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Países correm na direção contrária ao clima e planejam exploração recorde de fósseis, alerta estudo de 2025

Escrito por Caio Aviz
Publicado em 23/09/2025 às 00:00
Exploração de combustíveis fósseis com mina de carvão, bomba de petróleo e chaminés emitindo fumaça em 2025.
Infraestrutura de carvão, petróleo e gás ilustra o avanço dos fósseis além das metas do Acordo de Paris.
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Estudo mostra avanço da produção de carvão, petróleo e gás apesar do Acordo de Paris

Um relatório global divulgado em 22 de setembro de 2025 revelou que os governos planejam produzir 120% mais combustíveis fósseis até 2030 do que o compatível com a meta de limitar o aquecimento a 1,5°C. Além disso, esse volume também ultrapassa em 77% o limite necessário para conter a elevação em 2°C, estabelecido no Acordo de Paris de 2015, assinado há dez anos. Portanto, a diferença entre compromisso e prática continua aumentando.

Expansão em desacordo com compromissos climáticos

De acordo com o Relatório Lacuna de Produção 2025, elaborado pelo Stockholm Environment Institute (SEI), Climate Analytics e International Institute for Sustainable Development (IISD), a análise de 20 grandes produtores responsáveis por 80% da produção global mostra uma expansão preocupante.

Além disso, o documento aponta que a situação piorou em relação a 2023, quando o excesso era de 110% para a meta de 1,5°C e 69% para 2°C. Assim, em apenas dois anos, a diferença aumentou, o que evidencia um retrocesso nos esforços climáticos.

Investimentos em risco de obsolescência

O relatório também reforça que a expansão da infraestrutura fóssil representa desperdício de recursos públicos e privados. Isso acontece porque ativos intensivos em carbono inevitavelmente perderão valor à medida que a transição energética avança em ritmo crescente.

Além disso, os pesquisadores destacam que 17 dos 20 países analisados planejam aumentar a produção de pelo menos um combustível fóssil até 2030. Mais grave ainda, 11 dessas nações revisaram suas metas para cima desde 2023, o que demonstra um agravamento claro da lacuna de produção.

Brasil em contradição antes da COP30

O relatório também coloca o Brasil no centro do debate. Isso ocorre porque o país, embora busque se firmar como líder climático regional, ao mesmo tempo se prepara para sediar a COP30 em Belém no fim de 2025. Entretanto, o Brasil mantém projetos de expansão na exploração do pré-sal, o que gera contradições em relação aos compromissos climáticos assumidos pelo governo Lula.

Além disso, apenas seis países apresentam políticas compatíveis com a neutralidade de carbono em 2025, contra quatro em 2023. Assim, fica evidente que a transição para renováveis avança de forma lenta, mesmo com custos em queda e expansão acelerada.

Nesse cenário, a ex-secretária-executiva da Convenção do Clima da ONU, Christiana Figueres, declarou em setembro de 2025: “As renováveis inevitavelmente substituirão os fósseis, mas precisamos de medidas urgentes para fechar a lacuna a tempo.”

Impactos da inação sobre populações vulneráveis

A diretora do Programa de Transições Justas do SEI, Emily Ghosh, afirmou que a questão ultrapassa o campo ambiental. Segundo ela, “sem compromissos concretos, novos atrasos consolidarão emissões e agravarão os impactos climáticos sobre as populações mais vulneráveis.”

Além disso, o relatório pede que os países implementem o Consenso dos Emirados Árabes Unidos, firmado na COP28 em Dubai em 2023. Esse acordo prevê a eliminação gradual dos subsídios ineficientes aos fósseis, o que poderia liberar recursos essenciais para tecnologias limpas.

Ainda em setembro de 2025, o coautor Olivier Bois von Kursk reforçou o alerta: “O aumento nos planos de expansão de fósseis nos últimos dois anos é alarmante. Para evitar os piores impactos, governos devem interromper novos investimentos fósseis e apoiar indústrias limpas do futuro.”

Principais pontos destacados no relatório

  • Data de divulgação: 22 de setembro de 2025
  • Instituições responsáveis: SEI, Climate Analytics e IISD
  • Países analisados: 20, responsáveis por 80% da produção global
  • Excesso de produção planejada: 120% acima da meta de 1,5°C e 77% da meta de 2°C
  • Situação em 2023: 110% e 69% acima, respectivamente
  • Brasil em evidência: incluído entre os produtores em expansão, mesmo às vésperas da COP30
  • Medida urgente: eliminação de subsídios fósseis para financiar tecnologias limpas

O que o futuro reserva para a transição energética?

O relatório mostra que a continuidade na dependência de fósseis ameaça metas climáticas globais e impõe riscos econômicos. Além disso, ativos intensivos em carbono tendem a se tornar obsoletos, enquanto fontes renováveis continuam expandindo em escala global.

Portanto, até a COP30, marcada para novembro de 2025, os países terão de demonstrar se estão dispostos a corrigir seus planos energéticos. Afinal, a decisão entre manter a expansão fóssil ou apostar em renováveis definirá não apenas o sucesso das metas climáticas, mas também a competitividade econômica internacional.

O que você acha: os governos devem acelerar a transição energética com investimentos em renováveis ou manter a expansão fóssil em busca de ganhos imediatos? Deixe sua opinião!

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Caio Aviz

Escrevo sobre o mercado offshore, petróleo e gás, vagas de emprego, energias renováveis, mineração, economia, inovação e curiosidades, tecnologia, geopolítica, governo, entre outros temas. Buscando sempre atualizações diárias e assuntos relevantes, exponho um conteúdo rico, considerável e significativo. Para sugestões de pauta e feedbacks, faça contato no e-mail: avizzcaio12@gmail.com.

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