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Participação dos fornecedores privados de gás natural no mercado brasileiro não deve crescer sem os investimentos necessários em infraestrutura, aponta diretor da Abegás

Escrito por Ruth Rodrigues
Publicado em 03/02/2023 às 23:11
Atualizado em 21/03/2023 às 20:09
O diretor de estratégia da associação de distribuidores Abegás, Marcelo Mendonça, relatou a necessidade de novos investimentos em infraestrutura no país. Somente assim a participação de fornecedores privados de gás natural no mercado poderá se expandir.
Foto: Generac/Divulgação

O diretor de estratégia da associação de distribuidores Abegás, Marcelo Mendonça, relatou a necessidade de novos investimentos em infraestrutura no país. Somente assim a participação de fornecedores privados de gás natural no mercado poderá se expandir.

As projeções de Marcelo Mendonça, diretor de estratégia e mercado da Associação de Distribuidores de Gás (Abegás), para o futuro do mercado nacional do combustível, não estão muito positivas. Ele acredita que, caso não haja novos investimentos em infraestrutura no setor de gás natural, a participação dos fornecedores privados no mercado não deve passar dos 10%. Essa não é uma questão política, mas deve ser considerada pelo Governo atual durante a sua gestão, como aponta o especialista.

Diretor da Abegás acredita que participação dos fornecedores privados de gás natural não deve passar de 10% no mercado brasileiro na conjuntura atual 

O mercado nacional de gás natural ainda é comandado, em sua maioria, pela Petrobras e a sua presença em todas as regiões.

No entanto, nos últimos anos, os fornecedores e as distribuidoras privadas do combustível vêm tomando um novo lugar no segmento não termelétrico.

Apesar disso, Marcelo Mendonça acredita que, sem os investimentos necessários em infraestrutura, a participação dessas companhias no mercado do produto não passará dos atuais 10%.

O diretor da Abegás acredita que a conjuntura atual do cenário brasileiro deve ser fortemente alterada para fomentar um crescimento dos fornecedores privados.

“O Brasil precisa aumentar a oferta para diversificar os fornecedores. E isso depende da viabilização de novas rotas para o fluxo de gás natural, unidades de processamento e novos dutos de transporte e distribuição”, disse ele.

Ele destacou ainda que essa não é uma questão política. Segundo ele, o problema já estava acontecendo durante os antigos governos do PT, persistiu no Governo Bolsonaro e deve ser considerado pelo atual Governo Lula.

Para o diretor da Abegás, é essencial que o Governo Federal estimule o mercado privado de gás natural por meio de investimentos em infraestrutura ao longo dos próximos anos.

Somente assim, haverá um cenário favorável para novos investidores assumirem empreendimentos de abastecimento do produto no mercado brasileiro.

Papel da Petrobras ainda é dominante no cenário, impedindo crescimento de fornecedores privados sem os investimentos necessários

Algumas iniciativas no mercado do gás natural levaram à atual conjuntura de baixa participação dos fornecedores privados.

Em 2019, a estatal Petrobras assinou um acordo com o Cade para a venda de ativos de gás de midstream e downstream para permitir a concorrência com players privados.

Já em abril de 2021, o Brasil aprovou um novo ambiente regulatório destinado a liberalizar o setor, atraindo investimentos privados e reduzindo preços.

Apesar disso, a Petrobras ainda mantém um alto poder no segmento de fornecimento do combustível em todo o país.

Isso acontece porque ela é, atualmente, proprietária da maior infraestrutura de transporte e abastecimento do gás natural no território brasileiro.

Dessa forma, mesmo com os investimentos do setor privado, os fornecedores acabam não conseguindo competir com a conjuntura atual da estatal.

Outro ponto do cenário atual brasileiro que preocupa o diretor da Abegás é o rápido crescimento vertical da Cosan, produtora de etanol e açúcar.

Ela controla a maior concessionária de distribuição de gás do país, a Comgás, e também comprou a Gaspetro.

Para Mendonça, o cenário futuro deve ser marcado por atrações de empresas privadas para o fornecimento do produto.

“São contratos spot que atendem termelétricas flexíveis. Não podemos esperar pela próxima crise hídrica para tentar resolver o problema”, destaca ele.

Com os investimentos corretos no mercado nacional de gás natural, as projeções do diretor da Abegás podem ser contrariadas no futuro.

Ruth Rodrigues

Formada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), atua como redatora e divulgadora científica.

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