Ações de Donald Trump contra países do BRICS são vistas como tentativa de enfraquecer o bloco e proteger a hegemonia do dólar, segundo O Globo
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem feito um ataque preventivo para fragmentar o BRICS, de acordo com integrantes do governo brasileiro e especialistas ouvidos pelo jornal O Globo. A avaliação é que a Casa Branca age para evitar que o grupo avance em debates sobre alternativas ao dólar no comércio internacional, tema que vem sendo defendido por líderes como Lula.
As medidas de Trump, que incluem tarifas pesadas contra Brasil e Índia, são interpretadas como estratégia para pressionar os países mais expostos e criar divisões internas no bloco. Embora os avanços do BRICS ainda sejam graduais, o receio dos EUA é de que qualquer movimento de autonomia monetária possa abalar sua posição dominante no sistema financeiro global.
Quem são os alvos preferenciais do ataque de Trump ao BRICS?
Brasil e Índia foram os mais atingidos pelas tarifas recentes impostas pelos EUA. No caso brasileiro, a sobretaxa de 50% sobre exportações foi interpretada como uma forma de desestabilizar o país, que preside o bloco em 2025. Já a Índia, que assumirá a presidência em 2026, sofreu sanções adicionais por causa da compra de petróleo da Rússia, alvo de restrições americanas devido à guerra na Ucrânia.
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A pressão sobre esses dois países é vista como uma tentativa de dividir o BRICS a partir de suas principais democracias. Enquanto isso, nações como China e Rússia seguem aprofundando relações bilaterais, inclusive em moedas locais, o que reforça a percepção em Washington de um movimento contrário à hegemonia do dólar.
Por que o BRICS incomoda os Estados Unidos?
O BRICS, formado originalmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, se expandiu em 2024 para 11 membros, incluindo Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes, Irã, Indonésia e Etiópia. O aumento do bloco ampliou seu alcance geopolítico, mesmo que as iniciativas ainda estejam em estágio inicial.
Para Trump, a simples possibilidade de os países do BRICS negociarem em moedas locais já representa um desafio à supremacia do dólar. Apesar de especialistas destacarem que a criação de uma moeda única é improvável no curto prazo, os EUA interpretam a pauta como um risco direto a sua liderança econômica mundial.
Quais as interpretações sobre a estratégia de Trump?
Especialistas em relações internacionais apontam que o ataque preventivo de Trump ao BRICS tem caráter político, econômico e simbólico. A diretora do Brics Policy Center, Marta Fernández, destaca que Washington reage mesmo diante de medidas iniciais, por temer que o grupo crie alternativas reais ao dólar.
Já para Rubens Duarte, professor da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, a pressão é uma forma de testar a lealdade de parceiros tradicionais, explorando divisões internas de cada país. No caso do Brasil, há ainda a interpretação de que Trump tenta influenciar a política doméstica ao condicionar negociações a decisões internas, como processos no Supremo Tribunal Federal.
Vale a pena apostar no fortalecimento do BRICS?
Apesar das pressões externas, especialistas lembram que o BRICS não busca substituir a hegemonia dos EUA, mas sim ampliar alternativas comerciais. Marcos Caramuru, ex-embaixador do Brasil na China, afirma que a discussão central é sobre sistemas de pagamento mais ágeis e uso de moedas locais, e não sobre acabar com o dólar.
A evolução do BRICS depende da capacidade dos países em manter cooperação mesmo diante das tentativas de fragmentação. Para o Brasil, isso significa equilibrar a relação com os EUA, seu terceiro maior parceiro comercial, sem abrir mão da aproximação com China e Índia, que hoje lideram o comércio dentro do grupo.
Os ataques de Trump ao BRICS são interpretados como uma jogada preventiva para enfraquecer o bloco antes que ele avance em medidas concretas contra a hegemonia do dólar. Embora os debates internos ainda sejam graduais, a pressão americana expõe o peso geopolítico que o grupo vem ganhando.
E você, acredita que o BRICS conseguirá resistir às pressões dos EUA e consolidar novas formas de comércio internacional ou o bloco tende a se fragmentar diante dos ataques preventivos de Trump? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir sua visão sobre esse embate global.