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O reator nuclear de um submarino, que permite à embarcação ficar submersa por 25 anos sem precisar reabastecer

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 16/06/2025 às 10:26
Reator nuclear de um submarino: a verdade sobre a autonomia de 25 anos
Reator nuclear de um submarino: a verdade sobre a autonomia de 25 anos
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Entenda por que a autonomia de um submarino nuclear é limitada pela comida, não pelo combustível, e conheça as diferenças entre o projeto americano e o futuro submarino brasileiro

O reator nuclear de um submarino é uma das tecnologias mais transformadoras da estratégia naval. Ele permite que uma embarcação navegue por anos sem precisar reabastecer, oferecendo um alcance praticamente ilimitado. No entanto, a ideia de que um submarino pode ficar submerso por 25 anos seguidos, embora baseada em fatos, precisa de um importante esclarecimento.

A verdade é que, enquanto a tecnologia nuclear resolveu o problema da energia, a autonomia real de qualquer submarino é, em última instância, definida por seus tripulantes. A limitação final não é o reator, mas a quantidade de comida a bordo e a resistência física e psicológica da equipe. Além disso, existem diferenças cruciais entre os projetos de cada país, como o americano e o brasileiro.

A classe Virginia dos EUA, 33 anos de operação sem reabastecer

Os submarinos de ataque da classe Virginia, da Marinha dos EUA, são um exemplo impressionante de autonomia. Eles são equipados com o reator modelo S9G, projetado para operar por 33 anos sem a necessidade de trocar o combustível nuclear. Isso significa que o reator dura toda a vida útil projetada do submarino.

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Essa capacidade extraordinária é alcançada pelo uso de Urânio Altamente Enriquecido (HEU). Isso elimina a necessidade de longas e caras paradas para reabastecimento, maximizando o tempo que o submarino passa em operação. Para a classe Virginia, a afirmação de que a autonomia é “ilimitada” é quase literal do ponto de vista energético.

O futuro submarino brasileiro, o reator nuclear de um submarino do Álvaro Alberto e seus 5 anos de ciclo

O reator nuclear de um submarino, que permite à embarcação ficar submersa por 25 anos sem precisar reabastecer

O Brasil está desenvolvendo seu próprio submarino nuclear, o Álvaro Alberto (SN10), como parte do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB). Seu sistema de propulsão é baseado no protótipo LABGENE, um reator totalmente desenvolvido no país. No entanto, sua filosofia de projeto é diferente da americana.

O reator nuclear de um submarino brasileiro exigirá reabastecimento a cada 5 anos. A construção do Álvaro Alberto começou oficialmente em junho de 2024, com previsão de lançamento para 2029. Ele usará Urânio de Baixo Enriquecimento (LEU), uma escolha que, embora exija reabastecimentos mais frequentes, está alinhada às normas internacionais de não proliferação e garante a autonomia tecnológica do Brasil no setor.

Como funciona o Reator de Água Pressurizada (PWR) que move esses gigantes

A tecnologia por trás da maioria dos reatores navais é o Reator de Água Pressurizada (PWR). O sistema é robusto e compacto. Dentro do reator, a fissão nuclear gera uma imensa quantidade de calor, que aquece um circuito primário de água.

Essa água é mantida sob uma pressão altíssima, cerca de 155 bar, para que não ferva, mesmo superaquecida. Ela então passa por um gerador de vapor, onde aquece um segundo circuito de água, este com menor pressão.

É o vapor gerado neste segundo circuito que move as turbinas responsáveis pela propulsão do submarino e pela geração de eletricidade para todos os sistemas a bordo.

Por que a comida acaba antes do combustível nuclear

Apesar da longevidade do combustível, o fator que realmente limita o tempo de uma missão submersa é humano. A comida é consistentemente apontada como a “mercadoria mais volumosa” e o principal gargalo logístico. Os suprimentos frescos duram apenas algumas semanas, e o resto da viagem depende de alimentos congelados, secos e enlatados.

Além da comida, a resistência da tripulação é um fator crítico. A vida a bordo é extremamente desafiadora, com longas jornadas de trabalho, privação de sono e o confinamento constante. Fontes descrevem a rotina como “horrível e sugadora de vida”, o que impõe um limite natural à duração das patrulhas, independentemente da capacidade do reator.

EUA vs. Brasil, duas filosofias diferentes para a propulsão nuclear

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A comparação entre o submarino da classe Virginia e o futuro Álvaro Alberto revela duas abordagens estratégicas distintas. A filosofia americana, usando Urânio Altamente Enriquecido (HEU), prioriza a máxima autonomia operacional e a permanência estendida no mar, garantindo uma presença global constante.

A filosofia brasileira, por sua vez, foca na autossuficiência tecnológica e no alinhamento com as políticas de não proliferação, optando pelo Urânio de Baixo Enriquecimento (LEU). Essa escolha demonstra o domínio completo do Brasil sobre o ciclo do combustível, um objetivo estratégico de longo prazo, mesmo que isso signifique uma menor autonomia do núcleo do reator em comparação com a potência americana.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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