-sul, o mais movimentado do Vietnã.

Segundo Nguyen, o trem-bala será um marco na reestruturação das estratégias de transporte no país. “Este projeto é fundamental para reestruturar o transporte e impulsionar o Vietnã rumo a uma nova era de crescimento”, afirmou o vice-ministro.

construção
Trecho da obra que estará em construção em 2027

O impacto econômico e social da construção

Especialistas acreditam que a nova ferrovia será um divisor de águas para o desenvolvimento do Vietnã. Dan Martin, consultor da Dezan Shira & Associates, destacou o potencial da CONSTRUÇÃO para dinamizar a economia vietnamita.

“Este projeto vai turbinar a economia ao facilitar que componentes cruciais cheguem aos centros de fabricação e ao agilizar a entrega de produtos acabados. Ele reduz os prazos de entrega e solidifica o papel do Vietnã nas cadeias de suprimentos globais”, explicou.

Atualmente, o transporte rodoviário domina a movimentação de pessoas e mercadorias no país. No entanto, as estradas são frequentemente criticadas por sua baixa densidade e altos custos operacionais. Essa infraestrutura deficiente tem limitado o crescimento econômico e restringido o Vietnã como destino de investimentos estrangeiros.

Além disso, a ferrovia desempenhará um papel estratégico na logística militar e no transporte de defesa. Com sua capacidade de movimentar tropas e equipamentos rapidamente, o projeto agrega valor adicional à segurança nacional.

Passado de desafios e ceticismo

Embora o Vietnã tenha sonhado com um trem-bala há quase duas décadas, o caminho para viabilizar o projeto foi repleto de obstáculos financeiros e políticos. Em 2010, a Assembleia Nacional rejeitou uma proposta semelhante. Na época, o custo estimado era de US$ 56 bilhões, mas foi considerado insustentável economicamente.

O economista Pham Chi Lan, uma crítica do projeto, argumentou que os recursos deveriam ser priorizados para atender às necessidades mais urgentes do país, como agricultura, educação e infraestrutura básica. “Este projeto é muito arriscado e muito luxuoso para o Vietnã, onde temos muitas outras coisas a fazer”, disse Pham em entrevista à Associated Press naquela época.

Além das preocupações financeiras, muitos questionaram a capacidade técnica e industrial do Vietnã para implementar uma ferrovia de alta velocidade.

Ao contrário da China, que desde o início dos anos 2000 construiu milhares de quilômetros de trilhos de alta velocidade, o Vietnã não possui o mesmo nível de expertise tecnológica, capacidade industrial ou excedentes financeiros para viabilizar um projeto dessa magnitude.

Porém, o cenário mudou. Países vizinhos, como Laos e Indonésia, avançaram em seus próprios projetos ferroviários, criando um “efeito demonstração” que incentiva o Vietnã a seguir na mesma direção.

Financiamento e desafios ambientais da construção

Embora o governo vietnamita planeje priorizar recursos internos para financiar o trem-bala, ele considera buscar empréstimos internacionais se as condições forem favoráveis. Ainda assim, o projeto enfrentará desafios significativos.

Um dos principais obstáculos será a realocação de 120 mil pessoas que vivem ao longo da rota planejada. A remoção de famílias inteiras demandará políticas robustas de compensação e reassentamento para minimizar os impactos sociais.

Além disso, o traçado da ferrovia exigirá a remoção de partes de florestas protegidas e campos de arroz, o que pode gerar preocupações ambientais. Esse fator pode dificultar ainda mais a execução do projeto, especialmente em um momento em que o Vietnã busca equilibrar crescimento econômico e sustentabilidade.

A disputa entre China e Japão pelo projeto

Com a aprovação da ferrovia, a competição entre China e Japão pelo envolvimento no projeto deve se intensificar. Esses dois países possuem vasta experiência em construção de ferrovias de alta velocidade e são os principais rivais no setor de infraestrutura no Sudeste Asiático.

A China, conhecida por sua habilidade em entregar projetos de alta velocidade a custos mais baixos, já expressou interesse em participar. Empresas chinesas acompanham o desenvolvimento do trem-bala vietnamita há anos e veem na CONSTRUÇÃO uma oportunidade para ampliar sua presença na região.

Uma fonte da indústria ferroviária chinesa afirmou ao Global Times que o envolvimento do país dependerá de como o Vietnã definirá os padrões técnicos e o modelo de financiamento. “Embora ainda haja muitas incertezas, acreditamos que as empresas chinesas têm uma boa chance de participar como contratantes parciais, especialmente em áreas como telecomunicações e sinalização ferroviária”, comentou a fonte.

Por outro lado, o Japão também se posiciona como forte concorrente. Sendo o maior doador de Assistência Oficial ao Desenvolvimento (ODA) do Vietnã, o Japão possui uma relação histórica com o país e já demonstrou interesse em financiar projetos de infraestrutura.

Em março de 2024, Shunichi Suzuki, então ministro das Finanças do Japão, reafirmou o compromisso japonês em apoiar a ferrovia vietnamita. Já em junho, durante uma reunião com o Ministério dos Transportes em Hanói, o embaixador japonês Ito Naoki destacou o forte interesse de Tóquio no projeto.

Essa rivalidade entre China e Japão reflete mais do que a busca por contratos lucrativos. Ela simboliza uma disputa geopolítica pela influência no Sudeste Asiático, região estratégica em termos de comércio global e logística.

Implicações geopolíticas

A decisão do Vietnã sobre qual país liderará o projeto terá grandes implicações para sua infraestrutura e posicionamento geopolítico. Embora a China seja um dos principais parceiros comerciais do Vietnã, as relações entre os dois países são marcadas por tensões, especialmente devido a disputas territoriais no Mar da China Meridional.

Ao mesmo tempo, o Vietnã tem fortalecido laços com o Japão, os Estados Unidos e outras nações que buscam equilibrar a influência chinesa na região. Esse contexto torna a escolha do parceiro para a ferrovia um movimento estratégico delicado.

O futuro do transporte no Vietnã

Independentemente do parceiro escolhido, a aprovação do trem-bala marca um momento transformador para o Vietnã. A ferrovia não apenas promete impulsionar o desenvolvimento econômico e melhorar a qualidade de vida, mas também posiciona o país como um ator relevante no cenário logístico global.

Se bem-sucedido, o projeto poderá servir como modelo para outras nações em desenvolvimento, mostrando como investimentos estratégicos em infraestrutura podem gerar benefícios econômicos e sociais de longo prazo.

O trem-bala não é apenas uma CONSTRUÇÃO de engenharia: é um símbolo do compromisso do Vietnã com o progresso e sua integração em um mundo cada vez mais conectado.

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Geraldo Arruda
Geraldo Arruda
04/12/2024 07:10

até o Vietnã vai ter um trem bala ?… É o Brasil esta ficando para trás ?…..
Que vergonha
Que tristezas !……

Miguel Souza
Miguel Souza
Em resposta a  Geraldo Arruda
04/12/2024 07:10

Brasil infringe-se em humildade e justiça comparando seu progresso, ou a falta dele….

Antonio
Antonio
Em resposta a  Geraldo Arruda
04/12/2024 16:38

Trem bala e deficitário no mundo todo. Só funciona a subsídio governamentais. Porque EUA não tem trem bala? É país capitalista, toda obra tem que ser lucrativa.

Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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