Reflexos do comportamento dos Bancos Centrais na demanda global de petróleo
A dinâmica global do mercado de petróleo é uma dança constante e imprevisível de oferta e demanda. Recentemente, surpreendendo as expectativas, os estoques de petróleo bruto nos Estados Unidos aumentaram em 7,9 milhões de barris na última semana. Em contraste, uma pesquisa da Reuters projetou uma redução de 510 mil barris, apresentando uma discrepância de mais de 8 milhões de barris. As refinarias, neste meio tempo, estão funcionando a pleno vapor, com 93,7% de sua capacidade, produzindo 10,2 milhões de bpd de gasolina e 5 milhões de bpd de destilado.
O Jogo dos Bancos Centrais e os Reflexos no Mercado Petrolífero
Embora o Banco Central dos EUA tenha mantido as taxas de juros inalteradas na última reunião, uma postura mais agressiva (hawkish) das autoridades monetárias surpreendeu o mercado, sinalizando possíveis aumentos de juros ainda neste ano, caso sejam necessários. Essa perspectiva resultou em uma reação nos benchmarks do petróleo, com o Brent fechando a US$73,20 (-1,47%) e o barril de petróleo WTI dos EUA a US$68,27 (-1,66%).
Contudo, a manutenção da taxa de juros nos EUA ajudou a equilibrar o jogo, ocasionando ganhos de 2,55% e 2,29% no final da semana passada, respectivamente.
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Paralelamente, no plano político, o governo Biden expressou sua intenção de recomprar pelo menos 12 milhões de barris de petróleo para a Reserva Estratégica de Petróleo (SPR) em 2023. Uma medida em resposta à venda de mais de 200 milhões de barris realizada no ano anterior, após a invasão da Ucrânia pela Rússia, com o objetivo de estabilizar os mercados de petróleo e lidar com os altos preços nas bombas.
O Cenário Europeu e Asiático: Políticas Divergentes e Impactos Diretos
A Europa, por sua vez, toma uma rota diferente. O Banco Central Europeu aumentou a taxa de juros em um quarto de ponto, alcançando o maior nível em 22 anos, e sinalizou que uma nova alta em julho é muito provável. Como resultado, o euro ganhou força contra o dólar, causando um disparo nos rendimentos dos títulos de 2 anos da UE. Em uma cadeia de eventos, um dólar mais fraco torna o petróleo mais barato para detentores de outras moedas.
Já na Ásia, o Banco Central da China surpreendeu com o corte da taxa de empréstimo de curto prazo pela primeira vez em meses. Uma tentativa das autoridades monetárias de restaurar a confiança do mercado e impulsionar a economia local. Essa manobra, em um setor imobiliário e de construção debilitados, torna a recuperação da demanda por diesel mais desafiadora, ao mesmo tempo em que a situação econômica pressiona a demanda relacionada a viagens por gasolina e querosene.
Para o futuro, novos ajustes anticíclicos são esperados, à medida que o governo chinês parece empenhado em fornecer estímulos e sustentar o crescimento do país. Importante destacar que a produção das refinarias na China aumentou 15,4% em maio em relação ao ano anterior, com importações de petróleo bruto totalizando 47.447 quilotoneladas (equivalentes a 11,22 milhões de bpd).
Ao final de uma semana movimentada, os discursos das autoridades monetárias, em particular o do Fed, deixando margem para um possível aumento das taxas de juros, abalaram os mercados. No entanto, a sensação de que o ciclo monetário contracionista está chegando ao fim, combinada com notícias otimistas vindas da China, alimentou as esperanças de uma perspectiva mais favorável para a demanda global. Ambos os benchmarks do petróleo tiveram um pequeno ganho semanal após quedas nas duas últimas semanas. O Brent subiu 94 centavos de dólar, para US$76,61 (2,55%) e o WTI dos EUA, 1,16 dólar, para US$71,78 (2,29%).
Créditos : Assessoria de Imprensa Conteúdo Comunicação