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O poço de petróleo que perfura quase 8 km no fundo do mar e equivale à altura de cinco Burj Khalifa: Monai, a estrutura mais profunda já feita para extrair petróleo no Brasil

Escrito por Débora Araújo
Publicado em 23/05/2025 às 19:54
O poço de petróleo que perfura quase 8 km no fundo do mar: conheça o Monai, a estrutura mais profunda já feita para extrair petróleo no Brasil
Foto: IA

A Petrobras alcançou um marco histórico com o Monai, o poço de petróleo mais profundo já perfurado no Brasil. Situado no pré-sal da Bacia do Espírito Santo, o Monai desce quase 8 mil metros abaixo da superfície do mar, superando recordes técnicos e desafiando os limites da engenharia offshore.

Nomeado em referência a uma figura mitológica da cultura Guarani, o Monai não é apenas mais um poço no portfólio da Petrobras. Ele é, oficialmente, o poço de petróleo mais profundo do Brasil, representando um feito inédito na exploração em águas ultraprofundas. Localizado a 145 km da costa do Espírito Santo, no bloco exploratório ES-M-669, o poço Monai foi perfurado em uma lâmina d’água de 2.366 metros e atingiu a profundidade total de 7.700 metros. Isso equivale a quase oito quilômetros de extensão vertical, superando inclusive a altura de montanhas como o Monte Kilimanjaro.

Por que a profundidade do poço Monai é um marco?

A profundidade de 7.700 metros posiciona o Monai como o poço de petróleo que perfura quase 8 km no fundo do mar, superando o antigo recorde nacional detido pelo poço Parati, perfurado em 2005 na Bacia de Santos, que atingia 7.630 metros. – Outra curiosidade importante: A maior sonda de perfuração do mundo pesa 60 mil toneladas e perfura a crosta terrestre a 12 km de profundidade — conheça o titã do petróleo equivalente a 96 campos de futebol

O poço de petróleo que perfura quase 8 km no fundo do mar: conheça o Monai, a estrutura mais profunda já feita para extrair petróleo no Brasil
Créditos: Agência Petrobras

Essa marca não é apenas simbólica — ela representa a capacidade da indústria nacional de atuar em fronteiras exploratórias de altíssima complexidade, com tecnologias de ponta e protocolos de segurança cada vez mais robustos.

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Entenda a diferença entre poço produtor e poço exploratório

O poço Monai é do tipo exploratório, o que significa que ele tem como principal objetivo analisar a viabilidade da extração em determinada área. Ao contrário dos poços produtores, que bombeiam petróleo ou gás de forma contínua, os poços exploratórios servem para:

  • Avaliar a geologia e a pressão das rochas perfuradas;
  • Identificar a existência de reservatórios;
  • Fornecer dados para modelagens geológicas e decisões de investimento.

Esses dados foram cruciais para que a Petrobras decidisse os rumos do bloco ES-M-669, adquirido em 2013.

As diferentes profundidades na produção offshore

A complexidade do poço Monai também se mede pela comparação com outros tipos de exploração offshore:

  • Águas rasas: até 300 metros de profundidade;
  • Águas profundas: entre 300 e 1.500 metros;
  • Águas ultraprofundas: acima de 1.500 metros — categoria onde se enquadra o Monai, com mais de 2.300 metros só de lâmina d’água.

A soma da profundidade da lâmina d’água com a profundidade do poço faz do Monai um dos mais desafiadores já perfurados em território nacional.

Os recordes históricos do poço de petróleo Monai

Créditos: Agência Petrobras

A seguir, veja os principais recordes alcançados pelo poço de petróleo mais profundo do Brasil:

Maior profundidade total em território brasileiro

7.700 metros: o poço Monai ultrapassou todos os anteriores já perfurados pela Petrobras e por qualquer outra empresa atuante no Brasil.

Maior coluna de tie-back

Um dos destaques técnicos foi a instalação da maior coluna de tie-back já registrada no país, com 4.300 metros de comprimento. Essa estrutura metálica conecta o fundo do poço à cabeça instalada no leito marinho, garantindo estabilidade.

Maior espessura de camada de sal já perfurada

O Monai atravessou uma camada de sal com 4.850 metros de espessura, número que praticamente dobra a média observada na Bacia de Santos, entre 2.000 e 2.200 metros. Isso equivale à altura de quase seis Burj Khalifa, o prédio mais alto do mundo.

Maior peso de revestimento em águas brasileiras

Foram 794 toneladas de aço utilizadas para o revestimento interno do poço, algo equivalente a cinco baleias-azuis, o animal mais pesado do planeta.

