Obra crucial avaliada em R$ 100 milhões está paralisada após o PCC expulsar a empresa responsável e ocupar o local. O futuro do projeto, vital para a comunidade e para a região, é incerto, enquanto o crime organizado desafia o poder público.
Um projeto crucial para o combate aos alagamentos em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, está em risco iminente. O crime organizado, representado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), interrompeu as obras de canalização do córrego Antonico, orçadas em mais de R$ 100 milhões, em um movimento que desafia diretamente as autoridades públicas. Mas como essa situação chegou a tal ponto?
Desde o início de agosto, trabalhadores da empresa responsável pelo projeto foram forçados a abandonar o local após ameaças do PCC.
Conforme relatos dos moradores, colhidos pelo jornal Folha de S. Paulo, a facção criminosa ordenou a retirada dos operários e ocupou as faixas ao redor do córrego, onde casas foram removidas em 2022 para permitir a continuidade das obras.
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Crescimento de novas construções
Imagens recentes capturadas por drones, comparadas a fotos de satélite de meses anteriores, revelam a rápida construção de novas habitações nas margens do córrego Antonico.
Em um trecho de aproximadamente 500 metros, onde antes havia terrenos limpos, agora surgem edificações de madeira e alvenaria, muitas já em estado avançado de construção.
De acordo com os moradores, essa ocupação segue um padrão comum: primeiro, surgem os barracos de madeira, seguidos pelas casas de alvenaria.
Nesta terça-feira (03), a Prefeitura de São Paulo retomou parte dos trabalhos, demolindo cerca de dez casas construídas em áreas de risco ao longo do Antonico.
Segundo o secretário municipal de Habitação, Milton Vieira, as remoções só foram possíveis após a obtenção de uma decisão judicial de reintegração de posse, emitida na véspera. “Algumas famílias resistiram em sair, mas conseguimos a ordem judicial para prosseguir”, declarou Vieira.
Criminalidade e ocupação: quem são os novos moradores?
Segundo os moradores, as famílias que agora ocupam as margens do córrego não são originárias de Paraisópolis. Eles afirmam que essas pessoas foram trazidas de outras regiões por membros do PCC, em uma possível tentativa de extorquir o poder público em troca de indenizações.
Além disso, criminosos armados foram posicionados no local para impedir o retorno dos trabalhadores e intimidar até mesmo os vizinhos.
O clima de tensão é evidente em toda a favela, intensificado por um suposto conflito interno entre facções do próprio PCC. Esse embate estaria dificultando o diálogo entre o crime organizado e as lideranças comunitárias tradicionais, cujas influências estão sendo desafiadas como nunca antes.
Obra estratégica para Paraisópolis e Morumbi
A canalização do córrego Antonico é uma obra de grande importância para a comunidade de Paraisópolis e para a região do estádio do Morumbi.
Estima-se que cerca de 1 milhão de pessoas serão beneficiadas por essa intervenção, que inclui, além da canalização, a remoção de construções em áreas de risco, a readequação de unidades habitacionais e a implantação de redes de drenagem, água e esgoto.
No entanto, enquanto o trecho em Paraisópolis permanece paralisado, as obras em outras áreas fora da favela seguem em andamento.
A Prefeitura de São Paulo, sob a gestão de Ricardo Nunes (MDB), afirma que as intervenções no Antonico, divididas em seis trechos, têm um orçamento previsto de R$ 113 milhões. Até o momento, R$ 30,6 milhões já foram investidos em obras, desapropriações e indenizações, segundo comunicado oficial.
Posicionamento das autoridades
Sobre as ações do crime organizado, a prefeitura garantiu que está colaborando com as autoridades policiais, que estão sob a jurisdição do governo estadual, para solucionar o impasse. “Qualquer demanda das autoridades será atendida por esta administração”, afirma a nota.
Já a Secretaria da Segurança Pública do estado de São Paulo, sob a gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos), informou que um representante da empresa responsável pelas obras registrou um boletim de ocorrência relatando as invasões.
“O caso foi registrado como não criminal, pois não houve relato de crime no momento. A Polícia Civil está apurando as denúncias e se coloca à disposição das vítimas para colher mais informações”, diz o trecho da nota oficial.
Ainda conforme o governo estadual, a Polícia Militar participou de uma reunião com os órgãos envolvidos no processo de reintegração de posse e está prestando apoio à Justiça.
Futuro incerto e desafios para Paraisópolis
O futuro da obra de canalização do córrego Antonico permanece incerto. A situação em Paraisópolis é um exemplo claro dos desafios enfrentados pelas autoridades em áreas dominadas pelo crime organizado, onde o poder público tem dificuldade em garantir a continuidade de projetos essenciais para a população.
A empresa responsável pelo trecho da obra afetado, a Transvias, foi procurada pela Folha de S. Paulo, mas, segundo o jornal, a companhia optou por não se manifestar. Da mesma forma, as lideranças da comunidade de Paraisópolis não responderam aos contatos feitos pela reportagem do jornal citado.
E agora? O que o futuro reserva para Paraisópolis? Diante de uma obra crucial paralisada pelo crime organizado, você acredita que as autoridades conseguirão retomar o controle e concluir o projeto? Deixe sua opinião nos comentários!