Um navio elétrico com quase 200 metros e uma bateria do tamanho de 1.200 carros Tesla: o futuro da navegação já tem data para zarpar
Prepare-se para conhecer o colosso que vai dar uma nova cara à navegação mundial. Com quase 200 metros de comprimento e uma bateria que parece saída de uma usina elétrica, o Helios promete se tornar o maior navio elétrico de passageiros do planeta, superando com folga todos os projetos existentes — inclusive o famoso ferry australiano China Zorrilla, lançado recentemente.
Um gigante nascendo no Norte da Europa
A façanha não vem da China ou dos Estados Unidos. Quem está por trás dessa revolução silenciosa é a empresa finlandesa Viking Line, tradicional operadora de balsas no Mar Báltico. A embarcação Helios, ainda em fase de desenvolvimento, terá 195 metros de comprimento, capacidade para 2.000 pessoas e 650 carros, e deve começar a operar no início da década de 2030, ligando as capitais Helsinque (Finlândia) e Tallin (Estônia) em aproximadamente duas horas de travessia.
O atual recordista no segmento é o China Zorrilla, ferry elétrico da empresa australiana Incat, que começou a operar recentemente entre Argentina e Uruguai. Ele mede 130 metros, transporta até 2.100 passageiros e 225 veículos, e já impressiona pelo seu porte. Mas o Helios quer elevar a barra ainda mais alto.
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“O Helios trará uma nova era para o transporte marítimo, como fizeram os primeiros navios a vela, a vapor e a motor”, afirmou Jan Hanses, CEO da Viking Line. “Já não se pode dizer que transporte marítimo de grande escala e sem emissões seja utopia”, completou o executivo em entrevista ao site especializado Ship Technology.
A bateria mais poderosa já colocada em um navio
E o que alimenta essa máquina colossal? Uma batería elétrica de 85 a 100 megawatts-hora (MWh), a maior já planejada para um navio de passageiros. Só para comparar: o China Zorrilla utiliza uma bateria de 40 MWh. O sistema energético do Helios será suficiente para navegar os 80 km entre Helsinque e Tallin a uma velocidade de 23 nós, algo próximo de 43 km/h.
Segundo a Viking Line, o navio terá estações de recarga elétrica rápida nos dois portos, com capacidade de 30 MW. Isso significa que, numa parada de 3 horas, a embarcação poderá carregar a bateria por completo — embora a expectativa seja de cargas parciais em trajetos regulares, para evitar atrasos desnecessários nas operações.
Um estudo da DNV, consultoria norueguesa especializada em sustentabilidade marítima, aponta que sistemas de baterias com essa escala podem ser decisivos para acelerar a descarbonização do setor naval, especialmente em rotas fixas e previsíveis como a do Báltico.
A maré dos elétricos está subindo
O Helios é o maior exemplo, mas não está sozinho. A Noruega, referência em mobilidade elétrica, já opera dezenas de ferris elétricos em rotas curtas, com desempenho comprovado. Dinamarca e Alemanha também têm projetos semelhantes em operação. E o sucesso está atraindo novos players.
O próprio estaleiro australiano Incat — responsável pelo China Zorrilla — já anunciou um novo ferry elétrico de menor porte, com entrega prevista para 2026. A tendência é clara: os motores diesel, há décadas padrão da indústria naval, estão começando a perder espaço para sistemas de propulsão limpos.
No Brasil, o movimento ainda engatinha, mas há projetos-piloto em estados como Pará e Amazonas voltados para o uso de embarcações elétricas em rios. E a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) discute novas diretrizes ambientais para incentivar a transição energética nos portos brasileiros.
Um futuro silencioso e sem fumaça no mar
O Helios ainda está no papel, mas suas dimensões e ambições já fazem dele um marco na indústria naval. Um navio elétrico, silencioso, de grande porte e com batería de altíssima capacidade, capaz de realizar viagens internacionais com zero emissões é mais do que uma inovação: é um sinal claro de que a era dos motores sujos está ficando para trás.
Se tudo sair conforme o planejado, até o final da década teremos balsas de quase 200 metros deslizando sobre as águas do Mar Báltico sem despejar uma gota de óleo diesel no oceano. A questão agora é: quem será o próximo a seguir esse rumo?