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Oficinas pequenas estão ficando pra trás: donos dizem que consertar carro novo virou um pesadelo cheio de códigos e taxas das montadoras

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 22/10/2025 às 16:50
Quem tem oficina pequena tá sofrendo: montadoras travam sistemas e obrigam mecânicos a pagar em euro pra consertar carros novos
Quem tem oficina pequena tá sofrendo: montadoras travam sistemas e obrigam mecânicos a pagar em euro pra consertar carros novos
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Com o avanço da tecnologia automotiva, oficinas independentes enfrentam dificuldades crescentes para consertar carro novo, presos a sistemas eletrônicos controlados por montadoras e a altos custos de acesso a dados técnicos essenciais.

Nos últimos anos, o carro novo passou a representar não apenas um meio de transporte moderno, mas também um computador sobre rodas. Equipados com sensores, softwares e módulos de controle eletrônico, os veículos atuais exigem diagnósticos digitais complexos que antes eram feitos com ferramentas simples e experiência de oficina.

Mas esse avanço tem um custo alto para os pequenos reparadores. Oficinas independentes em todo o país relatam dificuldade crescente para consertar modelos modernos, já que muitas informações técnicas, códigos de falha e sistemas de desbloqueio são restritos pelas próprias montadoras. Sem acesso completo, muitos mecânicos precisam recorrer a concessionárias para concluir reparos que antes eram rotineiros.

A nova dependência tecnológica e as barreiras impostas pelas montadoras

O mecânico Agnaldo, dono de uma oficina de médio porte, afirma que mesmo com scanners modernos, ainda precisa pagar taxas anuais em euro para acessar diagnósticos eletrônicos de determinadas marcas.

Cada atualização de software ou liberação de código depende da autorização da montadora, o que encarece o serviço e limita a competitividade das oficinas menores.

“Eu tenho que pagar todo ano para conseguir o código de acesso e liberar o sistema do carro. Se não pago, o scanner simplesmente não entra”, explica.

Segundo ele, o custo desses pacotes pode ultrapassar o valor de vários reparos médios por mês.

Para as pequenas oficinas, esse gasto é inviável, o que acaba excluindo profissionais do mercado e concentrando o poder técnico nas mãos das montadoras.

Quando o cliente precisa voltar à concessionária

O cenário se repete em diferentes cidades do país. José Roberto, proprietário de uma oficina de bairro, conta que precisou encaminhar um veículo de volta à concessionária após não conseguir solucionar um problema eletrônico.

“O scanner identificava o código, mas não dava acesso à correção. Só o sistema da montadora podia liberar o reparo”, relata.

Casos como esse têm se tornado comuns, principalmente em veículos com sistemas de injeção digital, sensores de emissão e módulos de segurança.

Os diagnósticos exigem leitura criptografada, e sem a chave digital fornecida pelo fabricante, a oficina não consegue concluir o conserto.

O resultado é um serviço mais caro para o consumidor e um mercado cada vez mais fechado para os reparadores independentes.

O argumento da segurança e a disputa pelo direito de consertar

As montadoras alegam que as restrições de acesso às informações técnicas servem para proteger os sistemas de segurança dos veículos, evitando manipulações que possam comprometer a integridade eletrônica e digital dos carros.

Porém, especialistas do setor afirmam que esse controle também tem impacto econômico, já que limita a concorrência e dificulta a livre manutenção.

A discussão sobre o chamado “direito de reparar” movimento que defende o acesso livre às informações de conserto vem ganhando força em diversos países.

No Brasil, ainda não há regulamentação específica, mas mecânicos e associações de reparadores pressionam por leis que garantam acesso justo a dados técnicos e softwares, argumentando que o consumidor deve poder escolher onde realizar o reparo de seu veículo.

O desafio de equilibrar tecnologia e acesso justo

Enquanto a indústria automotiva avança para carros cada vez mais inteligentes e conectados, as pequenas oficinas correm o risco de desaparecer, sufocadas por custos e barreiras técnicas.

O conserto de um carro novo que antes dependia de um bom mecânico, hoje depende também de login, senha e autorização digital.

Para muitos profissionais, o futuro do setor depende de uma mudança de postura: ou as montadoras abrem parte das informações técnicas, ou a cadeia de manutenção automotiva ficará restrita a grandes grupos, reduzindo empregos, concorrência e a própria autonomia do consumidor.

E você, ainda confia o conserto do seu carro novo à oficina do bairro ou acredita que os modelos atuais deixaram isso no passado?

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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