Objeto 3I/ATLAS viaja a 209 mil km/h, vindo do centro da galáxia, e será visível até 2026 com telescópios potentes
Um objeto vindo do espaço interestelar está se aproximando rapidamente do Sistema Solar. Descoberto recentemente, o corpo celeste já recebeu o nome oficial: 3I/ATLAS. O número “3” representa que este é o terceiro objeto interestelar já confirmado. O “I” indica sua origem fora do nosso sistema. E o nome ATLAS faz referência ao sistema que o identificou primeiro.
Viajante em alta velocidade
O 3I/ATLAS foi localizado entre o cinturão de asteroides e Júpiter, segundo a NASA. Está a cerca de 667 milhões de quilômetros do Sol. Isso representa aproximadamente quatro vezes e meia a distância entre a Terra e o Sol.
Apesar da distância, ele está se movendo com rapidez impressionante. A velocidade registrada é de cerca de 209 mil quilômetros por hora. Para comparar, o físico Avi Loeb, da Universidade de Harvard, brincou que seria como ultrapassar em mil vezes o limite de velocidade de uma rodovia.
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Paul Chodas, diretor do Centro de Estudos de Objetos Próximos à Terra da NASA, explicou ao New York Times que o 3I/ATLAS vem do espaço interestelar. “Se você traçar sua órbita para trás, parece vir mais ou menos do centro da galáxia“, disse ele. “Definitivamente veio de outro sistema solar. Não sabemos qual.“
Terceiro visitante de fora
A passagem de objetos de fora do Sistema Solar é algo extremamente raro. Antes dele, apenas dois outros corpos foram oficialmente identificados como interestelares: o primeiro foi o famoso ‘Oumuamua, em 2017, conhecido por sua forma alongada. O segundo foi o cometa Borisov, que acabou se fragmentando.
Agora, o 3I/ATLAS é o terceiro registro confirmado. Aparentemente, também se trata de um cometa. Isso o torna o segundo cometa interestelar já observado.
De onde veio?
Não há certeza sobre o caminho que esse objeto percorreu. Os cientistas acreditam que ele pode ter se formado como cometa ao redor de outra estrela. Uma possível interação gravitacional o teria lançado para fora daquele sistema, fazendo com que entrasse no espaço interestelar.
O fato de estar se movendo tão rapidamente é uma das principais evidências de sua origem. Segundo Chodas, um objeto do nosso próprio Sistema Solar não teria essa velocidade. “Não há incerteza sobre suas origens interestelares”, garantiu ele.
Descoberta internacional
O objeto foi detectado pela primeira vez por um telescópio no Chile, parte do sistema ATLAS, que monitora possíveis impactos de asteroides na Terra. Após o primeiro sinal, o Centro de Planetas Menores da União Astronômica Internacional adicionou o 3I/ATLAS à lista de objetos próximos da Terra.
A confirmação da natureza interestelar foi acelerada com a colaboração de diversos telescópios ao redor do planeta. Mais de 100 observações foram feitas, incluindo sinais de possível atividade cometária. Com base nesses dados, ele recebeu sua designação oficial.
Tamanho ainda indefinido
O tamanho do 3I/ATLAS ainda está sendo debatido. Se fosse um asteroide rochoso, ele teria cerca de 19 quilômetros de largura, segundo as primeiras estimativas. No entanto, por se tratar de um cometa, esse cálculo se complica.
Cometas têm um núcleo sólido pequeno, mas envolto por uma grande nuvem de gás e poeira chamada de coma. Quando se aproximam do Sol, essa estrutura brilhante se expande, tornando difícil saber o tamanho real do objeto.
Paul Chodas reforça que é muito cedo para estimar o tamanho exato. A coma pode ser muito maior que o núcleo. Um exemplo disso foi o cometa Borisov, cuja cauda chegou a cerca de 160 mil quilômetros — aproximadamente 14 vezes o diâmetro da Terra.
Mais tempo para observação
Diferente de encontros anteriores, os astrônomos terão tempo suficiente para estudar o 3I/ATLAS com calma. O ‘Oumuamua, por exemplo, foi visível apenas por poucas semanas. Agora, o novo visitante poderá ser observado até o próximo ano com telescópios de grande porte.
Segundo a NASA, o momento de maior aproximação com o Sol deve acontecer por volta de 30 de outubro. Nessa data, o objeto interestelar estará a cerca de 210 milhões de quilômetros da estrela, ou seja, dentro da órbita de Marte. A expectativa é que os estudos até lá revelem mais sobre sua origem e características.