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O que há no lado oculto da Lua? Amostras da missão Chang’e-6 da China revelam os primeiros sinais intrigantes

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 22/09/2024 às 09:55
O que há no lado oculto da Lua? Amostras da missão Chang'e-6 da China revelam os primeiros sinais intrigantes
Foto: Reprodução

Cientistas analisam amostras da Chang’e-6, revelando que o solo do lado oculto da Lua é “mais fofo” e diferente das amostras anteriores

Pela primeira vez na história, cientistas chineses revelaram novos e fascinantes detalhes sobre o lado oculto da Lua. As amostras coletadas pela missão Chang’e-6 trouxeram à Terra um tipo de material lunar nunca antes visto, significativamente diferente das rochas basálticas coletadas do lado visível. O que essa descoberta representa para a ciência espacial e o entendimento da evolução lunar?

Missão Chang’e-6

A missão Chang’e-6, parte do ambicioso programa espacial da China, foi a primeira a trazer amostras do lado oculto da Lua, coletadas na bacia do Polo Sul-Aitken — a maior, mais profunda e antiga bacia de impacto lunar.

Essa região misteriosa, constantemente voltada para longe da Terra devido à sincronização orbital da Lua, permaneceu inexplorada por décadas.

Foto: / Administração Espacial Nacional da China

O que foi revelado pelas amostras é uma mistura única de basaltos e materiais recém-ejetados, muito diferente das rochas vulcânicas anteriormente analisadas do lado visível.

A primeira análise dessas amostras foi publicada em menos de três meses após o retorno do material à Terra. Os cientistas do Laboratório Principal de Exploração Lunar e do Espaço Profundo da Academia Chinesa de Ciências (CAS) revelaram que as novas amostras contêm características surpreendentes.

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Em comparação com as amostras lunares anteriores, todas do lado visível desde a missão Apollo, em 1969, as novas amostras são significativamente mais porosas, mais soltas e contêm uma quantidade maior de partículas claras, como vidro e feldspato.

Diferenças entre os lados da Lua

Uma das principais descobertas dessa missão é a clara diferença entre as amostras dos lados visível e oculto da Lua. Enquanto as amostras do lado visível eram compostas principalmente de rochas vulcânicas basálticas, as do lado oculto apresentam uma composição mais complexa.

A densidade menor dessas amostras indica que elas são muito mais soltas e porosas, sugerindo que o solo lunar no lado oculto é diferente em sua natureza.

Os pesquisadores acreditam que essas diferenças podem ter surgido devido à escolha do local de coleta e à frequência de impactos que o lado oculto sofre.

Como o lado mais distante da Lua está sempre voltado para longe da Terra, ele é constantemente bombardeado por mais impactos de meteoritos e outros corpos celestes. Isso pode ter contribuído para a mistura de materiais na superfície, incluindo solo lunar mais profundo exposto pelos impactos.

Além disso, o local de pouso na bacia do Polo Sul-Aitken é particularmente interessante para os cientistas. Acredita-se que essa bacia, sendo uma cratera de impacto profunda, oferece acesso a amostras de solo vindas de camadas mais profundas da crosta lunar, algo que as missões anteriores do lado visível não conseguiram alcançar.

A importância científica das amostras

Foto: Xinhua

A equipe responsável pelas amostras da missão Chang’e-6 considera esse material altamente significativo para o avanço da pesquisa científica. Segundo os cientistas, essas amostras oferecem uma oportunidade única de estudar a história do vulcanismo no lado oculto da Lua e obter insights sobre a crosta lunar das terras altas.

Fragmentos não basálticos podem ainda fornecer pistas valiosas sobre derretimentos de impacto e, possivelmente, até mesmo sobre o manto lunar profundo.

Essas descobertas ampliam nosso entendimento sobre a evolução geológica da Lua e lançam luz sobre as diferenças fundamentais entre os dois lados do satélite.

Segundo os pesquisadores, amostras do lado visível, coletadas por missões anteriores, não capturam toda a diversidade geológica da Lua. Portanto, o estudo de ambos os lados da superfície lunar é essencial para uma compreensão mais completa da origem e evolução do satélite natural da Terra.

Impactos na ciência planetária

A coleta de amostras lunares naturais tem desempenhado um papel crucial na pesquisa científica planetária. Cada nova amostra recuperada melhora o conhecimento existente sobre a Lua e seu papel na evolução do sistema solar.

Em 2021, por exemplo, os cientistas descobriram que a missão Chang’e-5 recuperou as rochas mais jovens já encontradas na Lua, formadas a partir de magma vulcânico há aproximadamente 2 bilhões de anos. Atualizando as informações das missões Apollo, que sugeriam que o magmatismo lunar havia cessado há cerca de 3 bilhões de anos.

As amostras da Chang’e-6 podem trazer ainda mais atualizações ao conhecimento científico, fornecendo dados fundamentais para futuras pesquisas sobre a evolução inicial da Lua, seu campo magnético e as diferenças entre os lados visível e oculto.

As amostras coletadas pela missão Chang’e-6 representam um marco na exploração lunar e no avanço da ciência planetária. A pesquisa em andamento, ainda em fase inicial, pode revolucionar nossa compreensão não só da Lua, mas também da formação e evolução do sistema solar como um todo.

Cientistas de todo o mundo estão aguardando ansiosamente as próximas análises, que poderão oferecer novas teorias e conceitos sobre a origem do nosso satélite natural.

Essa missão marca um passo significativo para a China na liderança da exploração espacial e destaca a importância da cooperação internacional no avanço da ciência lunar e planetária. A Lua ainda guarda muitos segredos, e cada nova amostra nos aproxima um pouco mais de desvendar seus mistérios.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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