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O recorde de maior velocidade já atingida por um ser humano foi registrado há mais de 50 anos: 39.937,7 km/h — e agora estamos prestes a quebrá-lo com novas tecnologias espaciais

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 20/06/2025 às 08:02
O recorde de maior velocidade já atingida por um ser humano foi registrado há mais de 50 anos: 39.937,7 km/h — e agora estamos prestes a quebrá-lo com novas tecnologias espaciais
Foto: IA + CANVA
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Em 1969, os astronautas da Apollo 10 atingiram quase 40 mil km/h e se tornaram os humanos mais rápidos da história. Agora, mais de meio século depois, a NASA está prestes a superar essa marca com a missão Artemis.

Usain Bolt, que chegou aos 44 km/h usando apenas seu corpo. Mas há um feito ainda mais impressionante — e pouco conhecido — registrado em 1969. Três homens quebraram todas as barreiras imagináveis e atingiram uma velocidade que, até hoje, nenhum outro ser humano sequer se aproximou: 39.937,7 km/h. Esse número não foi alcançado em uma pista, mas no espaço, durante o retorno da missão Apollo 10 à Terra. E agora, mais de 50 anos depois, a NASA está prestes a escrever um novo capítulo dessa história, com tecnologias espaciais modernas capazes de quebrar o recorde de velocidade já alcançado por um ser humano.

O dia em que três astronautas voaram mais rápido que qualquer um na história

Em 26 de maio de 1969, os astronautas Thomas Stafford, John Young e Eugene Cernan estavam voltando de um voo orbital ao redor da Lua. Eles não chegaram a pousar, mas realizaram todos os testes necessários para que a missão Apollo 11 pudesse fazer história semanas depois.

A nave em que estavam, o módulo de comando Charlie Brown, realizou uma reentrada atmosférica em uma trajetória mais curta do que a usual. Em vez de 56 horas, o retorno levou cerca de 42 horas. Esse encurtamento permitiu que a gravidade da Terra acelerasse a cápsula até a velocidade de 39.937,7 km/h.

Eugene Cernan descreveu o momento da reentrada como “entrar em uma bola de fogo branca e violeta”. O atrito com a atmosfera foi tão intenso que gerou temperaturas superiores a 2.700 °C. Mas o escudo térmico da cápsula resistiu — e os três astronautas saíram vivos e com o recorde de velocidade humana até hoje imbatível.

Por que ninguém nunca bateu esse recorde?

Desde então, nenhuma outra missão tripulada alcançou ou sequer tentou atingir tal velocidade. Isso não aconteceu por falta de tecnologia, mas por falta de necessidade.

Durante décadas, a exploração espacial esteve centrada na órbita baixa da Terra. As missões do ônibus espacial, da Estação Espacial Internacional (ISS) e até as missões russas Soyuz operam a velocidades de reentrada bem mais modestas, em torno de 28.000 km/h. Isso é suficiente para manter satélites e astronautas em órbita, mas não para igualar a façanha da Apollo 10.

Em outras palavras, o recorde permaneceu intacto porque ninguém mais voltou da Lua.

Artemis II: o retorno da humanidade à Lua — e à alta velocidade

Isso está prestes a mudar com o programa Artemis, a nova iniciativa da NASA que pretende levar o ser humano novamente à superfície lunar e, futuramente, a Marte.

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A missão Artemis II, prevista para o início de 2026, será a primeira missão tripulada do programa e repetirá o voo da Apollo 10: uma órbita ao redor da Lua antes de retornar à Terra.

A bordo da nave Orion, estarão os astronautas Jeremy Hansen (Canadá), Victor Glover, Reid Wiseman e Christina Koch (EUA). Eles farão história em vários sentidos — incluindo a possibilidade real de quebrar o recorde da maior velocidade já alcançada por um ser humano.

A expectativa é que a reentrada da Orion atinja 40.234 km/h, ultrapassando a marca de 1969 por cerca de 300 km/h. Pode parecer pouco, mas representa um feito histórico.

Para voar tão rápido, é preciso suportar o impossível

Quebrar o recorde não é apenas uma questão de potência. Na verdade, a velocidade é resultado de uma combinação de fatores orbitais, trajetória e física gravitacional. Mas o verdadeiro desafio está em sobreviver ao retorno.

Na missão não tripulada Artemis I, o escudo térmico da Orion — mesmo com toda sua tecnologia — apresentou falhas. Partes da blindagem se soltaram durante a reentrada. A NASA precisou revisar urgentemente o sistema antes de enviar humanos a bordo.

Para a Artemis II, o perfil da reentrada será ajustado: será menos agressivo em termos de “ressalto” (aquela desaceleração controlada que cria um breve salto na atmosfera), mas a velocidade recorde será mantida. O escudo foi reforçado, e a nova nave promete suportar o impacto térmico e mecânico extremo.

Por que quebrar esse recorde é tão simbólico?

Mais do que uma marca numérica, esse recorde representa a ousadia da exploração humana. Em um mundo onde tecnologias evoluem exponencialmente, é quase poético que um dos feitos mais extremos da humanidade tenha sido registrado em 1969 — e que só agora estejamos prestes a superá-lo.

A quebra do recorde de velocidade no espaço marca o renascimento da ambição espacial. Significa que voltamos a mirar longe, a sair da órbita terrestre, a encarar os riscos do desconhecido — como os astronautas da era Apollo fizeram, com computadores mais fracos que uma calculadora moderna.

E no futuro? Missões ainda mais rápidas?

Sim. A missão Artemis II será apenas o começo. Futuras missões para Marte poderão atingir velocidades ainda maiores, dependendo da trajetória e da propulsão utilizada. Tecnologias como motores nucleares térmicos, plasma propulsion e slingshots gravitacionais (aceleração usando a gravidade de planetas) prometem levar o ser humano a novos limites.

Estudos da NASA e de empresas como a SpaceX indicam que velocidades acima de 50.000 km/h poderão ser atingidas em missões interplanetárias. Mas, por enquanto, todos os olhos estão voltados para os astronautas da Artemis II — e a chance de redefinir o que é ser o humano mais rápido da história.

O recorde de velocidade alcançado pela Apollo 10 é um desses feitos silenciosos da história: pouca gente conhece, mas ele representa o ápice da coragem e da capacidade humana. Durante mais de meio século, ele permaneceu como um marco inalcançável.

Agora, com a nave Orion prestes a cruzar novamente os céus em chamas, o mundo pode testemunhar um novo recorde — e, com ele, o início de uma nova era de audácia espacial, inovação tecnológica e sonhos que atravessam a atmosfera.

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Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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