Ambiciosa Rota Bioceânica surge como a solução para integrar o comércio entre Brasil e Ásia, prometendo reduzir em até 12 dias o tempo de transporte. Contudo, pontes antigas e estradas inacabadas ameaçam transformar essa promessa em um sonho distante.
No coração da América do Sul, uma rota de integração econômica e cultural promete transformar o cenário logístico do continente.
Ligando o Atlântico ao Pacífico, essa via encurta distâncias e abre novas oportunidades para o comércio internacional.
No entanto, desafios estruturais e diplomáticos ainda precisam ser superados para que seu potencial seja plenamente alcançado.
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A Rota Bioceânica, que atravessa Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, visa facilitar o escoamento de produtos brasileiros aos mercados asiáticos, reduzindo em até 12 dias o tempo de transporte em comparação às rotas tradicionais.
Conforme a Agência de Notícias do Governo de Mato Grosso do Sul, a rota pode diminuir em 23% o tempo de viagem para a China, representando uma economia significativa e aumentando a competitividade dos produtos nacionais.
Infraestrutura e desafios atuais
Apesar do potencial, a região de Corumbá, na fronteira com a Bolívia, enfrenta desafios de infraestrutura que limitam o fluxo comercial.
A ponte que conecta os dois países, construída na década de 1970, não passou por reformas significativas e atualmente suporta o tráfego diário de aproximadamente 400 caminhões e 6 mil veículos leves.
A falta de manutenção adequada levanta preocupações sobre sua capacidade de atender à crescente demanda logística.
A seca do Rio Paraguai, que impactou o Canal Tamengo — principal via de navegação da Bolívia —, aumentou a pressão sobre essa estrutura já sobrecarregada.
A situação evidencia a necessidade urgente de investimentos em infraestrutura para garantir a eficiência e a segurança do transporte na região.
Alternativas em discussão
Historicamente, a rota via Corumbá foi considerada a opção mais curta para alcançar os portos chilenos de Iquique e Antofagasta.
No entanto, desafios diplomáticos e logísticos levaram Brasil, Paraguai, Argentina e Chile a concentrarem esforços em uma rota alternativa, passando por Porto Murtinho e atravessando o Chaco paraguaio.
Essa alternativa ainda depende da pavimentação de trechos rodoviários no Paraguai, da construção de uma ponte internacional sobre o Rio Paraguai em Porto Murtinho e do acesso pela BR-267.
De acordo com o Correio de Corumbá, o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Verruck, afirmou que a infraestrutura da Rota Bioceânica deve estar concluída em até dois anos e meio.
Ele destacou que a rota só será efetiva quando estiver operacionalizada, permitindo que produtos de Mato Grosso do Sul cheguem à China a preços competitivos.
Debates e perspectivas futuras
As Comissões Locais de Facilitação de Comércio (Colfacs) de Mato Grosso do Sul têm discutido soluções para os desafios enfrentados na fronteira com a Bolívia.
Em reuniões recentes, autoridades federais, estaduais e municipais abordaram a necessidade de melhorias na infraestrutura para promover o comércio exterior.
A integração entre os diferentes níveis de governo é vista como essencial para viabilizar os investimentos necessários.
A Receita Federal em Corumbá desempenha um papel crucial ao fornecer dados que subsidiam pedidos de recursos para obras.
Entretanto, é necessária uma articulação política robusta para que os projetos sejam priorizados e executados.
A participação de órgãos como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e empresas de transporte internacional é fundamental nesse processo.
Investimentos e estudos logísticos na Rota Bioceânica
Em 2022, a Empresa Brasileira de Logística (EPL) apresentou um estudo apontando a ferrovia como uma alternativa viável para o transporte de cargas na região.
A reativação do ramal ferroviário de 1.765 km, ligando Corumbá a Santos (SP), demandaria investimentos de aproximadamente R$ 14,9 bilhões.
Essa ferrovia integraria o Brasil à Bolívia, Argentina e Chile, fortalecendo a conexão bioceânica.
Embora os estudos tenham sido realizados e os debates ocorram há anos, os avanços concretos ainda são limitados.
A implementação da Rota Bioceânica requer não apenas investimentos em infraestrutura, mas também a superação de barreiras burocráticas e a harmonização de procedimentos alfandegários entre os países envolvidos.
De acordo com especialistas, a Rota Bioceânica representa uma oportunidade estratégica para o Brasil e seus vizinhos sul-americanos, prometendo reduzir custos logísticos e ampliar mercados.
No entanto, para que essa promessa se torne realidade, é imperativo que os países envolvidos alinhem esforços para superar os desafios existentes.
Investimentos em infraestrutura, acordos diplomáticos e a modernização de procedimentos comerciais são passos essenciais para transformar essa rota em um corredor de desenvolvimento e integração regional.