O aumento no uso de canetas emagrecedoras revela impactos silenciosos na saúde física e mental, impulsionando discussões sobre padrões estéticos, influência digital e riscos do consumo sem orientação especializada.
O crescimento expressivo no uso das canetas emagrecedoras, como Ozempic e Mounjaro, tem transformado o cenário da saúde pública no Brasil, desencadeando problemas que vão além das questões físicas.
Desde o aumento do contrabando até apreensões, roubos, receitas falsificadas e comercialização sem controle sanitário, a popularidade desses medicamentos para emagrecer cria um ambiente de riscos múltiplos.
Especialistas avaliam que, além das consequências médicas, existe um impacto psicológico significativo sobre quem utiliza esses produtos sem orientação adequada.
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Impacto das redes sociais no consumo das canetas emagrecedoras
De acordo com a Dra. Ana Paula Nunes, doutora em Neurociências pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e psicóloga do Programa de Tratamento da Obesidade da Clínica AMO e Instituto Sereu, a influência das redes sociais exerce papel determinante na adesão crescente ao uso das canetas emagrecedoras.
“O excesso de comparação com influenciadores que exibem um corpo em forma piora a insatisfação corporal e a baixa autoestima, além de aumentar o predomínio da ansiedade e sintomas depressivos, sobretudo em quem já está vulnerável”, explica a especialista.
A exposição a imagens idealizadas nas redes sociais, frequentemente associadas à promessa de emagrecimento rápido, acaba promovendo comportamentos de comparação constante e vigilância sobre o próprio corpo.
A especialista, em entrevista ao jornal A Tarde, ainda acrescenta: que “a exposição exagerada nas mídias sociais gera comparações sociais constantes, aumenta a vigilância corporal e reduz a autoestima, principalmente em quem já apresenta alguma predisposição psicológica. Isso intensifica o sofrimento emocional dessas pessoas, que passam a tentar se encaixar em um padrão idealizado e inatingível.”
Consequências psicológicas do uso desenfreado das canetas emagrecedoras
O fenômeno do uso desenfreado das canetas emagrecedoras faz com que muitas pessoas depositem suas esperanças exclusivamente nos medicamentos para emagrecer, sem buscar mudanças reais de hábitos de vida.
O medicamento, nesse contexto, torna-se uma espécie de âncora emocional, funcionando como tentativa de controle sobre o corpo.
Conforme ressalta Ana Paula, “o uso das canetas emagrecedoras passa a funcionar como uma âncora emocional de controle sobre corpo, mas sem abordar causas psicológicas que estão contribuindo para o comer em excesso e sem ações que promovam um estilo de vida saudável. A busca por ‘soluções rápidas e mágicas’ não são duradouras e podem levar ao reganho de peso”.
O problema se agrava quando o uso das canetas emagrecedoras ocorre sem acompanhamento médico e psicológico, principalmente entre pessoas que já convivem com transtornos alimentares como compulsão alimentar, bulimia e anorexia.
A ausência de supervisão especializada pode aumentar o risco de recaídas e agravamento do quadro.
“Além disso, sintomas de ansiedade e depressão podem ser causa ou consequência do sobrepeso/obesidade e se não tratados de forma adequada, incluindo uma abordagem de saúde mental, podem agravar seu quadro”, destaca a psicóloga.
Sinais de alerta para problemas relacionados às canetas emagrecedoras
O quadro de adoecimento psicológico muitas vezes avança de maneira silenciosa, dificultando a percepção dos sintomas tanto pela própria pessoa quanto por familiares e amigos.
Em busca do chamado “corpo perfeito”, muitos só procuram ajuda em situações já críticas, quando a saúde física e mental encontra-se comprometida.
O autocuidado, de acordo com profissionais, deve estar fundamentado em metas realistas e valorização da saúde funcional.
Alguns comportamentos são sinais de alerta para possíveis danos causados pelo uso indevido de medicamentos para emagrecer, como:
- Comparação frequente com outros corpos
- Checagem constante da própria imagem no espelho
- Medição repetitiva de peso e medidas corporais
- Comer para aliviar emoções como ansiedade, estresse ou tristeza
“Comportamentos como comer escondido, sentir culpa ao comer, forçar vômito após a alimentação, ansiedade intensa ao comer, perfeccionismo exacerbado, autoexigência desmedida, instabilidade no humor associado ao peso e à autoimagem, medo extremo de ganhar peso ou compulsão alimentar também são preocupantes”, alerta Ana Paula Nunes.
Importância do suporte psicológico durante o uso de medicamentos para emagrecer
O acompanhamento psicológico torna-se essencial no processo de emagrecimento, especialmente quando associado ao uso de canetas emagrecedoras como Ozempic e Mounjaro.
Conforme explica a especialista, o psicólogo realiza avaliação clínica minuciosa, analisando a relação do paciente com a comida, a autoimagem e possíveis sintomas de ansiedade, depressão ou transtornos alimentares.
O tratamento envolve:
- Psicoeducação sobre os limites dos medicamentos para emagrecer
- Promoção de mudanças sustentáveis de hábitos
- Aprendizado sobre regulação emocional
- Desenvolvimento de autocompaixão e aceitação corporal
- Redução da internalização de padrões estéticos irreais
“O psicólogo vai atuar por meio de uma avaliação clínica completa, incluindo histórico de relação com comida, imagem corporal, investigação de sintomas de ansiedade, depressão ou transtornos alimentares e outras psicopatologias”, pontua Ana Paula Nunes.
O acompanhamento psicológico contribui para que a pessoa desenvolva uma relação mais equilibrada com o corpo e a alimentação, evitando que expectativas externas direcionem suas decisões de saúde.
Profissionais da área reforçam que o uso de medicamentos para emagrecer deve ser sempre orientado por especialistas, evitando automedicação e práticas perigosas.
As canetas emagrecedoras, quando bem prescritas e monitoradas, podem ser aliadas no tratamento do excesso de peso.
Entretanto, especialistas advertem que confiar exclusivamente nesses produtos, sem uma mudança profunda de comportamento e acompanhamento psicológico, tende a trazer riscos elevados e resultados insatisfatórios.
A saúde mental, segundo os profissionais, não pode ser negligenciada em nenhuma etapa do processo.
Diante da popularização crescente desses medicamentos para emagrecer e dos impactos diretos sobre a mente e o comportamento, fica uma questão essencial: qual deve ser o limite entre o desejo de emagrecimento e o cuidado integral com a saúde mental e física?