Países ricos em petróleo, como Arábia Saudita, Emirados Árabes e Catar, estão mudando o foco econômico e investindo bilhões em um novo setor promissor, com potencial de valer US$ 1 trilhão até 2027
Os fundos soberanos do Oriente Médio desempenham um papel crucial no cenário global de investimentos, especialmente devido à sua forte ligação com o setor de petróleo. Esses fundos, geralmente alimentados pelas vastas receitas geradas pela exportação de petróleo, são usados por países como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Qatar para diversificar suas economias e assegurar estabilidade financeira para o futuro.
Em paralelo, nos últimos anos, a inteligência artificial (IA) emergiu como um dos principais motores da inovação tecnológica em escala global.
Com avanços notáveis em diversas áreas, como aprendizado de máquina, automação e processamento de linguagem natural, a IA vem moldando o futuro de indústrias inteiras e redefinindo a maneira como as empresas operam.
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O mercado de IA, anteriormente focado em pequenas iniciativas tecnológicas. Porém, agora está em uma trajetória de crescimento acelerado, com potencial de atingir entre US$ 780 bilhões e US$ 990 bilhões até 2027, conforme estimativas da Bain.
Neste cenário, países do Oriente Médio, historicamente dependentes das receitas do petróleo, estão mudando seu foco para investimentos estratégicos no setor de IA, preparando-se para um futuro tecnológico.
O Crescimento acelerado da IA e seu potencial de mercado
A IA generativa, uma das áreas mais promissoras da inteligência artificial, tem sido responsável por impulsionar essa transformação.
Segundo o CEO da Nvidia, Jensen Huang, a IA generativa representa a maior expansão de mercado de hardware e software em várias décadas.
Empresas líderes em tecnologia, como Microsoft, Google e Meta, estão desenvolvendo modelos de IA cada vez mais avançados, com uma demanda crescente por infraestrutura robusta, data centers de alta capacidade e maior poder computacional.
Esse movimento está criando uma corrida global por inovação, com players do setor privado e soberanos buscando capitalizar sobre o potencial desse mercado emergente.
De acordo com previsões, o mercado de IA continuará a crescer de forma substancial, impulsionado por investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D), bem como pela integração de IA em produtos e serviços do cotidiano.
Grandes provedores de serviços de nuvem e software como serviço estão liderando essa expansão, com foco em inovação contínua e desenvolvimento de novos produtos baseados em IA.
Oriente Médio: Da dependência do Petróleo à liderança em IA
No Oriente Médio, uma transformação silenciosa, mas poderosa, está em andamento. Tradicionalmente conhecidos por sua dependência nas exportações de petróleo, países como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Qatar estão diversificando suas economias e utilizando seus fundos soberanos para investir em setores inovadores, como a inteligência artificial.
Esse movimento estratégico é impulsionado pela necessidade de adaptação a um futuro onde a energia limpa e as tecnologias sustentáveis dominam o mercado, em detrimento dos combustíveis fósseis.
Os fundos soberanos da região, como o Fundo de Investimento Público Saudita (PIF) e a Mubadala de Abu Dhabi, estão se destacando como importantes financiadores de startups de IA no Vale do Silício.
Em 2022, o financiamento desses fundos aumentou cinco vezes, segundo dados da Pitchbook. O fundo MGX, dos Emirados Árabes Unidos, é um exemplo marcante, tendo investido recentemente na OpenAI, elevando a avaliação da empresa para US$ 150 bilhões.
Além disso, o fundo Mubadala firmou parcerias estratégicas com gigantes como Microsoft e BlackRock para levantar até US$ 100 bilhões destinados à construção de infraestrutura de IA.
Impulsionando a revolução da IA com dinheiro do petróleo
Com a alta nos preços da energia nos últimos anos, os fundos soberanos do Oriente Médio acumulam vastos recursos que estão sendo direcionados para o setor de IA.
Entre os maiores players, o Fundo de Investimento Público Saudita (PIF) conta com mais de US$ 925 bilhões em ativos, enquanto o Abu Dhabi Investment Authority gerencia cerca de US$ 1 trilhão.
Esses fundos têm o poder econômico necessário para moldar o futuro da IA, tanto no Oriente Médio quanto no cenário global.
Além de investimentos em IA, esses fundos também atuam em setores estratégicos, como esportes, infraestrutura e tecnologia. O PIF, por exemplo, investiu bilhões na Uber e em iniciativas esportivas, como a liga de golfe LIV e o futebol profissional.
Além disso, está em negociações para formar uma parceria de US$ 40 bilhões com a Andreessen Horowitz, uma das mais renomadas empresas de capital de risco dos EUA.
Geopolítica e investimentos estratégicos em IA
Os investimentos em IA por parte dos países do Oriente Médio não são apenas uma questão econômica, mas também geopolítica.
Para os Estados Unidos, garantir que aliados estratégicos, como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, invistam em empresas americanas é uma prioridade. Isso evita que nações concorrentes, como a China, dominem o setor tecnológico global.
Como destacou Jared Cohen, do Goldman Sachs Global Institute, o capital proveniente de países como Arábia Saudita e Emirados Árabes está moldando o futuro econômico e político global, tornando-os atores geopolíticos influentes.
No entanto, essas parcerias enfrentam desafios. Algumas startups ocidentais, como a Anthropic, recusaram investimentos da Arábia Saudita devido a preocupações com segurança nacional e questões de direitos humanos.
O assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, em 2018, gerou uma reação negativa na comunidade empresarial global, levando alguns investidores a se distanciarem de parcerias com o país.
Mesmo assim, a Arábia Saudita está determinada a se tornar líder global em IA, com a criação da Saudi Company for Artificial Intelligence (SCAI), um fundo dedicado exclusivamente ao desenvolvimento de IA.
O futuro da IA: Desafios e oportunidades
O crescimento explosivo da IA traz consigo uma série de desafios. O aumento da demanda por data centers e poder computacional está pressionando infraestruturas energéticas ao redor do mundo. Grandes data centers, que consomem cerca de 100 megawatts atualmente, estão crescendo em escala para gigawatts, sobrecarregando as redes elétricas e criando uma necessidade urgente de soluções mais eficientes e sustentáveis.
Além disso, empresas e governos estão buscando maneiras de reduzir a latência e aumentar a segurança no uso de IA generativa.
Pequenos modelos de linguagem, desenvolvidos para tarefas específicas, estão se tornando cada vez mais importantes, oferecendo uma alternativa mais eficiente em termos de energia e custo. Startups e fornecedores de software independentes também estão correndo para incorporar IA em seus produtos, criando um ecossistema vibrante e inovador.
Papel do Oriente Médio no futuro da IA
À medida que o mundo caminha para um futuro cada vez mais dominado pela inteligência artificial, o Oriente Médio está se posicionando como um protagonista essencial nesse novo cenário.
Com vastos recursos financeiros provenientes do petróleo, os fundos soberanos da região estão investindo agressivamente em startups de IA, moldando o futuro da tecnologia global. No entanto, desafios geopolíticos e questões de direitos humanos continuam a ser obstáculos importantes para esses investimentos.
O mercado global de IA está em rápida expansão, e as nações que conseguirem dominar esse setor terão uma vantagem significativa em termos de inovação, poder econômico e influência política.
O Oriente Médio, com seu foco renovado em IA, está determinado a garantir seu lugar entre os líderes dessa revolução tecnológica.