A ONU pede um investimento de US$ 2,6 trilhões para restaurar terras degradadas em todo o mundo, visando reforçar o suprimento global de alimentos
A restauração das terras degradadas e o combate à desertificação no mundo exigirão pelo menos US$ 2,6 trilhões em investimentos até o final desta década.
A estimativa foi apresentada por Ibrahim Thiaw, secretário executivo da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD). É a primeira vez que o custo total desse esforço global é quantificado.
Ameaça crescente
As mudanças climáticas intensificam a frequência e a gravidade das secas. Ao mesmo tempo, o crescimento populacional pressiona a produção de alimentos.
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Essa combinação aumenta o risco de crises sociais e econômicas, caso ações concretas não sejam implementadas rapidamente.
Setor privado deve participar
Dos cerca de US$ 1 bilhão diários necessários para combater a degradação das terras, grande parte deve vir do setor privado.
Atualmente, apenas 6% do financiamento para recuperação de terras vem dessa fonte, mesmo sendo o setor privado o principal responsável pela degradação, especialmente na produção de alimentos.
“Como é possível que uma mão degrade a terra enquanto outra tenta restaurá-la?”, questionou Thiaw. Ele destacou ainda a necessidade de os governos criarem políticas que promovam o uso sustentável do solo.
Pressão por alimentos
Com a população mundial crescendo, será necessário dobrar a produção de alimentos utilizando praticamente a mesma área de terra cultivável.
Esse cenário torna indispensável o engajamento do setor privado em práticas mais sustentáveis.
Para atingir a meta de US$ 2,6 trilhões, será preciso superar um déficit anual de US$ 278 bilhões. Em 2022, apenas US$ 66 bilhões foram investidos na recuperação de terras degradadas, bem abaixo do necessário.
Um estudo recente apoiado pela ONU revelou que cerca de 15 milhões de quilômetros quadrados de terra já estão degradados, uma área maior que a Antártica. E esse número cresce a uma taxa de 1 milhão de quilômetros quadrados por ano.
Debate sobre obrigações legais
Endurecer as obrigações legais entre os países será um grande desafio. Alguns governos não estão dispostos a adotar novos instrumentos. Outros, porém, consideram essa medida essencial para o sucesso das iniciativas.
Hoje, os compromissos globais incluem a proteção de 900 milhões de hectares de terra. No entanto, especialistas apontam a necessidade de ampliar essa meta para 1,5 bilhão de hectares e acelerar o ritmo de restauração.
A falta de um acordo global pode afetar outras iniciativas da ONU, como a redução das emissões de gases do efeito estufa e a proteção da biodiversidade.
A agricultura, sozinha, responde por 23% das emissões globais de gases do efeito estufa, 80% do desmatamento e 70% do consumo de água doce.
Necessidade de Investimento
Thiaw destacou que os recursos necessários para a restauração não devem ser vistos como caridade. “Não é um investimento apenas para pobres na África. É um investimento que manterá o equilíbrio mundial”, afirmou.
Restaurar as terras degradadas é essencial para garantir a segurança alimentar, mitigar os efeitos das mudanças climáticas e promover um futuro sustentável para todos.