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Os painéis solares param de gerar energia à noite. Uma startup quer resolver isso enchendo o espaço com espelhos gigantes

Escrito por Noel Budeguer
Publicado em 30/05/2025 às 17:15
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Os painéis solares param de gerar energia à noite. Uma startup quer resolver isso enchendo o espaço com espelhos gigantes
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Uma startup norte-americana propõe resolver esse desafio com satélites equipados com espelhos de até 55 metros para refletir luz solar sobre as usinas terrestres.

A energia solar tem um grande obstáculo: quando o Sol se põe, os painéis param de gerar eletricidade. Mas uma startup americana chamada Reflect Orbital quer mudar isso colocando espelhos no espaço. O plano? Refletir a luz do Sol para a Terra durante a noite e prolongar a produção energética dos painéis fotovoltaicos em momentos críticos, como o amanhecer e o entardecer.

Uma ideia ousada com apoio financeiro milionário

A Reflect Orbital, com sede na Califórnia, acaba de receber um investimento de 20 milhões de dólares para transformar o conceito em realidade. A proposta é criar uma constelação de satélites equipados com espelhos enormes, capazes de redirecionar a luz solar para pontos específicos do planeta sob demanda.

O primeiro passo dessa jornada começa em 2026, com o lançamento de um satélite de teste. Ele levará um espelho de 18 x 18 metros feito de plástico mylar — um material leve, resistente e com boa capacidade refletiva. O objetivo é testar a viabilidade técnica da ideia e medir seus efeitos práticos em solo.

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Equipe da Reflect Orbital posa com estrutura de suporte de espelho refletor durante fase de testes em ambiente limpo. Imagem: Reprodução

Como funcionam os “espelhos orbitais”

A tecnologia se baseia em um conceito relativamente simples: ampliar o tempo útil de luz solar que os painéis fotovoltaicos recebem por dia, sem recorrer a métodos arriscados como lasers ou micro-ondas. Ao posicionar espelhos no espaço, em órbita sincronizada com o Sol, os satélites podem refletir a luz solar para usinas de energia aqui na Terra, mesmo fora do horário convencional de insolação.

Durante os testes iniciais, a Reflect Orbital usou um espelho acoplado a um balão de alta altitude a 240 metros sobre uma fazenda solar. O experimento gerou 500 watts de energia por metro quadrado, mesmo com apenas metade da intensidade luminosa de um dia normal.

Se o conceito for validado em órbita, a startup pretende lançar uma rede inicial de 57 satélites operando a cerca de 600 km de altitude. Essa configuração permitiria adicionar cerca de 30 minutos de luz solar por dia para plantas solares específicas — um ganho que pode parecer pequeno, mas que representa um impacto significativo na produção energética e no lucro das empresas do setor.

Um brilho suave, mas estratégico

O brilho esperado do primeiro satélite não será suficiente para iluminar uma cidade, mas é considerável do ponto de vista técnico. Com luminosidade próxima de 0,1 lux — equivalente à de uma noite de lua cheia — a luz será discreta, porém suficiente para ativar painéis fotovoltaicos em situações específicas.

A missão inaugural também terá um papel simbólico: iluminar dez locais famosos durante a noite para gerar repercussão midiática e interesse público. A startup quer que as pessoas se acostumem com a ideia de pedir luz do Sol como quem faz um pedido de delivery.

Planos ambiciosos para o futuro

O objetivo de longo prazo da Reflect Orbital é ousado. A empresa planeja lançar milhares de satélites com espelhos ainda maiores — de até 55 x 55 metros. Se bem-sucedido, o brilho combinado desses refletores poderá atingir níveis comparáveis ao do Sol ao meio-dia.

Essa constelação permitiria manter a produção de energia solar ativa mesmo após o pôr do Sol, especialmente em regiões onde o custo da eletricidade aumenta nos horários de pico. Além disso, ajudaria a suavizar a intermitência da energia solar, um dos principais entraves para sua expansão em larga escala.

Muito além da energia: usos diversos para a luz orbital

Embora o foco principal seja impulsionar a geração de energia limpa, a startup também está de olho em outras aplicações práticas — e lucrativas. Desde sua fundação em 2021, a empresa já recebeu mais de 260 mil solicitações de luz solar vinda do espaço, vindas de 157 países.

Entre os usos possíveis, estão a iluminação de canteiros de obras noturnos, eventos públicos, ações de socorro em áreas afetadas por desastres naturais e até operações militares. O CEO da empresa, Ben Nowack, explicou em entrevista que o serviço será simples: “Você entra no nosso site, coloca suas coordenadas de GPS e escolhe quando quer a luz do Sol. A gente envia.”

A proposta pode soar como ficção científica, mas já está em fase avançada de desenvolvimento e com apoio financeiro robusto. Se funcionar, a Reflect Orbital pode ser a responsável por uma revolução silenciosa — que começa com um feixe suave de luz refletido a centenas de quilômetros da superfície.

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Noel Budeguer

Sou jornalista argentino, baseado no Rio de Janeiro, especializado em temas militares, tecnologia, energia e geopolítica. Busco traduzir assuntos complexos em conteúdos acessíveis, com rigor jornalístico e foco no impacto social e econômico.

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