ExxonMobil e CEPETRO desenvolvem ferramentas inovadoras para simular reservatórios de petróleo com alta precisão.
O Centro de Estudos de Energia e Petróleo (CEPETRO), da Unicamp, deu início a um projeto de pesquisa inédito em parceria com a ExxonMobil Brasil. A iniciativa, que teve início em julho de 2025 e terá duração de quatro anos, visa desenvolver ferramentas computacionais de ponta para simular, com mais precisão, os comportamentos de reservatórios de petróleo e gás natural.
Com financiamento da ExxonMobil, por meio da cláusula de investimentos obrigatórios em P&D no Brasil, o projeto mobiliza uma equipe multidisciplinar da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FECFAU) da Unicamp, sob liderança do professor Philippe Devloo.
Ferramentas para desafios multiescala em poços de petróleo
A primeira linha de pesquisa tem como foco a modelagem da interação entre poço e reservatório. Liderada por Philippe Devloo, a proposta é criar ferramentas capazes de representar com fidelidade estruturas minúsculas, como poços de 25 centímetros de diâmetro, dentro de reservatórios que se estendem por quilômetros.
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“É um problema multiescala. Em geral, os modelos de reservatório não incluem a geometria do poço com a devida resolução, o que compromete a utilidade da simulação para o engenheiro de poço”, explica Devloo.
A modelagem busca estimar como a produção ou injeção afeta propriedades como porosidade, temperatura e tensão.
Fraturamento hidráulico: nova geração de simulação computacional
A segunda frente do projeto, coordenada por Nathan Shauer, trata da modelagem do fraturamento hidráulico, técnica que injeta fluidos sob alta pressão para abrir fissuras em rochas porosas.
O desafio é monitorar esse processo em grandes profundidades. “O problema ocorre a vários quilômetros de profundidade, onde não se vê a fratura. Saber onde ela está, como se propagou, é fundamental para tomar decisões sobre tempo de bombeamento, tipo de fluido e outros parâmetros operacionais”, destaca Shauer.
O trabalho incluirá a evolução de um software tridimensional com validação experimental, criado durante o doutorado de Shauer, agora adaptado para aplicações industriais mais complexas.
Injeção de CO₂ e riscos geológicos em reservatórios
Coordenada por Thiago Dias dos Santos, a terceira linha foca na injeção de dióxido de carbono (CO₂) em reservatórios subterrâneos, prática usada tanto para recuperação de petróleo quanto para o sequestro de carbono.
Apesar dos benefícios ambientais, o comportamento do CO₂ ainda é incerto. “O CO₂ é um gás extremamente complexo. Ele pode formar sais que obstruem poros, alterar a acidez e até interferir na qualidade do petróleo”, afirma Devloo.
O objetivo é criar ferramentas que simulem com maior precisão esses efeitos, antecipando riscos e oferecendo base para decisões operacionais mais seguras.
Risco sísmico e reativação de falhas geológicas
A quarta vertente, conduzida por Gustavo Henrique Siqueira, estuda os impactos da produção e injeção de fluidos na reativação de falhas geológicas.
Nathan Shauer explica: “Essas falhas estão sob tensão há milhares de anos. Quando o equilíbrio é alterado, mesmo minimamente, o deslizamento pode ocorrer e causar um tremor”.
Com base nisso, serão desenvolvidos modelos para prever esses eventos e embasar medidas preventivas, principalmente em regiões sensíveis.
ExxonMobil aposta em inovação para a indústria do petróleo
Ao apoiar financeiramente o projeto do CEPETRO, a ExxonMobil reforça seu compromisso com a inovação tecnológica e a segurança operacional no setor de petróleo.
As ferramentas geradas ao longo dos próximos anos têm potencial para transformar a forma como engenheiros modelam, avaliam e decidem sobre as operações em campos petrolíferos.
Com isso, Brasil e ExxonMobil caminham juntos para uma indústria mais eficiente, segura e sustentável.