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Pedreiros relatam crise no Brasil: diária de R$ 200 e aumento de apenas R$ 50 em 13 anos revela desvalorização da categoria

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 10/11/2025 às 16:49
Profissionais da construção civil no Brasil denunciam que as diárias não acompanham a inflação e a categoria vive desvalorização histórica
Profissionais da construção civil no Brasil denunciam que as diárias não acompanham a inflação e a categoria vive desvalorização histórica
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Pedreiros e serventes enfrentam dificuldades para manter a profissão diante da estagnação dos salários e do aumento constante do custo de vida. A categoria afirma que, em mais de 13 anos, a diária subiu apenas R$50.

O debate sobre o valor pago a pedreiros e serventes ganha força no Brasil, onde muitos profissionais relatam dificuldades para equilibrar o custo de vida com a remuneração.

A insatisfação é crescente, especialmente entre quem atua em bairros mais humildes das cidades brasileiras, onde os contratantes relutam em pagar o valor que os trabalhadores consideram justo.

Já nas regiões mais ricas, o pagamento tende a ser um pouco melhor, mas ainda aquém das expectativas.

Valorização distante da realidade

Os trabalhadores apontam que a diferença de valores entre bairros é expressiva. Em locais de maior poder aquisitivo, há quem pague um pouco mais, mas a média geral ainda preocupa.

A percepção é de que o aumento das diárias não acompanhou o crescimento dos preços nos últimos anos. Um pedreiro que há mais de uma década recebia R$ 150 por dia, hoje recebe cerca de R$ 200.

Segundo os relatos, o acréscimo de apenas R$ 50 em 13 anos mostra o quanto a profissão perdeu espaço frente à inflação e à alta dos custos de vida.

Essa defasagem torna o trabalho cada vez mais desafiador. Muitos afirmam que, mesmo gostando do que fazem, a motivação diminui quando percebem que o retorno financeiro não cobre as despesas básicas.

A gente trabalha, mas no fim do mês o dinheiro mal dá para o essencial”, é o sentimento comum entre os profissionais.

Serventes ganham menos e enfrentam mais obstáculos

O cenário é ainda mais difícil para os serventes, que recebem as menores diárias da categoria. Um trabalhador iniciante, que ainda está aprendendo, ganha cerca de R$ 100 por dia.

Aqueles com um pouco mais de experiência, capazes de preparar massa ou auxiliar em pequenos serviços, conseguem R$ 120.

Já os serventes mais experientes, que dominam tarefas como chapiscar, desempenar e dar acabamento em paredes, chegam a receber R$ 150.

Mesmo assim, o valor é considerado baixo diante da carga física exigida e do custo crescente dos produtos básicos.

Muitos relatam que, ao final do mês, o ganho não cobre alimentação, transporte e ferramentas. A situação reforça a desigualdade dentro da própria profissão, em que o aprendizado e a prática não se traduzem em melhores condições financeiras.

Pedreiros qualificados lutam por reconhecimento

Os pedreiros mais experientes enfrentam o mesmo dilema. Em média, um profissional qualificado recebe R$ 200 por dia em Belo Horizonte, por exemplo.

Em bairros de alto padrão, o valor pode alcançar R$ 250 ou até R$ 300, mas casos assim são raros. A maioria continua recebendo o mesmo patamar há anos, mesmo com a qualidade e a produtividade do trabalho.

Essa disparidade desanima muitos profissionais, que sentem que a excelência não é devidamente recompensada.

Em alguns casos, o pedreiro é reconhecido pelo cliente, mas o valor pago não reflete o esforço, o tempo de experiência nem a responsabilidade envolvida em cada obra. “O pessoal sabe que o serviço é bom, mas mesmo assim tenta pagar o mínimo possível”, lamentam os trabalhadores.

Negociação difícil e pressão dos custos

Negociar o preço do serviço tornou-se uma tarefa delicada. Muitos clientes alegam não ter condições de pagar mais, enquanto os pedreiros argumentam que o valor atual já não cobre as despesas.

A alta nos preços de alimentos, transporte e materiais de construção afeta diretamente o orçamento dos profissionais, que acabam tendo que aceitar menos do que consideram justo.

Esse impasse cria um ciclo de insatisfação. De um lado, clientes que tentam economizar; de outro, trabalhadores que se sentem desvalorizados. “Está difícil pra quem paga e pra quem trabalha”, é o resumo mais ouvido entre os que vivem da construção civil.

Mesmo quem atua há décadas no setor reconhece que, em alguns casos, é melhor recusar um serviço do que trabalhar por um valor que não compensa o esforço.

Diferenças regionais e custo de vida

As variações também aparecem entre cidades mineiras. Em algumas localidades do interior, o valor pago chega a ser semelhante ao da capital, mas o custo de vida mais baixo torna a renda um pouco mais equilibrada.

Em outras, há relatos de diárias um pouco melhores, especialmente em regiões com menos profissionais disponíveis. Mesmo assim, a insatisfação geral é a mesma: o preço do trabalho não acompanhou a realidade econômica.

Essas comparações mostram que o problema não está restrito a Belo Horizonte. Em diferentes regiões, pedreiros e serventes enfrentam os mesmos desafios e percebem que o aumento dos preços de alimentos, transporte e aluguel anulou qualquer ganho adicional obtido ao longo dos anos.

Inflação e estagnação da renda

O ponto que mais causa indignação entre os profissionais é o descompasso entre inflação e remuneração. E

m mais de uma década, a diária média aumentou apenas R$ 50, valor insuficiente para cobrir sequer o aumento no custo de alimentação e energia. A comparação reforça a percepção de que a categoria ficou para trás nas políticas de valorização profissional.

Além disso, muitos relatam que, em determinadas épocas, chegam a ficar sem serviço, o que torna ainda mais difícil manter o sustento da família. Essa instabilidade, somada à baixa valorização, contribui para a sensação de desânimo.

Persistência e esperança

Mesmo diante das dificuldades, muitos profissionais mantêm a esperança de dias melhores. Acreditam que o reconhecimento virá quando a sociedade entender o valor da mão de obra na construção civil.

Também reconhecem que, em meio às dificuldades, ainda existem clientes justos que valorizam o trabalho e pagam o que é combinado.

Para esses trabalhadores, a profissão é mais que um meio de sustento: é um ofício de dedicação e orgulho. Apesar da desvalorização e dos desafios, continuam firmes, confiando que o esforço será recompensado. “A gente segue enquanto der, nas mãos de Deus”, é a mensagem que resume o sentimento de perseverança diante das incertezas do setor.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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