Estrutura complexa e bem organizada em estágio tão inicial do universo surpreende cientistas e pode reescrever parte da história da formação galáctica
Astrônomos fizeram uma descoberta surpreendente usando o Telescópio Espacial James Webb. Eles identificaram uma galáxia espiral gigantesca, chamada Zhúlóng, que existia apenas um bilhão de anos após o Big Bang. A revelação contraria as teorias anteriores sobre a formação das galáxias.
Zhúlóng: um “dragão” distante
Zhúlóng, nome que significa “Dragão da Tocha”, é a galaxia de disco mais distante já observada com braços espirais e estrutura de disco. Ela apresenta uma protuberância central, braços espirais bem definidos e um disco de formação estelar. Essas características são normalmente associadas a galáxias mais próximas e formadas há bilhões de anos.
Segundo o pesquisador Mengyuan Xiao, da Universidade de Genebra (UNIGE), o disco de Zhúlóng tem mais de 60 mil anos-luz de extensão e contém mais de 100 bilhões de massas solares em estrelas. O tamanho e a massa da galáxia são comparáveis aos da Via Láctea.
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Nova visão do universo
A descoberta levanta questionamentos sobre a formação das galáxias. Durante muito tempo, acreditava-se que galáxias espirais massivas levavam bilhões de anos para se formar.
Esperava-se que as galáxias no primeiro bilhão de anos do universo fossem pequenas, irregulares e desorganizadas. Mas Zhúlóng apresenta uma estrutura madura em uma época considerada muito precoce.
A galáxia foi identificada em um desvio para o vermelho de 5,2, o que indica sua enorme distância e antiguidade. As imagens infravermelhas captadas pelo telescópio Webb estão mudando a forma como os cientistas compreendem o início do universo.
Programa PANORAMIC e o futuro das descobertas
Zhúlóng foi encontrada durante a pesquisa PANORAMIC, voltada para a detecção de objetos raros e distantes. A astrônoma Christina Williams, do NOIRLab, destacou o potencial desse tipo de pesquisa para desafiar os modelos atuais de formação de galáxias.
Para o professor Pascal Oesch, da UNIGE, essa é uma das descobertas que mostram como o telescópio Webb está transformando radicalmente a visão científica sobre o universo primitivo. A pesquisa completa foi publicada na revista Astronomy & Astrophysics.