Com aporte de US$ 9,4 bilhões, a empresa dinamarquesa Orsted reforça seus investimentos em energia eólica, buscando consolidar projetos nos Estados Unidos e na Europa após desafios impostos por tarifas e políticas americanas.
A Orsted, gigante dinamarquesa do setor de energia eólica, anunciou a captação de 60 bilhões de coroas dinamarquesas (cerca de US$ 9,4 bilhões) por meio de uma ampla oferta de direitos. Segundo informações da Bloomberg, noticiadas nesta terça, 07, a operação foi essencial para fortalecer o caixa da companhia e garantir a continuidade de projetos estratégicos, especialmente após as recentes barreiras regulatórias nos Estados Unidos.
O interesse do mercado superou as expectativas. Mais de 900 milhões de ações foram ofertadas e 99,3% adquiridas, demonstrando uma demanda considerada “extraordinariamente alta” pela empresa. O governo da Dinamarca, acionista majoritário com 50,1%, e a Equinor ASA, dona de 10% das ações, apoiaram diretamente a capitalização.
Medidas de Trump e paralisações afetaram planos eólicos da empresa
A decisão de aumentar o capital veio após uma série de dificuldades enfrentadas pela Orsted no mercado americano. Em agosto, as ações da companhia despencaram cerca de um terço depois que o governo do então presidente Donald Trump suspendeu as obras do parque eólico Revolution, localizado na costa de Rhode Island.
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Diante disso, a empresa entrou com ação judicial e obteve uma liminar que permitiu a retomada imediata das construções. O episódio, no entanto, acendeu um alerta sobre os riscos políticos e regulatórios nos Estados Unidos. Apesar das turbulências, os papéis da Orsted apresentaram recuperação expressiva, fechando a 122,35 coroas dinamarquesas, uma alta de 27% em relação ao ponto mais baixo.
O mercado americano, que antes era visto como uma fronteira promissora para o crescimento da energia eólica offshore, tornou-se um ambiente de grandes desafios. O setor enfrenta custos crescentes, gargalos na cadeia de suprimentos e incertezas regulatórias, o que impactou diretamente a capacidade de viabilizar novos contratos.
Projetos relevantes, como o Sunrise Wind, localizado na costa de Nova York, não puderam ser comercializados, gerando pressão financeira sobre o balanço da companhia. Esse cenário levou a Orsted a reavaliar suas prioridades estratégicas, priorizando a conclusão de obras já iniciadas e a reestruturação de investimentos futuros.
Novos investimentos para consolidar a energia eólica na Europa e nos EUA
Com os novos recursos, a Orsted planeja concluir projetos eólicos em andamento até 2027, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa. A empresa informou que dois grandes empreendimentos americanos estão entre as prioridades, ao lado de iniciativas europeias de longo prazo.
Após a conclusão dessas obras, a companhia pretende retomar o foco no mercado europeu, onde o ambiente regulatório é mais estável e favorável à expansão da energia eólica offshore.
A oferta de direitos realizada pela Orsted também teve o objetivo de proteger seus acionistas. O mecanismo permitiu a compra de novas ações com desconto proporcional à participação existente, evitando a diluição e possibilitando a venda dos direitos a outros investidores interessados.
Mesmo com as dificuldades recentes, o setor de energia eólica continua em franca expansão. Empresas como a Orsted reforçam o papel estratégico dessa fonte renovável na transição energética mundial. A aposta em inovação, sustentabilidade e parcerias internacionais tem sido essencial para superar os obstáculos impostos por políticas tarifárias e oscilações de mercado, mantendo a energia eólica como uma das protagonistas do futuro energético global.