A Petrobras alcançou um marco histórico com o Monai, o poço de petróleo mais profundo já perfurado no Brasil. Situado no pré-sal da Bacia do Espírito Santo, o Monai desce quase 8 mil metros abaixo da superfície do mar, superando recordes técnicos e desafiando os limites da engenharia offshore.
Nomeado em referência a uma figura mitológica da cultura Guarani, o Monai não é apenas mais um poço no portfólio da Petrobras. Ele é, oficialmente, o poço de petróleo mais profundo do Brasil, representando um feito inédito na exploração em águas ultraprofundas. Localizado a 145 km da costa do Espírito Santo, no bloco exploratório ES-M-669, o poço Monai foi perfurado em uma lâmina d’água de 2.366 metros e atingiu a profundidade total de 7.700 metros. Isso equivale a quase oito quilômetros de extensão vertical, superando inclusive a altura de montanhas como o Monte Kilimanjaro.
Por que a profundidade do poço Monai é um marco?
A profundidade de 7.700 metros posiciona o Monai como o poço de petróleo que perfura quase 8 km no fundo do mar, superando o antigo recorde nacional detido pelo poço Parati, perfurado em 2005 na Bacia de Santos, que atingia 7.630 metros. – Outra curiosidade importante: A maior sonda de perfuração do mundo pesa 60 mil toneladas e perfura a crosta terrestre a 12 km de profundidade — conheça o titã do petróleo equivalente a 96 campos de futebol
Essa marca não é apenas simbólica — ela representa a capacidade da indústria nacional de atuar em fronteiras exploratórias de altíssima complexidade, com tecnologias de ponta e protocolos de segurança cada vez mais robustos.
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Entenda a diferença entre poço produtor e poço exploratório
O poço Monai é do tipo exploratório, o que significa que ele tem como principal objetivo analisar a viabilidade da extração em determinada área. Ao contrário dos poços produtores, que bombeiam petróleo ou gás de forma contínua, os poços exploratórios servem para:
- Avaliar a geologia e a pressão das rochas perfuradas;
- Identificar a existência de reservatórios;
- Fornecer dados para modelagens geológicas e decisões de investimento.
Esses dados foram cruciais para que a Petrobras decidisse os rumos do bloco ES-M-669, adquirido em 2013.
As diferentes profundidades na produção offshore
A complexidade do poço Monai também se mede pela comparação com outros tipos de exploração offshore:
- Águas rasas: até 300 metros de profundidade;
- Águas profundas: entre 300 e 1.500 metros;
- Águas ultraprofundas: acima de 1.500 metros — categoria onde se enquadra o Monai, com mais de 2.300 metros só de lâmina d’água.
A soma da profundidade da lâmina d’água com a profundidade do poço faz do Monai um dos mais desafiadores já perfurados em território nacional.
Os recordes históricos do poço de petróleo Monai
A seguir, veja os principais recordes alcançados pelo poço de petróleo mais profundo do Brasil:
Maior profundidade total em território brasileiro
7.700 metros: o poço Monai ultrapassou todos os anteriores já perfurados pela Petrobras e por qualquer outra empresa atuante no Brasil.
Maior coluna de tie-back
Um dos destaques técnicos foi a instalação da maior coluna de tie-back já registrada no país, com 4.300 metros de comprimento. Essa estrutura metálica conecta o fundo do poço à cabeça instalada no leito marinho, garantindo estabilidade.
Maior espessura de camada de sal já perfurada
O Monai atravessou uma camada de sal com 4.850 metros de espessura, número que praticamente dobra a média observada na Bacia de Santos, entre 2.000 e 2.200 metros. Isso equivale à altura de quase seis Burj Khalifa, o prédio mais alto do mundo.
Maior peso de revestimento em águas brasileiras
Foram 794 toneladas de aço utilizadas para o revestimento interno do poço, algo equivalente a cinco baleias-azuis, o animal mais pesado do planeta.
