A Cielo e a Ingenico iniciaram no Brasil um piloto de pagamento com a palma da mão, usando a tecnologia de biometria de veias da palma (palm vein). O objetivo é validar a experiência do consumidor, medir segurança e entender o que falta para levar a novidade do laboratório ao caixa do varejo.
A tecnologia “palm vein”, utilizada pela Cielo e a Ingenico nos testes, utiliza luz infravermelha para capturar o desenho interno das veias da palma da mão, que funciona como uma assinatura única de cada pessoa. Diferente de impressões digitais, voz ou rosto, o padrão vascular fica dentro do corpo, o que torna a falsificação significativamente mais difícil e eleva a proteção contra fraudes. Na prática, o leitor cria um template biométrico e compara com o cadastro feito anteriormente, liberando a transação em segundos.
Além de segura, a autenticação é sem contato e higienicamente vantajosa, já que a mão fica a poucos centímetros do sensor. Para o usuário, a proposta de valor é clara: pagar em até cinco segundos, sem procurar carteira ou desbloquear o telefone. Para o lojista, a tendência é menos fila e mais fluidez no checkout.
Outra vantagem é a resiliência da leitura: como o sistema de pagamento enxerga as veias da palma da mão com infravermelho, suor, sujeira leve ou pequenas marcas tendem a interferir menos que em outras biometrias superficiais. Ainda assim, boas práticas de operação e calibração do leitor são essenciais para garantir a consistência da autenticação.
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Como foi o teste piloto realizado pela Cielo e pela Ingenico
O teste foi conduzido em ambiente controlado, em uma lanchonete dentro da sede da Cielo, em Barueri (SP). Nessa prova de conceito, consumidores cadastravam a palma da mão e a associavam às credenciais de um cartão Visa ou Mastercard. Feito o vínculo, bastava aproximar a mão do leitor acoplado ao POS para concluir o pagamento de forma biométrica.
O fluxo de cadastro inicial foi feito no back office do estabelecimento, com suporte da equipe técnica, garantindo conformidade e rastreabilidade. Após o onboarding, o cliente já conseguia testar a experiência completa de ponta a ponta, do pedido ao pagamento.
Segundo a Ingenico, a próxima etapa é evoluir do leitor acoplado para POS com leitor de palma integrado, o que simplifica instalação, suporte e custo total de propriedade. Em paralelo, a companhia já executa testes com a mesma tecnologia em outros mercados, como França e Estados Unidos, o que acelera o aprendizado para o Brasil.
No momento, a Cielo e a Ingenico analisam feedbacks dos usuários sobre velocidade, conforto e confiabilidade, além de mapear requisitos de integração para levar a solução a pilotos comerciais em ambientes de maior fluxo.
Segurança, privacidade e LGPD: o que você precisa saber
A principal promessa é a redução de fraudes, já que o padrão vascular é extremamente difícil de replicar. A autenticação substitui senhas e minimiza o risco de engenharia social no ponto de venda, mantendo a conveniência como prioridade.
Em privacidade, o ponto crítico é a governança do template biométrico. O varejista e o provedor da solução precisam deixar claro onde os dados ficam armazenados, por quanto tempo e com qual base legal. Pela LGPD, o uso de dado biométrico exige consentimento explícito, finalidade específica e medidas robustas de segurança da informação.
Também contam os controles de tokenização do cartão e a separação entre dados de pagamento e dados biométricos, reduzindo a superfície de ataque. Para mitigar riscos operacionais, recomenda-se prever métodos alternativos para casos em que a leitura não seja possível, garantindo acessibilidade e continuidade do atendimento.
Por fim, o sucesso da adoção depende de educação do consumidor e treinamento do time de caixa. Explicar em linguagem simples como a tecnologia funciona e por que ela é mais segura ajuda a aumentar a confiança e a intenção de uso.
O que vem a seguir: do laboratório ao varejo
O roadmap aponta para maquininhas com leitor de palma integrado, reduzindo cabos e pontos de falha e facilitando a vida do lojista. Com o hardware pronto, a expansão natural são ambientes de alto volume como redes de alimentação, farmácias e conveniência, onde cada segundo economizado no pagamento gera impacto em fila e conversão.
No ecossistema, a biometria de veias pode conversar com carteiras digitais e programas de fidelidade, permitindo experiências sem fricção: identificar o cliente, aplicar benefícios e concluir o pagamento em um único gesto. Sem cartão e sem celular, a palma vira uma chave universal de identificação e pagamento.
A médio prazo, o avanço deve incluir SDKs e APIs para desenvolvedores, possibilitando integrações com caixas de autoatendimento, totens e soluções de varejo autônomo. Já há referências internacionais e pilotos na região que alimentam o aprendizado local, encurtando o tempo até projetos comerciais no Brasil.
Como o consumidor usaria o pagamento por palma da mão no dia a dia
Primeiro, o cliente faz o cadastro assistido no ponto de venda: posiciona a mão no leitor, confirma dados e vincula um cartão. Em seguida, no momento da compra, basta aproximar a palma do sensor para a autenticação.
A maquininha valida o template biométrico, executa a cobrança no cartão associado e exibe a confirmação no POS. Em poucos segundos, o pagamento está concluído, com a vantagem de não depender de sinal do celular ou bateria do aparelho do cliente.
Para quem deseja migrar de vez, a recomendação é conferir políticas de privacidade, tirar dúvidas sobre exclusão do cadastro e manter um método alternativo de pagamento até que a tecnologia esteja disponível de forma ampla.
A biometria de veias da palma é uma alternativa rápida, segura e sem contato para pagar no caixa. O piloto comandado por Cielo e Ingenico no Brasil confirma a viabilidade técnica e prepara o terreno para a chegada de POS com leitor integrado, com foco em conveniência, redução de filas e conformidade com a LGPD.