Nascido de uma parceria entre a McLaren e a BMW, o motor V12 aspirado do supercarro de 1992 é, até hoje, considerado por muitos uma obra-prima da engenharia
No panteão dos supercarros, poucos nomes são tão reverenciados quanto o McLaren F1. Lançado no início dos anos 90, ele redefiniu o conceito de performance. No coração dessa lenda estava uma peça de engenharia igualmente mítica: o motor do Deus dos Carros, o V12 aspirado de 6.1 litros do McLaren F1, que tinha um compartimento banhado a ouro para dissipar o calor.
A divisão Motorsport da BMW, sob a batuta do engenheiro Paul Rosche, foi quem deu vida ao S70/2. Mais que um componente, ele era a alma do carro. Com 627 cavalos de potência e uma construção que usava materiais exóticos, ele foi o resultado de uma busca obsessiva pela perfeição mecânica. Mais de 30 anos depois, em um mundo dominado por turbos e híbridos, ele continua sendo um marco.
A aliança de 1990, como a McLaren e a BMW se uniram para criar uma lenda
A história do motor começa com a visão do designer do McLaren F1, Gordon Murray. Ele tinha um objetivo claro: construir o carro de rua definitivo. Para isso, o motor precisava ser naturalmente aspirado, leve e com resposta instantânea, sem o atraso dos turbocompressores da época. A busca, no entanto, foi difícil.
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Após a Honda, então parceira da McLaren na Fórmula 1, recusar o projeto, o destino interveio. Durante o Grande Prêmio da Alemanha em Hockenheim, em 1990, Murray encontrou Paul Rosche, o lendário engenheiro da BMW M. Murray apresentou suas exigências rigorosas e Rosche, aproveitando a capacidade de desenvolvimento que sua equipe tinha após o cancelamento de outro projeto de V12 (o protótipo M8), fez a promessa que mudaria a história: ‘Faremos um motor novo’. E a BMW cumpriu em tempo recorde.
A engenharia por trás do BMW S70/2, 627 cavalos de potência pura
O resultado da colaboração foi uma obra-prima da engenharia. O motor BMW S70/2 era um V12 com um ângulo de 60 graus, 6.1 litros de cilindrada, duplo comando de válvulas (DOHC) e 48 válvulas no total. Ele entregava impressionantes 627 cavalos de potência a 7.400 rpm e um torque de 651 Nm.
Cada detalhe foi otimizado para performance. O motor usava materiais exóticos para a época, como titânio nas bielas e magnésio em várias tampas para reduzir o peso. Ele também foi um dos primeiros motores da BMW M a usar o sistema Double VANOS, que ajustava continuamente o tempo das válvulas para garantir uma entrega de potência suave e forte em qualquer rotação. O resultado era um motor que acelerava de forma brutal, mas dócil o suficiente para ser usado no dia a dia.
O cofre banhado a ouro, por que 16 gramas de ouro foram usadas no motor
O icônico compartimento do motor do McLaren F1 brilha com um revestimento dourado, mas a razão não era luxo, e sim pura ciência. A aplicação de 16 gramas de folha de ouro de 24 quilates era uma solução de engenharia pura e genial.
A principal função do ouro era refletir o calor. O motor V12 gerava uma quantidade imensa de calor, que poderia danificar a estrutura monocoque de fibra de carbono do carro. Na época, a folha de ouro era simplesmente o material mais leve e eficiente para refletir a radiação infravermelha. Foi uma escolha baseada puramente na função, um símbolo perfeito da filosofia de Gordon Murray: usar a melhor solução de engenharia possível, sem compromissos.
A carreira do motor V12 aspirado em Le Mans
A robustez do S70/2 o tornou uma base perfeita para o automobilismo. Em 1995, a McLaren adaptou o F1 para a competição, criando o F1 GTR. Naquele mesmo ano, o carro conquistou uma vitória surpreendente nas 24 Horas de Le Mans.
Curiosamente, a versão de corrida do motor era menos potente que a de rua. Para cumprir os regulamentos da categoria GT1 da FIA, o motor do GTR precisava de restritores de ar. Isso limitava sua potência a cerca de 600 cavalos. Isso mostra o quão extremo o motor de rua original era: ele era tão potente que precisou ser “amansado” para poder competir nas pistas.
O legado em 2025, por que o S70/2 ainda é considerado o maior motor de todos os tempos
Mesmo em 2025, o status do motor S70/2 só cresce. O McLaren F1, impulsionado por ele, ainda detém o recorde de carro de produção com motor naturalmente aspirado mais rápido do mundo, uma marca de 386.4 km/h alcançada em 1998.
O motor do Deus dos Carros, o V12 aspirado de 6.1 litros do McLaren F1, que tinha um compartimento banhado a ouro para dissipar o calor, representa o auge de uma era. Ele é um monumento à engenharia analógica, focada na pureza da experiência de condução e na conexão visceral entre homem e máquina. Numa era de supercarros silenciosos e digitais, o som mecânico e a resposta instantânea do S70/2 são um lembrete visceral do que um grande motor realmente significa.