Operando há quase 70 anos, a maior instalação offshore do mundo, no campo de Safaniya, é um pilar da economia saudita, mas seu futuro agora é de manutenção, e não de expansão.
No Golfo Pérsico, um colosso da engenharia opera como uma verdadeira “fábrica de dinheiro” para a Arábia Saudita: o campo de Safaniya. Considerada a maior instalação offshore do mundo, este complexo de centenas de plataformas de petróleo, operado pela Saudi Aramco, é um pilar da economia global há quase 70 anos.
Com reservas gigantescas e uma produção massiva, Safaniya não é apenas um campo de petróleo; é uma ferramenta de poder geopolítico. Em 2025, embora ainda seja um produtor formidável, a estratégia para o campo sofreu uma virada de leme. A era da expansão agressiva acabou, dando lugar a uma nova fase focada em gerenciar a longevidade deste ativo, e não em aumentar seu volume.
A descoberta em 1951: a ascensão da maior instalação offshore do mundo
A história de Safaniya começou em 1951, quando geólogos da Aramco, a gigante petrolífera saudita, descobriram o campo no Golfo Pérsico, a cerca de 265 km da cidade de Dhahran. Sua escala era sem precedentes, e ele foi rapidamente identificado como o maior campo de petróleo em alto-mar do mundo, um título que mantém até hoje.
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A produção começou em abril de 1957, com um fluxo inicial de 50.000 barris por dia, vindo de 18 poços. O crescimento que se seguiu foi meteórico. Em 1962, a capacidade já havia sido multiplicada por sete, chegando a 350.000 barris por dia. O auge da produção veio entre 1980 e 1981, quando o campo chegou a produzir mais de 1,5 milhão de barris por dia.
As centenas de plataformas que compõem o campo de Safaniya
A maior instalação offshore do mundo é, na verdade, uma vasta e complexa cidade no mar. O campo de Safaniya se estende por uma área de 50 km de comprimento por 15 km de largura e é composto por uma intrincada rede de centenas de plataformas de produção interligadas.
A infraestrutura inclui mais de 160 plataformas de múltiplos poços e quatro grandes Instalações de Separação de Gás e Óleo (GOSPs) offshore, que realizam o primeiro tratamento do petróleo. Começa a jornada do petróleo: do mar para a terra, o óleo é transportado por oleodutos para instalações em terra, onde passa pelos processos finais de dessalinização e estabilização antes de ser exportado para o mundo. Para manter e modernizar essa estrutura, a Saudi Aramco executa um plano de desenvolvimento de bilhões de dólares, que inclui a instalação contínua de novas plataformas.
O petróleo pesado: as características e a produção de 1,2 milhão de barris por dia
O campo de Safaniya é o principal fornecedor de um tipo específico de petróleo conhecido como Arabian Heavy. Com uma gravidade de cerca de 27º API e um alto teor de enxofre (2,8%), ele é classificado como um petróleo “pesado e ácido”. Isso significa que ele produz uma porcentagem menor de derivados leves, como a gasolina, e exige processos de refino mais complexos.
Mesmo sendo um campo maduro, sua capacidade de produção continua gigantesca, estimada entre 1,2 e 1,5 milhão de barris por dia. Suas reservas recuperáveis são estimadas em cerca de 37 bilhões de barris de petróleo e mais de 5 trilhões de pés cúbicos de gás, garantindo sua importância no mercado global por décadas.
O fim dos planos de expansão e a nova estratégia da Saudi Aramco
O futuro da maior instalação offshore do mundo passou por uma mudança estratégica significativa no início de 2024. O governo saudita instruiu a Aramco a abandonar os planos de aumentar sua capacidade máxima de produção de 12 para 13 milhões de barris por dia.
Como consequência direta, o ambicioso projeto de expansão de Safaniya, avaliado em mais de US$ 10 bilhões, foi oficialmente cancelado em fevereiro de 2024. A ordem veio de cima: a decisão não foi por problemas técnicos no campo, mas uma mudança de rumo na estratégia do Reino. Com o aumento dos custos e uma perspectiva de enfraquecimento da demanda de petróleo a longo prazo, o foco mudou da expansão do crescimento para a maximização do valor e da longevidade do que já existe. O investimento agora é em manutenção e eficiência, não em mais volume.
O legado de Safaniya
O legado de Safaniya vai além dos seus números de produção. O campo é um motor econômico e geopolítico. A riqueza gerada pelo campo, que produz com um custo de extração baixíssimo (estimado em menos de US$ 10 por barril), é um pilar do orçamento da Arábia Saudita, financiando desde projetos de infraestrutura até a ambiciosa Visão 2030, que busca diversificar a economia do país.
Sua produção massiva também confere ao Reino uma influência imensa no mercado global. A capacidade de aumentar ou diminuir a produção de Safaniya permite que a Arábia Saudita atue como o “produtor swing” do mundo, estabilizando os mercados e exercendo poder. A maior instalação offshore do mundo não é apenas uma fábrica de dinheiro, mas uma peça fundamental no xadrez da energia global.