Os desafios técnicos enfrentados pela Petrobras

Perfurar um poço como o Monai não é tarefa simples. A complexidade aumenta drasticamente em profundidades extremas. Alguns dos principais desafios incluíram:

Velocidade de perfuração extremamente reduzida

  • Nas fases finais do poço, a velocidade de perfuração caiu para menos de 5 metros por hora, contra 100 metros por hora em trechos mais superficiais.

Pressões geológicas extremas

  • A pressão em alguns pontos do Monai alcançou 17.000 psi, cerca de 1.200 vezes a pressão atmosférica ao nível do mar, o que exige equipamentos extremamente reforçados e monitoramento contínuo.

Dureza das rochas

  • Em grandes profundidades, as rochas são mais compactas, duras e densas, exigindo brocas especiais e resistências térmicas elevadas para suportar o calor e a pressão do ambiente.

Tecnologias avançadas para viabilizar a perfuração

Para superar os desafios do poço de petróleo que perfura quase 8 km no fundo do mar, a Petrobras apostou em soluções tecnológicas de ponta:

Brocas de última geração

Equipamentos especialmente projetados para resistir a abrasão e operar com alta eficiência em rochas ultradensas.

Sistema MPD (Managed Pressure Drilling)

Sistema de gerenciamento de pressão em tempo real, fundamental para evitar acidentes e vazamentos, monitorando a estabilidade do poço com sensores de alta precisão.

Automação e inteligência operacional 24h

Operações supervisionadas em tempo integral, com centros de monitoramento remoto, contribuindo para a segurança e redução de tempo de execução.

Eficiência operacional

Graças à aplicação dessas tecnologias, o Monai teve uma redução de 50% no tempo total de perfuração, o que representa economia direta de recursos.

Por que ainda perfurar poços tão profundos em tempos de transição energética?

A pergunta é legítima: se o mundo caminha para fontes limpas, por que investir em poços de petróleo tão profundos?

A resposta está na transição energética responsável. Segundo a Petrobras e a Agência Nacional do Petróleo (ANP), ainda há demanda global por petróleo, especialmente para combustíveis, plásticos, fertilizantes e derivados essenciais.

Os novos poços, como o Monai, buscam:

  • Substituir reservas esgotadas;
  • Reduzir a pegada de carbono por barril produzido;
  • Fortalecer a autonomia energética nacional;
  • Manter o Brasil como referência em exploração offshore de baixo risco ambiental.

O Monai e o futuro da exploração na Bacia do Espírito Santo

Com os dados coletados pelo Monai, a Petrobras poderá modelar novos projetos no bloco ES-M-669 e em áreas adjacentes da Bacia do Espírito Santo, considerada uma das novas promessas do pré-sal brasileiro, junto à Bacia de Santos e Bacia de Campos.

As informações geológicas obtidas ajudam a reduzir riscos de exploração, atrair investimentos estrangeiros e consolidar o Brasil como um dos líderes mundiais em produção em águas ultraprofundas.

O poço Monai e o impacto geopolítico

Do ponto de vista geopolítico, o poço de petróleo mais profundo do Brasil reforça o papel estratégico do país no cenário energético internacional.

Com reservas expressivas, expertise técnica reconhecida globalmente e infraestrutura avançada, o Brasil pode:

  • Garantir autossuficiência energética;
  • Exportar conhecimento e tecnologia em perfuração;
  • Ampliar a atuação no mercado global sem abrir mão da responsabilidade ambiental.

O poço Monai não é apenas o poço mais profundo do Brasil. Ele é símbolo de uma indústria que, mesmo em meio a transformações climáticas e geopolíticas, se reinventa e avança com base em ciência, tecnologia e segurança.

Ao atingir quase 8 km de profundidade no fundo do mar, o Monai amplia os horizontes da exploração energética e coloca o Brasil em um novo patamar de inovação e excelência técnica.

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Henrique
Henrique
30/05/2025 09:10

O poço do petróleo que perfura? Que frase mais sem sentido. Poço é poço, quem perfura é Plataforma de Perfuração.

Débora Araújo

Débora Araújo é redatora no Click Petróleo e Gás, com mais de dois anos de experiência em produção de conteúdo e mais de mil matérias publicadas sobre tecnologia, mercado de trabalho, geopolítica, indústria, construção, curiosidades e outros temas. Seu foco é produzir conteúdos acessíveis, bem apurados e de interesse coletivo. Para sugestões de pauta, correções ou contato direto: deborasthefanecruz@gmail.com

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