Empresa que nasceu vendendo balas em tabuleiros se tornou império bilionário, mas acabou engolida pela gigante Nestlé após conflitos familiares.
A história do rei dos chocolates no Brasil começou com um jovem imigrante alemão chamado Henrique Meyerfreund, que desembarcou em Vitória, Espírito Santo, sem grandes recursos, mas com muita determinação. De uma pequena produção artesanal de balas vendidas por garotos nas ruas da cidade, surgiu a Garoto, empresa que viria a se tornar a maior fabricante de chocolates da América Latina e uma das dez maiores do mundo.
Apesar do sucesso meteórico, o império construído pela família Meyerfreund passou por momentos dramáticos e conturbados que levaram à perda do controle da empresa. Uma sucessão mal conduzida, rivalidades internas e decisões polêmicas resultaram na venda da Garoto para a multinacional suíça Nestlé, num processo que enfrentou resistência até mesmo do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Quem foi o verdadeiro rei dos chocolates no Brasil?
Henrique Meyerfreund deixou a Alemanha em 1921, aos 20 anos, buscando melhores condições de vida após a Primeira Guerra Mundial. Ao desembarcar no Espírito Santo, trabalhou como topógrafo e posteriormente em uma torrefação de café, até decidir produzir balas em 1929. O sucesso veio rápido, e as “balas Garoto” rapidamente se popularizaram, ganhando esse nome por serem vendidas por jovens vendedores ambulantes nas ruas.
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Com visão estratégica, Henrique investiu na fabricação de chocolates, aproveitando a proximidade com as maiores regiões produtoras de cacau do país. Nos anos seguintes, nasceram produtos icônicos como o Batom, Serenata de Amor e a tradicional caixa amarela de bombons.
Quanto valeu o império da Garoto?
A Garoto chegou ao auge nos anos 80, tornando-se líder nacional em chocolates. Sob o comando de Helmut Meyerfreund, filho de Henrique, a empresa atingiu um faturamento de quase 500 milhões de dólares em 1996, disputando diretamente com gigantes como Nestlé e Lacta.
No entanto, divergências familiares fizeram o faturamento cair para cerca de 391 milhões de dólares em 1997, enfraquecendo a empresa e acelerando o fim da gestão familiar.
Onde começaram os problemas que levaram à venda da Garoto?
Os conflitos familiares começaram na década de 1970 e se intensificaram nos anos 1990, culminando em um verdadeiro golpe empresarial. Helmut Meyerfreund, presidente há 26 anos, foi destituído da liderança por seus próprios familiares durante uma reunião tensa, digna de um roteiro de novela.
A disputa gerou um processo judicial complexo, desgastando ainda mais a empresa. A única saída encontrada pela família foi colocar a Garoto à venda em 2001, encerrando definitivamente a era familiar.
Por que a venda da Garoto gerou tanta polêmica?
A Nestlé adquiriu a Garoto em 2002 por cerca de R$ 566 milhões, formando uma gigante que dominaria quase 60% do mercado nacional de chocolates. Isso levou o Cade a intervir em 2004, bloqueando a transação em uma decisão histórica. O órgão alegou que a concentração de mercado seria prejudicial aos consumidores brasileiros.
Após 21 anos de batalhas judiciais e restrições comerciais, o Cade finalmente aprovou a aquisição em 2023, sob condições específicas, permitindo à Nestlé integrar plenamente as operações da Garoto.
Valeu a pena para o mercado brasileiro?
A aquisição pela Nestlé trouxe investimentos, inovação e ampliação de mercado para a Garoto. A fábrica de Vila Velha se tornou uma das cinco maiores unidades da multinacional suíça no mundo e a maior da América Latina, empregando mais de dois mil colaboradores.
Por outro lado, o fim da gestão familiar representa mais um capítulo triste na história de empresas brasileiras que não conseguiram superar conflitos internos e permanecer nas mãos das famílias fundadoras.
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A venda foi ótima, mas as caixas de bombom estão cada vez menores. Antes, elas tinham 400 gramas, agora já estão em 250 gramas. Se continuar assim, logo teremos caixas com apenas dois bombons!