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O Titanic era considerado inafundável antes de sua viagem inaugural? Documento recém-descoberto de 1911 revela a verdade

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 12/07/2025 às 14:13
Titanic
Foto: Reprodução
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Muito antes de se tornar símbolo da tragédia marítima, o Titanic já carregava a fama de ser “inafundável”. Essa crença, reforçada por jornais e até por seu próprio construtor, pode não ter surgido após o naufrágio, como muitos acreditam. Um documento de 1911 pode mudar tudo o que sabemos.

Por mais de um século, a imagem do Titanic esteve ligada a uma ideia persistente: a de que o navio era considerado “inafundável” antes de afundar.

Essa crença ganhou força no dia seguinte ao desastre, quando jornais como o The New York Times estamparam manchetes afirmando que a White Star Line havia garantido que o navio não poderia afundar.

Mas será que essa ideia já existia antes da viagem inaugural?

Nos últimos anos, diversos estudiosos questionaram essa narrativa.

Alguns afirmaram que o termo só se popularizou depois da tragédia. Porém, um documento pouco conhecido, datado de 1911, pode ter mudado tudo.

Um termo que ganhou força depois do naufrágio

O Titanic zarpou de Southampton em 10 de abril de 1912, e afundou na madrugada de 15 de abril após colidir com um iceberg.

Desde então, virou símbolo da arrogância humana diante da natureza, com a expressão “inafundável” repetida por décadas.

Em 1999, o professor Richard Howells, da Universidade de Leeds, afirmou que o navio nunca foi realmente descrito dessa forma antes da tragédia.

Segundo ele, a ideia de que o Titanic era inafundável foi uma construção posterior.

Howells declarou: “É improvável que a população como um todo pensasse no Titanic como um navio único e inafundável antes de sua viagem inaugural. Quando a notícia do desastre foi divulgada, a história foi completamente diferente — era como se o Titanic tivesse sido universalmente aclamado como inafundável o tempo todo.

A mesma visão é compartilhada pelo Royal Museums Greenwich, que afirma em seu site: “O Titanic nunca foi realmente descrito como ‘inafundável’.” Até a Wikipédia reforça isso: “Ao contrário da mitologia popular, o Titanic nunca foi descrito como ‘inafundável’ sem reservas até depois de afundar.”

Documento de 1911 revela uma outra história

Apesar dessa narrativa dominante, um documento de 1911 pode colocar tudo em xeque. A passagem, escrita um ano antes da tragédia, menciona o Titanic e seu navio irmão, o Olympic, da seguinte forma: “…esses dois navios maravilhosos foram projetados para serem inafundáveis.”

O historiador Joshua Allen Milford acredita que o público já considerava os dois navios como inafundáveis antes mesmo da viagem inaugural do Titanic. Segundo ele, o acidente do Olympic com o HMS Hawke em 1911, sem afundamento, reforçou essa ideia.

“Quando o Olympic colidiu com o Hawke e não afundou, a teoria da inafundabilidade foi solidificada para o futuro Titanic”, disse Milford ao MailOnline. “Essa foi uma das razões pelas quais as expectativas para os navios eram tão altas e pode até ter impulsionado as vendas de ingressos.”

“Praticamente inafundável” era a expressão comum

A empresa Harland & Wolff, que construiu os dois navios, também teria usado expressões como “praticamente inafundáveis” para se referir a eles.

O periódico especializado The Shipbuilder, segundo Milford, teria usado a mesma linguagem ainda na fase inicial de construção.

Ele acredita que o documento recém-descoberto de 1911, que menciona os navios “projetados para serem inafundáveis”, foi publicado exatamente nesse periódico.

Isso indicaria que a reputação do Titanic já estava sendo construída com base em promessas de segurança extraordinária.

Outras fontes também corroboram essa versão. Um artigo publicado em junho de 1911 pelo Irish News e o Belfast Morning News, durante o lançamento do casco do Titanic, descreveu seu sistema de compartimentos estanques e concluiu que o navio era “praticamente inafundável”.

A fala do próprio capitão reforça a ideia

A ideia de segurança absoluta também era defendida pelo próprio capitão do Titanic. Em 1907, Edward Smith afirmou: “Não consigo imaginar nenhuma condição que possa causar o naufrágio de um navio. Não consigo conceber nenhum desastre vital… a construção naval moderna foi além disso.”

Essa declaração mostra que, mesmo anos antes da tragédia, já havia um pensamento consolidado de que os novos navios, como o Titanic, estavam acima de qualquer ameaça real.

O naufrágio que desmentiu a crença

A tragédia veio para desmentir a confiança exagerada. Em sua viagem inaugural rumo a Nova York, o Titanic transportava 2.224 pessoas.

Às 23h40 do dia 14 de abril de 1912, o navio colidiu com um iceberg. James Moody, que estava de plantão, atendeu a ligação do vigia, que disse: “Iceberg, bem à frente.”

O impacto provocou o rompimento de vários compartimentos estanques, que não eram altos o suficiente para conter a água quando invadidos em sequência. Às 2h20 da manhã, o navio afundou por completo.

Mais de 1.500 pessoas morreram, incluindo alguns dos homens mais ricos da época, como John Jacob Astor IV, Benjamin Guggenheim e Isidor Straus, coproprietário da Macy’s. Ao todo, apenas 700 pessoas sobreviveram, resgatadas horas depois pelo navio RMS Carpathia.

Estrutura luxuosa e segurança limitada

O Titanic foi apresentado ao mundo como o maior e mais moderno navio de passageiros. Contava com piscina, academia, bibliotecas, restaurantes e luxuosas cabines de primeira classe.

Mas havia uma falha grave: o número de botes salva-vidas era insuficiente para todos a bordo.

Isso ocorreu por causa de normas de segurança marítima desatualizadas.

A confiança exagerada na tecnologia do navio também pode ter contribuído para que medidas de segurança não fossem levadas tão a sério.

Descoberta dos destroços e impacto cultural

Somente em 1985 os destroços do Titanic foram encontrados no fundo do oceano, divididos em dois pedaços. A descoberta virou manchete no mundo todo e reacendeu o fascínio por essa história.

Desde então, livros, filmes e documentários contribuíram para fixar ainda mais a imagem do Titanic como “o navio inafundável que afundou”.

Mas agora, com o documento de 1911, essa imagem deixa de ser apenas um mito popular e passa a ter base documental anterior à tragédia.

A última revelação

Mais de cem anos após o naufrágio, o documento de 1911 traz uma nova perspectiva. Apesar de muitos especialistas defenderem que o termo “inafundável” só se popularizou depois da tragédia, a descrição encontrada prova que essa ideia já circulava antes.

Mesmo que a palavra não tenha sido usada de forma oficial e absoluta em todos os materiais de divulgação, há evidências de que o Titanic e seu navio irmão foram, sim, apresentados como navios com uma segurança além do padrão.

Esse detalhe, aparentemente pequeno, ajuda a reconstituir como o público via o Titanic antes da tragédia e como a confiança excessiva na engenharia pode ter moldado decisões com consequências fatais.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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