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Obras do metrô em BH começam após 20 anos de espera com promessa de 3 BILHÕES em investimentos, muitos empregos e pessoas preocupadas em serem removidas de suas casas

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 19/09/2024 às 07:10
Belo Horizonte inicia obras bilionárias no metrô, mas moradores questionam valores de indenização e temem remoções forçadas em 2025.
Belo Horizonte inicia obras bilionárias no metrô, mas moradores questionam valores de indenização e temem remoções forçadas em 2025.

A expansão do metrô de Belo Horizonte, com investimento de R$ 3,2 bilhões, promete melhorar a mobilidade urbana e gerar empregos. No entanto, famílias nas áreas afetadas enfrentam incertezas quanto às indenizações e o reassentamento, levantando críticas sobre o processo de remoção.

Após décadas de espera, as obras de expansão do metrô em Belo Horizonte, com promessa de revolucionar a mobilidade na cidade e gerar uma onda de novos empregos, finalmente começaram.

A população, porém, se encontra em um misto de alívio e apreensão, não só pelo impacto positivo que o projeto trará, mas também pela realidade dura que muitos enfrentarão.

Enquanto os trilhos avançam, casas serão demolidas, famílias removidas, e as promessas de reassentamento digno ainda pairam no ar como uma incógnita. As cifras milionárias parecem impressionar, mas o verdadeiro preço a ser pago pela expansão pode não estar no orçamento oficial.

Investimentos bilionários e planos ambiciosos

O projeto de expansão do metrô de Belo Horizonte, iniciado em setembro de 2024, promete transformar a mobilidade urbana com a construção da linha 2, que terá 10 km de extensão e passará por sete novas estações, incluindo Barreiro e Vista Alegre.

Com R$ 3,2 bilhões em investimentos, o projeto deve ser concluído até 2028 e prevê melhorias significativas também na linha 1, que ganhará uma nova estação e ampliará sua extensão.

De acordo com o secretário de Estado de Infraestrutura, Pedro Bruno Barros de Souza, a obra é fundamental para a Região Metropolitana, uma vez que enfrentam problemas crônicos de trânsito e sobrecarga no transporte público.

Apesar das promessas, o processo de expansão não é só progresso. Para que os trilhos avancem, centenas de famílias precisarão ser removidas de suas casas, principalmente nos bairros Nova Gameleira e Vista Alegre, despertando reações intensas e questionamentos sobre o futuro dessas pessoas.

Indenizações questionáveis e incertezas jurídicas

Enquanto as máquinas operam em ritmo acelerado, os moradores da área onde será construída a linha 2 enfrentam um dilema.

Muitos estão sendo notificados de que precisarão sair de suas casas, com a promessa de indenizações que, segundo eles, são insuficientes para garantir um reassentamento digno.

R$ 28,7 milhões foram destinados a essas indenizações, valor que, conforme a deputada Bella Gonçalves, resultaria em apenas R$ 86 mil por família. “Esse valor mal dá para adquirir uma moradia nas mesmas condições”, alertou a parlamentar.

Os valores baixos são apenas uma parte do problema. Segundo a defensora pública Cleide Aparecida Nepomuceno, muitas dessas famílias ocupam terrenos de forma irregular, o que agrava a situação.

“As indenizações cobrem apenas as benfeitorias e não garantem o direito à posse dos terrenos, o que desrespeita a Lei Federal 14.620, de 2023”, explicou. Isso coloca em risco o direito à moradia, gerando incertezas sobre a segurança jurídica do processo.

MetrôBH tenta acalmar ânimos

Em uma audiência pública realizada em setembro de 2024, representantes do Metrô BH, empresa responsável pelo projeto, tentaram tranquilizar a população.

De acordo com o advogado Victor Marcondes de Albuquerque Lima, o processo de remoção será conduzido com respeito e dignidade.

“Não colocaremos ninguém na rua de forma indigna. Asseguramos que todos os direitos serão respeitados”, afirmou Lima, ao responder às acusações de falta de transparência e diálogo com as famílias atingidas.

Izabel Loureiro, consultora de responsabilidade social da MetrôBH, também reforçou que a empresa está comprometida em minimizar os impactos sociais das obras.

Reuniões foram realizadas com os moradores, e canais de comunicação foram abertos para esclarecer dúvidas. “Criamos dois pontos de atendimento presencial para os moradores mais afetados. Queremos que o processo seja transparente”, disse Izabel.

Plano de remoção e prazos para 2025

Segundo a MetrôBH, o plano de desocupação já foi elaborado e prevê que o processo de remoção seja realizado ao longo de 2025, com a demolição das casas e o pagamento das indenizações ocorrendo de forma gradual.

A consultora Izabel Cristina Loureiro afirmou que a empresa segue rigorosamente as normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e utiliza métodos que garantem avaliações justas das edificações. No entanto, o cronograma apertado e a falta de diálogo com parte dos moradores geram receios sobre a eficiência desse processo.

Expansão da linha 2: o lado promissor

Embora os desafios sociais e jurídicos sejam evidentes, a ampliação do metrô em Belo Horizonte é vista como um avanço necessário para a infraestrutura da cidade.

A linha 2 deverá integrar regiões menos atendidas pelo transporte público, conectando áreas estratégicas da cidade, como Barreiro e Amazonas.

Além disso, a previsão de novos empregos diretos e indiretos gerados pela obra é uma esperança para muitos, em um momento de recuperação econômica.

Segundo especialistas em mobilidade urbana, essa obra pode reduzir drasticamente o tempo de deslocamento entre as zonas periféricas e o centro de Belo Horizonte, aliviando o trânsito e melhorando a qualidade de vida de milhares de pessoas que dependem do transporte público diariamente.

O futuro da mobilidade em Belo Horizonte

Com as obras a todo vapor, o futuro da mobilidade em Belo Horizonte parece promissor. No entanto, resta a dúvida: o progresso virá acompanhado de justiça para todos, ou as famílias afetadas pelas desapropriações continuarão à margem do desenvolvimento?

Será que o preço do progresso é alto demais para as famílias que serão removidas de suas casas? Como garantir que esses moradores não sejam esquecidos no processo de modernização da cidade?

Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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