Projeto de energia limpa reacendeu um impasse centenário entre Brasil e Uruguai
Desde 2023, o funcionamento do parque eólico brasileiro Cerro Chato, próximo ao Arroio Invernada, tem causado atritos diretos com o Uruguai.
O empreendimento fica em Sant’Ana do Livramento (RS). Está dentro de terras reconhecidas pelo Brasil.
Autoridades uruguaias questionam a delimitação exata dessa região.
Essa disputa ressurgiu, sobretudo após 2024, quando moradores uruguaios relataram barulhos constantes e ruídos noturnos.
Eles afirmam que os impactos ambientais extrapolariam a fronteira definida pelo Tratado de 1851.
Ruídos reacendem disputa
Em junho de 2024, moradores de Rivera denunciaram ao jornal El País os incômodos diários causados pelas hélices.
O barulho incomoda principalmente durante a noite.
O governo uruguaio enviou notas diplomáticas cobrando explicações sobre o impacto transfronteiriço.
Por outro lado, técnicos brasileiros afirmam que todos os relatórios ambientais seguem normas do Ibama e da Fepam.
Eles garantem que não há violação de limites territoriais.
Ainda assim, o tema gerou audiências em Montevidéu.
O Itamaraty reforça que não existe alteração de marcos.
Histórico de tensões
Desde o século XIX, Brasil e Uruguai discutem a soberania de pequenas faixas de terra na fronteira sul.
O Tratado de 1851 fixou os limites.
No entanto, os dois países interpretaram de forma distinta ao longo do tempo.
Em 1910, uma comissão mista tentou estabelecer marcos mais precisos.
Mesmo assim, divergências persistiram em áreas rurais pouco habitadas.
A construção do parque eólico em 2022 reacendeu o debate.
Ele foi inaugurado oficialmente em março de 2023.
A energia gerada é escoada para o lado brasileiro.
Vizinhos uruguaios afirmam que isso afeta diretamente sua qualidade de vida.
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Argumentos oficiais
Em abril de 2025, o Itamaraty reafirmou, por nota, que o Brasil não considera abrir nova negociação territorial.
O governo do Uruguai exige monitoramentos mais rigorosos.
O Instituto Uruguaio de Meteorologia mediu alterações na fauna local.
Esses dados foram divulgados pela agência EFE em maio de 2025.
Apesar das reclamações, autoridades gaúchas reforçam que o empreendimento gera empregos diretos em Sant’Ana do Livramento.
A operação respeita normas internacionais de energia renovável.
Assim, o Brasil quer evitar que uma questão técnica vire um impasse diplomático maior.
Próximos passos para solução
A questão territorial não deve avançar formalmente.
Mesmo assim, representantes dos dois países criaram um grupo de trabalho em junho de 2025.
Há previsão de nova rodada de diálogo em setembro de 2025.
Essa informação foi confirmada pelo Ministério das Relações Exteriores do Uruguai.
Enquanto isso, moradores de Rivera seguem reclamando da proximidade das turbinas.
O Brasil avalia medidas de mitigação sonora.
A meta é ampliar a matriz renovável sem conflitos regionais.
O caso mostra como projetos sustentáveis podem ressuscitar questões históricas.
Além disso, desafiam a diplomacia regional.