Opep+ desmente rumores sobre aumento na produção de petróleo e mantém incertezas no mercado. Reunião de oito grandes produtores, incluindo Arábia Saudita e Rússia, será decisiva para definir os próximos passos do cartel.
A Opep+ rejeitou nesta terça-feira (30) as informações veiculadas pela imprensa internacional sobre um suposto acordo para elevar novamente a produção de petróleo. Em nota oficial, divulgada nas redes sociais, o cartel classificou as notícias como “totalmente imprecisas e enganosas”, destacando que o tema ainda não entrou em pauta formalmente.
O posicionamento acontece às vésperas de uma reunião decisiva marcada para o próximo domingo (5). O encontro reunirá oito dos principais produtores do grupo: Arábia Saudita, Rússia, Iraque, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Cazaquistão, Argélia e Omã.
Expectativas para a reunião e impactos recentes no mercado
O encontro tem peso porque, em setembro, esses países já haviam concordado em ampliar a produção em 137 mil barris por dia, numa estratégia considerada mais ofensiva para disputar participação no mercado global. A possibilidade de uma nova expansão, estimada em até 500 mil barris/dia — ainda que negada pela Opep+ —, já vinha pressionando os preços nos últimos dias.
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Na terça-feira (30), mesmo com o comunicado oficial do cartel, o petróleo Brent para dezembro caiu 1,58%, recuando US$ 1,06 e fechando a US$ 66,03 o barril.
Geopolítica e volatilidade dos preços
Além das movimentações da Opep+, fatores externos também contribuíram para o alívio temporário nos preços. A proposta dos Estados Unidos de um cessar-fogo na Faixa de Gaza, anunciada pelo então presidente Donald Trump, trouxe alguma trégua às tensões internacionais.
No entanto, analistas alertam que a queda pode ser passageira. De acordo com a consultoria Rystad Energy, a cotação do petróleo seguirá altamente sensível às tensões geopolíticas globais, sobretudo pela guerra entre Rússia e Ucrânia e pelas pressões norte-americanas para que a Europa reduza as importações de energia russa.
Rússia amplia restrições e preocupa investidores
A própria Rússia, um dos membros mais influentes da Opep+, anunciou na terça-feira novas restrições à exportação de gasolina e diesel. A medida veio após ataques ucranianos à infraestrutura do país e levantou dúvidas sobre a capacidade russa de manter os fluxos de combustível para outros mercados.
Segundo Bruno Cordeiro, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, essa decisão gera receios imediatos:
“A decisão tomada por Moscou, ainda que direcionada para pequenos exportadores, gera uma escalada dos receios entre os investidores em relação à capacidade da Rússia de manter os fluxos de diesel para outras regiões do globo, gerando expectativas de um balanço global de curto prazo mais apertado.”
Enquanto isso, o mercado observa com cautela. A reunião do próximo domingo será fundamental para definir os rumos da Opep+, que tenta equilibrar sua estratégia entre defender preços e conquistar maior participação. O recado, por ora, é de prudência: as negociações estão apenas começando, e a decisão final sobre cortes ou aumentos de produção ainda não foi tomada.