Os desafios técnicos enfrentados pela Petrobras
Perfurar um poço como o Monai não é tarefa simples. A complexidade aumenta drasticamente em profundidades extremas. Alguns dos principais desafios incluíram:
Velocidade de perfuração extremamente reduzida
- Nas fases finais do poço, a velocidade de perfuração caiu para menos de 5 metros por hora, contra 100 metros por hora em trechos mais superficiais.
Pressões geológicas extremas
- A pressão em alguns pontos do Monai alcançou 17.000 psi, cerca de 1.200 vezes a pressão atmosférica ao nível do mar, o que exige equipamentos extremamente reforçados e monitoramento contínuo.
Dureza das rochas
- Em grandes profundidades, as rochas são mais compactas, duras e densas, exigindo brocas especiais e resistências térmicas elevadas para suportar o calor e a pressão do ambiente.
Tecnologias avançadas para viabilizar a perfuração
Para superar os desafios do poço de petróleo que perfura quase 8 km no fundo do mar, a Petrobras apostou em soluções tecnológicas de ponta:
Brocas de última geração
Equipamentos especialmente projetados para resistir a abrasão e operar com alta eficiência em rochas ultradensas.
Sistema MPD (Managed Pressure Drilling)
Sistema de gerenciamento de pressão em tempo real, fundamental para evitar acidentes e vazamentos, monitorando a estabilidade do poço com sensores de alta precisão.
Automação e inteligência operacional 24h
Operações supervisionadas em tempo integral, com centros de monitoramento remoto, contribuindo para a segurança e redução de tempo de execução.
Eficiência operacional
Graças à aplicação dessas tecnologias, o Monai teve uma redução de 50% no tempo total de perfuração, o que representa economia direta de recursos.
Por que ainda perfurar poços tão profundos em tempos de transição energética?
A pergunta é legítima: se o mundo caminha para fontes limpas, por que investir em poços de petróleo tão profundos?
A resposta está na transição energética responsável. Segundo a Petrobras e a Agência Nacional do Petróleo (ANP), ainda há demanda global por petróleo, especialmente para combustíveis, plásticos, fertilizantes e derivados essenciais.
Os novos poços, como o Monai, buscam:
- Substituir reservas esgotadas;
- Reduzir a pegada de carbono por barril produzido;
- Fortalecer a autonomia energética nacional;
- Manter o Brasil como referência em exploração offshore de baixo risco ambiental.
O Monai e o futuro da exploração na Bacia do Espírito Santo
Com os dados coletados pelo Monai, a Petrobras poderá modelar novos projetos no bloco ES-M-669 e em áreas adjacentes da Bacia do Espírito Santo, considerada uma das novas promessas do pré-sal brasileiro, junto à Bacia de Santos e Bacia de Campos.
As informações geológicas obtidas ajudam a reduzir riscos de exploração, atrair investimentos estrangeiros e consolidar o Brasil como um dos líderes mundiais em produção em águas ultraprofundas.
O poço Monai e o impacto geopolítico
Do ponto de vista geopolítico, o poço de petróleo mais profundo do Brasil reforça o papel estratégico do país no cenário energético internacional.
Com reservas expressivas, expertise técnica reconhecida globalmente e infraestrutura avançada, o Brasil pode:
- Garantir autossuficiência energética;
- Exportar conhecimento e tecnologia em perfuração;
- Ampliar a atuação no mercado global sem abrir mão da responsabilidade ambiental.
O poço Monai não é apenas o poço mais profundo do Brasil. Ele é símbolo de uma indústria que, mesmo em meio a transformações climáticas e geopolíticas, se reinventa e avança com base em ciência, tecnologia e segurança.
Ao atingir quase 8 km de profundidade no fundo do mar, o Monai amplia os horizontes da exploração energética e coloca o Brasil em um novo patamar de inovação e excelência técnica.
O poço do petróleo que perfura? Que frase mais sem sentido. Poço é poço, quem perfura é Plataforma de Perfuração.