Fundada por imigrantes holandeses no pós-guerra, a pequena cidade em São Paulo transformou estufas e tradição em um império florido que responde por quase metade das flores do Brasil e movimenta bilhões todos os anos
A pequena cidade em São Paulo que domina o mercado latino-americano de flores é Holambra, localizada a 130 quilômetros da capital. Seu nome é a junção de Holanda, América e Brasil, um símbolo da fusão entre tradição europeia e empreendedorismo brasileiro.
Fundada em 1948 por imigrantes holandeses que chegaram após a Segunda Guerra Mundial, Holambra nasceu na antiga Fazenda Ribeirão. Com o tempo, o grupo transformou técnicas agrícolas trazidas da Europa em uma das cadeias de floricultura mais modernas e produtivas do continente, criando uma cidade que hoje é referência em tecnologia, organização e qualidade de vida.
O poder econômico das flores
Com pouco mais de 11 mil habitantes, Holambra é responsável por 40% a 45% de toda a produção nacional de flores e plantas ornamentais e cerca de 75% das exportações brasileiras do setor.
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O segredo está na eficiência coletiva: mais de 450 produtores integram a Cooperativa Veiling Holambra, o maior centro de distribuição de flores da América Latina, que realiza leilões diários e movimenta milhares de variedades.
Apenas em 2018, o negócio das flores movimentou R$ 8 bilhões, impulsionando não só a economia local, mas também cadeias de transporte, logística e turismo.
Cerca de 90% da produção ocorre em estufas automatizadas, com controle de temperatura, irrigação e fertilização digital, colocando a cidade em um patamar tecnológico comparável ao da Holanda, referência mundial no setor.
Uma cidade pequena com impacto internacional
Apesar do tamanho modesto, Holambra é a maior produtora e exportadora de flores da América Latina.
Seus produtos chegam a dezenas de países e sustentam uma reputação de qualidade associada à precisão holandesa.
Essa escala faz da cidade uma potência rural: o valor agregado por hectare e o nível de mecanização estão entre os mais altos do agronegócio brasileiro.
O cooperativismo é a espinha dorsal da cidade. O modelo de leilão eletrônico da Veiling Holambra, inspirado no sistema holandês, garante preços justos, agilidade e transparência.
Essa estrutura também contribui para o fortalecimento de pequenos produtores e o equilíbrio do mercado interno.
A capital das flores e do turismo
Além da força produtiva, Holambra é um polo turístico consolidado.
A Expoflora, maior exposição de flores e plantas ornamentais da América Latina, acontece anualmente e atrai até 1,5 milhão de visitantes.
O evento marca a chegada da primavera e transforma a cidade em um espetáculo de cores, aromas e cultura.
Os visitantes encontram campos floridos, arquitetura holandesa, gastronomia típica e moinhos de vento que reforçam o charme europeu no coração paulista.
O Museu Histórico de Holambra preserva fotos, objetos e documentos da colonização, enquanto cafés e docerias locais celebram o encontro entre tradição holandesa e hospitalidade brasileira.
Comparativos e influência internacional
Em termos de tecnologia e escala, Holambra supera seus vizinhos latino-americanos.
Enquanto outros países da região mantêm produções artesanais, a cidade paulista opera em padrões industriais, com automação e controle de qualidade semelhantes aos da Holanda.
No mercado mundial, Holambra ocupa posição estratégica: mesmo que a Holanda e a Colômbia sejam líderes globais, a cidade brasileira é considerada o principal polo de flores do Hemisfério Sul.
O sistema de cooperativismo, as práticas sustentáveis e o uso racional da água a colocam como modelo de produção limpa e eficiente.
A herança cultural e o estilo de vida europeu
A influência holandesa não se limita ao campo.
Casas coloridas, bicicletas nas ruas e festas típicas reforçam o espírito europeu no interior paulista.
A culinária local traz iguarias como o stroopwafel e pratos à base de batata e carne de porco, enquanto os moradores preservam danças, trajes e celebrações herdadas dos primeiros colonos.
Holambra também se destaca por seu alto Índice de Desenvolvimento Humano (0,793), um dos maiores do estado, reflexo do equilíbrio entre agricultura moderna, renda per capita elevada e qualidade de vida.